Morte de Gugu reacende debate sobre doação de órgãos; você sabe como fazer?
Morte de Gugu reacende debate sobre doação de órgãos; você sabe como fazer?
A morte do apresentador Augusto Liberato, o Gugu, aos 60 anos, reacendeu um alerta: a discussão - e as dúvidas - em torno da doação de órgãos. “Quais podem ser doados?” e “como faço para ser doador(a)?” são alguns dos questionamentos.
No caso de Gugu, a família atendeu a um pedido do próprio: que todos os seus órgãos fossem doados. Isso só foi possível porque ele teve morte encefálica, ou seja, perdeu completamente as funções cerebrais. Após a parada cardiorrespiratória é que pode ser realizada a doação de tecidos (córnea, pele e musculoesquelético, por exemplo), conforme estabelece a Lei 9.434.
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Bom, para ser doador(a) é simples. Basta informar sobre tal desejo aos seus familiares. É preciso deixar claro que eles devem autorizar a doação, pois, não há, pela legislação brasileira, como garantir efetivamente a vontade do doador. Contudo, de acordo com o Ministério da Saúde (MS), observa-se que, na maioria dos casos, quando a família tem conhecimento, o desejo é respeitado.
A cirurgia para a retirada dos órgãos do apresentador ocorreu na madrugada do último domingo (24/11) e durou mais de seis horas. Não foi possível doar para pacientes que estivessem no Brasil por questões de distância e tempo de conservação, mas, cerca de 50 pessoas que vivem nos Estados Unidos (EUA), onde Gugu faleceu, serão beneficiadas.
Para que não restem dúvidas quanto à sua escolha, a estudante Ana Luiza, de apenas 20 anos, foi criativa e tatuou, acima do peito esquerdo - ou, como prefere, “em cima do coração” -, a seguinte frase: “sou doadora de órgãos”.
A tatuagem foi vista com admiração por pessoas mais próximas e a estudante chegou a estampar uma campanha de doação de órgãos para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de uma amiga, que estava se formando em Publicidade e Propaganda.
“Acho muito egoísmo não doar. Cresci com meus pais falando: ‘quando eu morrer, doe tudo”, disse ao Aratu On. Além disso, outro fato na vida da mulher reforçou a solidariedade: seu padrinho faleceu em decorrência de complicações renais e, se tivesse feito um transplante em tempo hábil, talvez a história tivesse outro desfecho.
Foi por ele, também, que ela cogitou fazer uma doação em vida. “A única vez que pensei profundamente sobre isso foi com meu padrinho e não havia mais tempo porque ele acabou se enfraquecendo mais ainda por conta de falhas em outros órgãos, inclusive coração”, explicou.
DOAÇÃO EM VIDA
Existem dois tipos de doadores: o falecido, paciente com morte encefálica, geralmente vítima de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral), e o vivo. Neste caso, pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. É possível doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão.
Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores, caso compatíveis. E foi justamente da família que veio a esperança para o representante de vendas Marcelo Caldas, hoje com 55 anos. Depois de confirmada a compatibilidade, seu irmão, Sérgio, doou-lhe um dos rins, em 2009.
“Tinha hipertensão e não sabia. Quando descobri, fiquei muito tempo tomando remédio, mas chegou uma época que não faziam mais efeito e os rins não funcionavam mais, até que precisei fazer hemodiálise. Três vezes por semana, quatro horas por dia, até o transplante”, lembrou.
Mesmo com a doação “direta”, Marcelo aguardou quase um ano pela cirurgia. Por conta dos “muitos exames”, tanto para ele como para o irmão, e por ter feito todo o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Precisei esperar pela regulação, vaga em hospital… Mas graças a Deus estou bem. Nasci de novo!”.
Por se considerar “um milagre”, o representante de vendas sinaliza, sempre que pode, a importância da doação de órgãos. “Faço campanha para pessoas próximas, porque é muito importante salvar vidas. Sou exemplo disso. Já tem dez anos que fiz a cirurgia”.
Seu irmão morreu cerca de dois anos após o transplante, mas a morte não teve relação com o fato de viver apenas com um rim. “Na época da cirurgia ele tinha ótimas condições de saúde, mas depois foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) [doença que afeta o sistema nervoso de forma degenerativa e progressiva]”, explicou Marcelo, que hoje está bem e “tocando a vida”, fazendo revisões médicas a cada seis meses.
Vale destacar que o doador vivo pode não ser parente, mas só com autorização judicial.
COMO FUNCIONA
De acordo com informações do MS, os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Depois de retirado, cada órgão tem um tempo específico para ser transplantado, chamado de “tempo de isquemia”. A lista abaixo demonstra o tempo de isquemia aceitável para alguns.
Confira:
Coração - 4 horas
Pulmão - 4 a 6 horas
Rim - 48 horas
Fígado - 12 horas
Pâncreas - 12 horas
Córneas, tecidos e a pele - o maior órgão do corpo humano - também podem ser doados.
SUCESSO
Ainda conforme o referido ministério, o Brasil é referência mundial na área de transplantes e possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Atualmente, cerca de 96% dos procedimentos de todo o país são financiados pelo SUS. Em números absolutos, o é o segundo maior transplantador do planeta, atrás apenas dos EUA. Os pacientes rtambém recebem assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante.
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