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Maqueila "171": estelionatária mais conhecida da Bahia volta a aplicar golpes, desta vez em advogados, do presídio

Natural do município de Pojuca, na Região Metropolitana de Salvador, Maqueila já foi tema de reportagem do Aratu On por conta da grande quantidade de golpes já deu.

Por Jean Mendes

Maqueila "171": estelionatária mais conhecida da Bahia volta a aplicar golpes, desta vez em advogados, do presídio  Créditos da foto: leitor/Aratu On

Maqueila Bastos, uma das estelionatárias mais conhecidas da Bahia, agora está aplicando golpes em advogados. Ou pelo menos tentando. A informação foi dada nesta terça-feira (25/10), pelo advogado criminalista Marcus Rodrigues, que recebeu uma ligação da mulher. 


Ela, inclusive, está presa no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador, desde o mês de agosto, suspeita de praticar um golpe contra uma empresa de cabelos naturais localizada no Centro. Ela se apresentou no dia 4.


De acordo com Rodrigues, a estelionatária se vale do seu nome, conhecido no meio criminal da Bahia, para convencer os advogados. Maqueila é investigada também por suposta participação na morte do empresário Leandro Troesch, em uma pousada de luxo no município de Jaguaripe, a 110 km de Salvador. 


"O modus operandi [modo de agir] funciona da seguinte forma: ela entra em contato com os advogados e informa que é Maqueila Bastos. Ela diz que tem empresas com contratos com prefeituras e demonstra interesse em outorgar os poderes ao advogado. Ela pede ao profissional que vá ao presídio e assina procurações e contratos com valores altos", explicou, durante entrevista ao Aratu On


Marcus Rodrigues ainda detalhou que o golpe - ou a tentativa - acontece logo depois das assinaturas. "Maqueila, então, fala para o advogado que, por estar presa, não consegue movimentar seu dinheiro. A partir daí, pede um valor emprestado ao advogado", completou.


Outro profissional do Direito também foi ouvido pela reportagem do Aratu On. Sob a promessa que não seria identificado, ele relembrou o momento em que ficou frente a frente com Maqueila, após receber o contato no WhatsApp. 


"Ela me mandou uma mensagem, dizendo que era Maqueila, que queria falar sobre o processo dela. No presídio, me disse que estava construindo um posto de combustíveis e que precisava de um advogado para fazer o intermédio com um engenheiro, que receberia R$ 8 mil. Falei para ela que não trabalhava assim", denunciou. 


Ainda de acordo com o segundo advogado ouvido pela reportagem, percebendo que não enganaria o rapaz, a estelionatária pediu R$ 180, que deveria ser transferido para a conta da mãe dela. "Me falou que não estaria brincando com aquilo, que precisava do dinheiro. Percebi que era golpe e fui embora", destacou. 


A classe acredita que mais de nove advogados tenham sido contatados por Maqueila Bastos. "Uma pessoa deu R$ 3 mil para ela", salientou Marcus Rodrigues. "Quando ela me ligou, eu disse: 'Como você está me ligando da cadeia?'", relembrou ele, que não caiu na conversa da estelionatária.


A reportagem do Aratu On tentou contato com a defesa de Maqueila Bastos, mas não tinha obtido resposta até a publicação desta matéria. 


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QUEM É MAQUEILA BASTOS



Natural do município de Pojuca, na Região Metropolitana de Salvador, Maqueila já foi tema de reportagem do Aratu On por conta da grande quantidade de golpes já deu. Há pouco mais de um ano, em 2021, a estelionatária foi presa pela 6ª Delegacia Territorial (DT/Brotas), em Salvador.


LEIA MAIS: 'Maqueila 171': baiana que já teve trânsito na ALBA é suspeita de aplicar golpes em empresas, motoristas e policiais 


 


GOLPES DE MAQUEILA


Um dos golpes famosos de Maqueila é se apropriar de veículos utilizados por pessoas que fazem corrida por aplicativo. Depois, esses carros são repassados por um valor abaixo do mercado. Desesperada, uma das vítimas chegou a procurar a reportagem do Aratu On e detalhou como "caiu no papo" da golpista. Foi a partir daí que vítimas, incluindo policiais e servidores do Exército Brasileiro, apareceram.  


O golpe funcionava assim: Maqueila solicitava o aplicativo (geralmente o Uber) e, durante a corrida, se apresentava para o motorista como uma funcionária da Prefeitura de Pojuca - sua terra natal -. Ela dizia que a gestão municipal pagaria R$ 5 mil mensais somente pelo aluguel do automóvel, sem motorista.


A "conversa" de Maqueila para conseguir dar o golpe era muito bem arquitetada. Ela argumentava para os trabalhadores que precisa ficar com o veículo para a instalação de um rastreador. Mas. isso não acontecia sem que houvesse remuneração: ela pagava R$ 500 como "adiantamento" pelo negócio já no primeiro encontro.


Com o carro em mãos, sumia e nunca mais era vista. Esse tipo de ação é prevista no Código Penal Brasileiro como apropriação indébita. Diferente do furto, o automóvel subtraído do dono não fica no sistema das Polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal, com restrição. Ou seja, ele pode circular livremente.


Uma vez, quando foi presa, a mulher estava com um carro de luxo, modelo Compass. Segundo a delegada Francineide Moura, o automóvel pertencia a uma locadora de Minas Gerais. O carro estava com a placa adulterada e restrição de roubo.


E ela também já mexeu com política: trabalhou no gabinete da então deputada estadual Maria Luiza Laudano, que também exerceu o cargo de prefeita entre os anos de 1977 e 1983. Foi exonerada no Diário Oficial da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba).


 


CRIME NA POUSADA 


Maqueila é ainda suspeita de participação na morte do empresário Leandro Troesch, em uma pousada de luxo no município de Jaguaripe.



 


Na época, a Justiça decretou a prisão temporária dela e de Shirley da Silva Figueiredo - esposa de Leandro e investigada, já que foi a única pessoa que estava próxima do empresário quando ele morreu -, no dia 14 de março. Maqueila e Shirley eram namoradas.


Oficialmente, o delegado não pode confirmar, mas a equipe de reportagem do Aratu On apurou que, entre os anexos do inquérito, está uma carta romântica escrita de próprio punho por Maqueila, jurando amor à então esposa de Leandro. Com isso, a Polícia Civil quer provar que ambas mantinham um caso e, como o empresário não aprovava, acabou executado.


Maqueila conheceu a esposa de Leandro anos atrás, após as duas ficarem presas no Complexo Penitenciário da Mata Escura.


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