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LAVA JATO: ‘Os 200 da Odebrecht’ e um filme de terror com DRÁCULA, PASSIVO, AVIÃO E NERVOSINHO

LAVA JATO: ‘Os 200 da Odebrecht’ e um filme de terror com DRÁCULA, PASSIVO, AVIÃO E NERVOSINHO

Por André Uzêda

LAVA JATO: ‘Os 200 da Odebrecht’ e um filme de terror com DRÁCULA, PASSIVO, AVIÃO E NERVOSINHOLista da Odebrecht que políticos aparecem citados no documento

Se é bem verdade que, há algum tempo, as operações da Polícia Federal reivindicam o monopólio criativo do país, documentos recentemente trazidos à baila, por obrigatoriedade e justiça, zeram a contagem desta engenhosa produção.


A safra é boa. E tem sido mantida com o melhor fertilizante que se tem notícia: a produção intestina de escândalos políticos resultante dos desfalques em empresas públicas ? despejadas, sem cerimônia, nas privadas.


Pois sim. A operação Lava Jato completou dois anos semana passada. Entre suas 26 fases recém-completas, algumas acompanham nomes fatalistas, outras seguem orientação erudita e, na raspo do tacho da feira, há espaço, até, para o humor imberbe.


Talvez você nem se lembre, no entanto, a sétima fase da operação (deflagrada em novembro de 2014) foi batizada de ?Juízo Final? (fatalista). A 14ª fase, em junho passado que prendeu Marcelo Odebrecht, foi chamada de ?Erga Omnes? ? do latim: Vale para todos (numa erudição que faria despertar o germe da inveja em Machado de Assis).


Para o humor juvenil não faltam referências em Pixuleco, Pixuleco II, Aracajé e Xêpa.


Com esta gama de epítetos bem elaborados, a PF nadava de braçada em busca do recorde olímpico na modalidade ?bullying institucional? free stlye. Não contava, porém, que do outro lado da raia, imerso em águas turvas, seu maior investigado se transformaria em um profícuo concorrente.


Após os federais cumprirem mandados da última fase da operação, nesta quarta-feira (23/3), com a fúria de um submarino soviético, uma possível lista de polpudos pagamentos a políticos furou a mansa superfície –? todos os citados, porém, negam envolvimento no suspeito esquema.


Ao lado dos nomes daqueles acusados de receber repasses constam apelidos, digamos assim, ?popularmente zombeteiros?.


É o ‘apelido arte’, o ‘apelido sem compromisso’, o ‘apelido moleque’, que foge ao cientificismo meticuloso dos federais.


Vamos aos exemplos.


A deputada federal Manuela D?Ávila (PCdoB, do Rio Grande do Sul), por exemplo, tem o apelido de ?avião?. Uma menção óbvia a suas curvilíneas formas que a fazem se destacar no altiplano da política nacional.


O deputado estadual Marcelo Nilo, presidente da Assembleia da Bahia, recebe o codinome de ?Rio?. Um trocadilho fácil entre seu sobrenome e o afluxo d?água que serve de dádiva aos egípicios desde priscas eras. Pirâmide da comunicação baiana, o radialista Mário Kértez (PMDB), que concorreu à prefeitura de Salvador em 2012, aparece como  ?Roberval?.


Uma provável referência ao personagem Roberval Taylor, um jocoso radialista que ganhou vida na genialidade do humorista Chico Anysio.


O imortal José Sarney (PMDB), nomeado pela Academia Brasileira de Letras, recebe a alcunha de ?Escritor? ? ainda não se sabe exatamente pelos seus rabiscos ainda inéditos ou pela quantidade de assinaturas em promissórias.


O petista Humberto Costa, alvo da operação Sanguessuga da Polícia Federal, em 2004, recebe o vulgo de ?Drácula?. O atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, é chamado de ?Nervosinho?. O peemedebista Jarbas Vasconcelos, de 74 anos, tem o cruel apelido de ?Viagra?. Imagina-se que pela idade, mas não descarta-se a hipótese de um vigor restaurado por uma mudança cromática (teria trocado os estimulantes ‘azuizinhos’ pelas ‘verdinhas’)


O ex-governador baiano Jaques Wagner é chamado de ?Passivo?. O incansável presidente do Senado, Renan Calheiros, é o ?atleta?. E Eduardo Cunha, presidente da Câmara, é ?Caranguejo? –? especula-se que por está bem adaptado (alô, Darwin!!) ao mangue que se tornou a política nacional.


Diante do badalado talento dos investigados presume-se até que a Lava Jato se tornou uma batalha pela prerrogativa de apelidar. Duas escolas que se confrontam no livre ofício do batismo informal.


Um enredo de terror até o país ser efetivamente passado a limpo, e livre dos Dráculas, Caranguejos, Passivos, Rios e Atletas.


Só assim, quem sabe, poderemos, finalmente, apelidar o Brasil de ?lugar melhor?.


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