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'Maqueila 171': baiana que já teve trânsito na ALBA é suspeita de aplicar golpes em empresas, motoristas e policiais 

'Maqueila 171': baiana que já teve trânsito na ALBA é suspeita de aplicar golpes em empresas, motoristas e policiais 

Por Jean Mendes

'Maqueila 171': baiana que já teve trânsito na ALBA é suspeita de aplicar golpes em empresas, motoristas e policiais arquivo/Aratu On

Uma mulher, dezenas de golpes e 171 motivos para contar a história de Maqueila Santos Bastos. A quantidade de justificativas é uma referência no Código Penal ao crime que, segundo suas próprias vítimas, ela pratica com maestria: o estelionato. São carros, celulares, móveis e dinheiro que a jovem, de apenas 29 anos, parece conseguir sem muito esforço, apenas com sua criatividade, usada para o mal, e muita lábia. Mas todo enredo em que o crime prevalece sempre tem um fim, e com ela não foi diferente: a mulher foi presa, segundo anunciou nesta quarta-feira a titular da 6ª Delegacia Territorial (DT/Brotas), Francineide Moura. 


Uma das "modas" de Maqueila é se apropriar de veículos utilizados por pessoas que tentam conseguir o pão de cada dia trabalhando por aplicativo. Depois, esses carros são repassados por um valor abaixo do mercado. Desesperada, uma das vítimas procurou a reportagem do Aratu On, no mês de fevereiro, e detalhou como "caiu no papo" da mulher. Foi a partir daí que vítimas, incluindo policiais e servidores do Exército Brasileiro, apareceram.  


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O golpe funciona assim: a jovem solicita o aplicativo (geralmente o Uber) e, durante a corrida, se apresenta para o motorista como funcionária da Prefeitura de Pojuca - sua terra natal -. Diz que a gestão municipal paga R$ 5 mil mensais somente pelo aluguel do automóvel, sem motorista. A proposta soa tentadora para alguém que terá de batalhar muito para levantar essa quantia trabalhando pelo aplicativo. É aí que o sujeito passa de condutor para vítima. 


A "conversa" de Maqueila para conseguir o bem também é muito bem arquitetada. Ela argumenta para os trabalhadores que precisa ficar com o veículo para a instalação de um suposto rastreador. Mas isso não acontece sem que haja remuneração: ela paga R$ 500 como "adiantamento" pelo negócio já no primeiro encontro. Com o carro em mãos, some e nunca mais é vista. Esse tipo de ação é prevista no Código Penal Brasileiro como apropriação indébita. Diferente do furto, o automóvel subtraído do seu dono não fica, no sistema das Polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal, com restrição. Ou seja, ele pode circular livremente. 


Durante a prisão anunciada nesta quarta, a mulher estava com um carro de luxo, modelo Compass. Segundo a delegada Francineide Moura, o automóvel pertencia a uma locadora de Minas Gerais. O carro estava com a placa adulterada e restrição de roubo. 


POLÍTICA 


Muito famosa pelos crimes em Pojuca, um pequeno município na Região Metropolitana de Salvador, Maqueila já circulou pelo meio político. Trabalhou no gabinete da então deputada estadual Maria Luiza Laudano, que também já exerceu o cargo de prefeita entre os anos de 1977 e 1983. Foi exonerada no Diário Oficial da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Já Laudano tentou se reeleger em 2016 para a Prefeitura de Pojuca pelo Partido Social Liberal (PSL), mas acabou sofrendo uma derrota apertada, por menos de 700 votos de diferença para o atual gestor, Duda Leite (PSDB). 


GOLPE DO CELULAR 


Maqueila Santos Bastos também pode ter outros nomes. Durante as investigações, a reportagem do Aratu On entrevistou vítimas, policiais e advogados. Descobriu, também, pelo menos um nome falso e um apelido que a pojucana utiliza no momento em que se apresenta para suas possíveis vítimas: Yasmin e "Kika". Também por isso a ficha criminal dela nas delegacias baianas pode ser mais extensa que as nove páginas que obtivemos. Somente esse documento (que não pode ser publicado) mostra outras formas de ação da estelionatária. Duas delas já são bem conhecidas, mas que ainda fazem dezenas de vítimas. 


O primeiro golpe é chamado de falso depósito e tem como alvo anunciantes de celulares da marca Apple, que utilizam um famoso site de vendas para oferecer o produto. Maqueila entra em contato com a pessoa e marca um encontro em um local de grande circulação, para pegar o aparelho. Nesse momento, ela já depositou na conta da vítima um envelope vazio, mas informou no caixa eletrônico o valor da venda. Ela se vale da boa fé do vendedor, que sequer confere o extrato. Somente no primeiro dia útil, quando envelope vazio é compensado, é que ele percebe que foi enganado. E aí já é muito tarde: a jovem já desapareceu com o celular em mãos. 


Se a pessoa desconfia e só entrega depois da compensação, Bastos some da mesma forma. Os enganados ou não geralmente procuram a 16ª Delegacia Territorial, localizada no bairro da Pituba (que cobre a área dos shoppings onde os encontros presenciais ocorrem), para registrar o golpe. 


Antes da prisão desta semana, Maqueila tinha sido detida por uma equipe da 16ª DT no início de janeiro deste ano. Com ela e outra mulher, os policiais encontraram um carro de luxo em nome de um homem. Como foi achada no bairro de Patamares, a jovem foi apresentada na 9ª Delegacia Territorial, na Boca do Rio. Além da 16ª, 9ª e 6ª DTs, a suspeita já passou pela 10ª e 14ª Delegacias, todas na capital baiana. Agora, ela está à Disposição da Justiça.


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