“Gato” de energia causa prejuízo de R$ 588 milhões; consumidor paga metade
“Gato” de energia causa prejuízo de R$ 588 milhões; consumidor paga metade
A quantidade de energia consumida de forma irregular por conta de gatos de energia, na Bahia, no ano passado, foi de 937 GWh (gigawatt/hora), o equivalente ao consumo dos municípios de Camaçari e Brumado juntos, por um ano. Se este número for somado à energia perdida em 2013, o total, 1.717 GWh, seria suficiente para atender durante cinco meses ao consumo total do município de Salvador. O levantamento foi feito pela Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba). Toda esta energia consumida irregularmente neste período (2013 e 2014) gerou uma perda de receita de R$ 588 milhões para a concessionária elétrica.
Fazendo um balanço sobre os números do ano passado, no estado, foram realizadas 535 mil ações em campo para redução das perdas comerciais. Salvador e a Região Metropolitana são responsáveis pelo maior número de ações realizadas. Foram 97 mil inspeções em 2014 e uma perda de receita equivalente a R$ 114,5 milhões para a empresa.
Devido aos altos números de irregularidades, foi lançada nesta quarta-feira (15) uma campanha publicitária contra as fraudes de energia elétrica. As peças têm caráter educativo e o cantor Pablo como garoto-propaganda. O objetivo é conscientizar a população sobre o prejuízo que ele causa à sociedade, sobre os riscos de segurança e fazer um lembrete: o gato de energia dá multa e é crime previsto no Código Penal, com pena de até quatro anos de detenção.
Consequências
As conseqüências do gato de energia vão além das perdas financeiras para concessionária. Envolvem ainda questões que impactam diretamente a sociedade, como segurança, qualidade do fornecimento de energia, preço da tarifa. As pessoas que fazem o gato correm sério risco de morte porque estão sujeitas a sofrer choque elétrico. Também correm risco de queda ao arriscar-se subir em postes. Como a ligação clandestina foge ao padrão e normas técnicas, há ainda o risco desta irregularidade provocar queda de cabos e fios expostos, causando risco à comunidade.
A qualidade do fornecimento de energia também fica comprometida uma vez que as fraudes provocam sobrecarga de energia e podem danificar eletrodomésticos. A Agência Nacional de Energia Elétrica prevê ainda que perdas comerciais decorrentes do gato também sejam repassadas para a tarifa de energia. Além disso, o gato de energia é crime estabelecido no artigo 155 do Código Penal, com pena prevista até quatro anos de prisão.
Combate
Um dispositivo de detecção de desvios embutidos de energia elétrica está sendo desenvolvido na Bahia. Trata-se de um equipamento eletrônico capaz de detectar fraudes embutidas em paredes ou pisos. O aparelho detecta campos magnéticos emitidos pelas correntes elétricas no interior dos condutores embutidos nas paredes ou pisos.
Detecta também modificações na estrutura do eletroduto por meios de ondas acústicas geradas pelo próprio aparelho. Protótipos do equipamento foram construídos e já estão sendo testados durante as inspeções realizadas pelos técnicos da empresa nas unidades consumidoras de Salvador.