Intolerância política: líder do PT em Foz do Iguaçu é assassinado no próprio aniversário
Os pré-candidatos à presidência, Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT), também se manifestaram sobre o ocorrido, lamentando o episódio.
A intolerância política pode ter sido a justificativa para um crime em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. O guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Aloizio de Arruda, de 50 anos, morreu na madrugada deste domingo (10/7), após ser baleado por um apoiador de Bolsonaro na própria festa de aniversário, cuja temática era Lula e o Partido dos Trabalhadores.
Marcelo chegou a ser levado para o Hospital Municipal, mas não resistiu aos ferimentos. Ele deixa esposa e quatro filhos.
Segundo a Polícia Civil, quem atirou no aniversariante foi o policial penal federal Jorge Jose da Rocha Guaranho, que também morreu. Após ter sido ferido, Marcelo reagiu e atirou em Guaranho, que foi levado para um hospital e permanece sob custódia*. Ambos tinham porte de arma pelas suas profissões.
MOTIVAÇÃO
A corporação informou que houve uma discussão entre os dois, porém, mais detalhes não foram divulgados. Posteriormente, em entrevista à RPC, o secretário de Segurança Pública de Foz do Iguaçu, Marcos Antonio Jahnke, lamentou a morte e afirmou que as motivações do crime serão investigadas. "Pelo que a gente percebeu foi uma intolerância política", disse. O policial penal federal manifestava apoio a Bolsonaro nas redes sociais, como é possível ver na foto abaixo.
Imagem: reprodução/Facebook | print feito em 10/7/22
Por meio de nota, a Prefeitura de Foz do Iguaçu comentou que Marcelo Arruda era da primeira turma da Guarda Municipal, onde estava há 28 anos. Ele também era diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu (Sismufi).
"Agradecemos ao Marcelo Arruda por toda a sua dedicação e comprometimento com o Município, o qual nestes 28 anos de funcionalismo público defendeu bravamente, tanto atuando na segurança como na defesa dos servidores municipais. Desejamos à família, aos amigos e colegas de Marcelo força neste momento de dor", falou o prefeito Chico Brasileiro (PSD).
ANIVERSÁRIO TEMÁTICO
Tendo como tema o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a festa de aniversário de 50 anos de Marcelo Arruda acontecia na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu e reuniu amigos e familiares.
Segundo testemunhas, o policial penal Jorge Guaranho não era conhecido de ninguém na festa, tampouco foi convidado. Ao chegar ao local do aniversário, ele teria descido do carro, já armado, e gritando "Aqui é Bolsonaro!".
Guaranho chegou a apontar a arma para as pessoas presentes na festa, mas uma mulher que estava com ele, no carro, conseguiu convencê-lo a ir embora. Também havia um bebê no veículo.
Ainda de acordo com os relatos, antes de sair, o policial teria feito ameaças aos participantes do aniversário. Cerca de 20 minutos depois, voltou e disparou contra Marcelo, que revidou.
PT EMITIU NOTA
Neste domingo, o PT se pronunciou, em nota, reconhecendo a atuação de Arruda, que foi candidato a vice-prefeito de Foz do Iguaçu, pelo partido, em 2020.
"Cobramos das autoridades de segurança pública medidas efetivas de prevenção e combate à violência política, e alertamos ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal para que coíbam firmemente toda e qualquer situação que alimente um clima de disputa violenta fora dos marcos da democracia e da civilidade. Iniciativas nesse sentido foram devidamente apontadas pelo PT em várias oportunidades, junto ao Congresso Nacional, o Ministério Público e o Poder Judiciário", disse a legenda, no comunicado.
LULA E CIRO SE PRONUNCIAM: "DUAS FAMÍLIAS PERDERAM SEUS PAIS"
Os pré-candidatos à presidência, Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT), também se manifestaram sobre o ocorrido, lamentando o episódio. Lula disse que "duas famílias perderam seus pais" e também pediu "compreensão e solidariedade com os familiares de José da Rocha Guaranho, que perderam um pai e um marido para um discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável".
Imagem: reprodução/Twitter
Ciro, por sua vez,afirmou que "o ódio político precisa ser contido para evitar que tenhamos uma tragédia de proporções gigantescas", e se referiu à situação como "guerra absurda, sem sentido e sem propósito".
Imagem: reprodução/Twitter
O presidente Jair Bolsonaro (PL) não havia comentado sobre o caso até a publicação desta matéria.
*Inicialmente, foi informado que o atirador também tinha morrido, mas a informação foi corrigida pelas autoridades por volta das 17h deste domingo (10/7).
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