Lista tríplice de sugestões do STF para vaga no TSE tem mulher negra do interior da Bahia apadrinhada por Joaquim Barbosa
Vera Lúcia tem 62 anos e nasceu em Livramento de Nossa Senhora, a 658 km de Salvador. Neta de lavadeira e filha de professora, ela foi para Brasília, aos 18 anos, para estudar.
Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) elaborou nesta quarta-feira (4) a lista tríplice que será enviada ao presidente Jair Bolsonaro (PL) para uma vaga de ministro substituto do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). os nomes escolhidos foram André Ramos Tavares, que recebeu 9 votos, Fabrício Medeiros, com 8 votos, e Vera Lúcia Santana de Araújo, 7 votos. Essa última é baiana e, primeira mulher negra a constar em uma lista tríplice para o TSE.
Bolsonaro é obrigado a seguir o número de votos da lista tríplice, podendo escolher qualquer um dos três candidatos, e também não tem prazo para fazê-lo, podendo deliberar até depois das eleições, se quiser. A advogada Rogéria Dotti, que estava na lista dos candidatos entregues pela Corte Eleitoral, recebeu 4 votos. A advogada Marilda Silveira, que não estava na lista, recebeu um único voto.
André Ramos Tavares, o mais votado, é considerado o mais ponderado. Segundo o Uol, em 2018, o professor e advogado elaborou um parecer em defesa da derrubada da inelegibilidade do ex-presidente Lula (PT).Em segundo lugar na lista ficará o advogado Fabrício Medeiros, que tem experiência na Justiça Eleitoral. Ele, porém, enfrenta uma dificuldade que pode pesar na escolha pelo Planalto: é apadrinhado por Alexandre de Moraes, um dos principais alvos de críticas do presidente no Supremo.
BAIANA
A advogada Vera Lúcia Santana de Araújo, que ficou em terceiro na lista tríplice, contou com o apoio do ex-ministro Joaquim Barbosa, que presidiu o Supremo entre 2012 e 2014. Ainda segundo o Uol, ele procurou ex-colegas da Corte nos últimos dias para chancelar o nome de Vera.
Vera Lúcia tem 62 anos e nasceu em Livramento de Nossa Senhora, a 658 km de Salvador. Neta de lavadeira e filha de professora, ela foi para Brasília, aos 18 anos, para estudar.
Em entrevista ao "Correio Braziliense" em novembro de 2019, Vera contou que o trabalho da avó garantiu a possibilidade de seguir com os estudos. "Como ela foi lavadeira de famílias importantes, conseguiu espaço para que minha mãe estudasse e, depois, nós também. Naquele tempo e em uma cidade pequena, a escola era só para os brancos." Em Brasília, decidiu prestar vestibular para Direito e foi aprovada no UniCeub.
Na faculdade, Vera se aproximou do movimento estudantil durante a ditadura militar e fez estágio na Defensoria Pública.E ntre as funções públicas que ela já exerceu está a de secretária-adjunta de Igualdade Racial do Distrito Federal e diretora-executiva da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap), também no Distrito Federal, na gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB).
Se Vera Lúcia for escolhida, ela será a única mulher ocupando lugar na instância jurídica máxima da Justiça Eleitoral brasileira. Atualmente, o tribunal tem sete ministros e todos são homens. Apenas o ministro Benedito Gonçalves é negro.
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