Maria Selma: corregedoria vê indícios de irregularidades envolvendo namorado da delegada, que é novamente afastada
É o segundo afastamento de Maria Selma neste ano. No dia 25 de fevereiro, ela recebeu a decisão, que valeria por 30 dias, mas foi prorrogada.
A delegada Maria Selma Pereira Lima, investigada desde setembro de 2020 por supostas irregularidades na função, foi afastada por mais 60 dias por conta de um processo administrativo disciplinar. Apurações da Corregedoria do órgão confirmaram os indícios de favorecimento ilegal e fraudes a favor de Pedro Ivan Matos Damasceno e outro rapaz, de iniciais C.A.F.A. O primeiro é apontado como então namorado da delegada.
É o segundo afastamento de Maria Selma neste ano. No dia 25 de fevereiro, ela recebeu a decisão, que valeria por 30 dias, mas foi prorrogada. O novo texto foi publicado no Diário Oficial da Bahia no dia 25 de março pela delegada-chefe Heloísa Campos de Brito. Segundo a informação, Selma alterou, de forma fraudulenta, fatos noticiados por policiais militares na 16ª Delegacia Territorial (DT/Pituba) para beneficiar Pedro e o outro rapaz, suspeitos de tentar furtar um veículo, modelo Uno. Além disso, eles estavam em posse de um carro clonado, uma Strada.
Para não serem conduzidos à 16ª DT, os dois ofereceram R$ 1.600 aos policiais, mas os agentes não aceitaram o suborno. O inquérito descobriu que a então titular da 16ª DT acusou os policiais militares de extorsão, sem comprovação alguma, além de tentar liberar da delegacia a Strada clonada, com documentos falsos da proprietária, que jamais compareceu à 16ª DT e não teve seu carro roubado ou furtado.
Ainda de acordo com o Diário Oficial da Bahia, a "servidora instaurou, de forma fraudulenta, o inquérito policial nº 256-A, mas não concluiu, tampouco remeteu ao Ministério Público e a suposta extorsão não foi comunicada à Corregedoria da PM", como é de praxe nestes tipos de casos em todas as delegacias do país. Os fatos ocorreram em 2016, mas só chegaram ao conhecimento da Corregedoria em junho de 2020.
Caso as acusações sejam confirmadas, Maria Selma será enquadrada em diversas infrações disciplinares. Algumas delas são: valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem; lançar intencionalmente em livros e registros oficiais dados errôneos, incompletos ou que possam induzir em erro, bem como inserir neles anotações estranhas à sua finalidade; praticar ato definido como infração penal que, por sua natureza e configuração, torne-o incompatível para o exercício da função policial e valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública. Conforme o artigo 192 da da Lei Estadual nº 6.677/1994, a servidora pública pode ser demitida.
DENÚNCIA, DEFESA E VÍDEO
As supostas práticas irregulares de Maria Selma foram denunciadas pela também delegada Carla Ramos ao Grupo de Apoio Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco) por meio de um documento.
"Estou aqui em respeito a vocês, meus 12 mil seguidores, para dizer que essas calúnias foram inventadas por essa delegada, que foi presa recentemente por tortura [está se vingando], e por esses quatro investigadores que eu tirei da delegacia de veículos [Delegacia de Repressão a Furto e Roubo de Veículos - DRFRV], porque estão respondendo, tanto na Corregedoria, quanto na Justiça, por extorsão. Então, gente, eu vou processar todos", disse Maria Selma em um vídeo publicado nas redes sociais assim que o caso se tornou público.
Durante o transcorrer das investigações, um vídeo disseminado nas redes sociais mostrou um rapaz, sentado na parte traseira de uma viatura da Polícia Militar, pedindo dinheiro para uma mulher. A pessoa do outro lado da linha seria Maria Selma, mas a defesa dela negou. Não há detalhes sobre quando o arquivo foi gravado, mas o rapaz que aparece solicitando R$ 4 mil no telefonema seria Pedro Ivan Matos Damasceno.
O documento, no mesmo trecho, sustenta que Selma usava as dependências da unidade policial para "supostamente cooptar meliantes para integrar a organização criminosa, usando o falso policial civil Claudio Marco Veloso Silva e Pedro Ivan como intermediários". Enquanto está afastada, a delegada continua recebendo seus proventos.
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