Mudanças climáticas agravam insegurança alimentar, diz pesquisadora
Há consequência direta no aumento do preço dos alimentos, o que agrava a dificuldade de acesso a uma alimentação adequada
A relação entre as mudanças climáticas e o agravamento da fome foi destaque no 6º Encontro Nacional de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, realizado nesta semana na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O evento, que termina nesta sexta-feira (13/9), reuniu especialistas para discutir como fenômenos como a insegurança hídrica impactam o acesso da população brasileira à alimentação saudável.
Rosana Salles da Costa, coordenadora do evento e professora do Instituto de Nutrição Josué de Castro, destacou que a segurança alimentar está profundamente conectada a questões como o acesso à água, que vem sendo prejudicado pelas mudanças climáticas e queimadas. “Com a escassez de água, tanto em quantidade quanto em qualidade, muitas áreas de cultivo, responsáveis por boa parte dos alimentos consumidos no país, estão sendo afetadas”, explicou à Agência Brasil.
AUMENTO DO PREÇO DOS ALIMENTOS
Além dos impactos ambientais, Rosana ressaltou que as mudanças climáticas têm uma consequência direta no aumento do preço dos alimentos, o que agrava a dificuldade de acesso a uma alimentação adequada. “Quando o plantio de alimentos é comprometido, os preços inevitavelmente sobem. É crucial debater políticas públicas que ajudem a mitigar esses efeitos e enfrentar as dificuldades relacionadas à segurança alimentar”, enfatizou, destacando a necessidade de uma ação coordenada entre os governos federal, estaduais e municipais.
DESIGUALDADE E INSEGURANÇA ALIMENTAR
Organizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), o encontro também abordou a relação entre a fome e as desigualdades sociais. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua de 2023, 10,8% dos lares chefiados por mulheres convivem com insegurança alimentar moderada ou grave, enquanto entre os lares liderados por homens, essa taxa é de 7,8%. Famílias negras e pardas estão entre as mais afetadas, representando 74,6% dos domicílios em situação de insegurança alimentar grave.
Rosana enfatizou a vulnerabilidade dos lares chefiados por mulheres negras. “Esse grupo é historicamente o mais impactado, e isso tem sido amplamente discutido no evento. Os pesquisadores estão propondo políticas públicas urgentes para aliviar essa realidade”, afirmou.
NOVAS FERRAMENTAS PARA COMBATER A FOME
Durante o evento, foram apresentados dados preliminares de pesquisas conduzidas pela Rede Penssan, com apoio do aplicativo VIGISAN, desenvolvido para facilitar a coleta de dados em grupos vulneráveis. Outra inovação lançada foi a plataforma FomeS, que reúne dados sobre mudanças climáticas, insegurança alimentar e nutricional, com apoio do Ministério da Saúde (MS) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O encontro contou com o patrocínio do Ministério da Saúde, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
*Com informações da Agência Brasil
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