Filha de desembargadora presa na Faroeste, cantora Amanda Santiago é investigada por movimentar R$ 8 milhões
Filha de desembargadora presa na Faroeste, cantora Amanda Santiago é investigada por movimentar R$ 8 milhões
A cantora baiana Amanda Santiago é uma das pessoas investigadas na Operação Faroreste, que realizou ações na Bahia e no Distrito Federal nesta segunda-feira (14/12). A residência da ex-timbaleira foi alvo de um cumprimento de busca e apreensão determinadas pela Justiça Federal.
Amanda é filha da desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago, presa há mais de um ano, suspeita de participar de uma organização criminosa responsável pela venda de sentenças judiciais, relacionadas com grilagem de terra no Oeste baiano. De acordo com a delação premiada de um dos acusados, o advogado Júlio César Cavalcanti Ferreira, a artista seria operadora financeira da mãe.
As investigações sugerem que Amanda movimentou uma quantia superior a R$ 8 milhões em um período que havia declarado renda de, apenas, R$ 1 mil. Além disso, a cantora teria realizado transferências de altos valores para a desembargadora, com cifras de até R$ 80 mil.
Em nota enviada à reportagem do Aratu On, a defesa de Maria do Socorro considerou que a medida adotada contra Amanda é parte de um cenário processual que já demonstra ausência de fundamento válido para a manutenção da prisão preventiva da desembargadora, e busca "inviabilizar o recurso que contesta a real necessidade de prorrogação de uma prisão cautelar que já ultrapassa um ano".
“Amanda Santiago é uma artista reconhecida na Bahia e nacionalmente como intérprete musical e jamais recebeu qualquer valor advindo de prática de crime, seja em nome próprio ou de sua mãe e possui rendimentos próprios fruto de sua carreira artística, sendo que, atualmente, diante da prisão de sua mãe, detém procuração para receber os rendimentos da magistradas e arcar com as respectivas despesas”, acrescentou a defesa.
Em contato com o Aratu On, Mariana Barreto Santiago, irmã da cantora, disse que a família vem sendo vítima de perseguição, por não existirem provas contra sua mãe e por ela não ter colaborado com qualquer tipo de delação. “O desespero deles não irá me calar. Não estão achando provas para justificar a prisão de minha mãe e nos ameaçaram, por recado, que se minha mãe não delatasse, uma de nós, filhas, seríamos alvo ou presa. Como ela irá delatar se não fez nada e não sabe se alguém fez?”, desabafou, sem querer citar nomes.
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Mariana informou, ainda, que o "operador" acusado, inicialmente, era o advogado Márcio Duarte Miranda, ex-genro da magistrada, mas por falta de provas foi necessário encontrar um novo "operador", Amanda Santiago, dificultando a liberação de Maria do Socorro, que poderia acontecer nesta quarta-feira (16/12), em audiência que estava marcada, mas acabou suspensa.
Em defesa da irmã, Mariana reforçou que todo valor ganho por Amanda é fruto de muito suor de uma cantora, e ela tem como provar. “O montante total que dizem, se for aquele, é referente a entradas e saídas de valores desde 1999, quando ela começou na banda Timbalada. Nunca se meteu com nada jurídico, nem muito menos foi “operadora” de minha mãe”.
FAROESTE
A Operação Faroeste foi deflagrada pelo MPF em novembro de 2019. O objeto inicial era a existência de suposto esquema de venda de decisões no Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) com o envolvimento de pelo menos quatro desembargadores.
O esquema criado por Adailton Maturino dos Santos – que passou a contar com a participação de magistrados – consistia na legalização de terras griladas no Oeste. Segundo o MPF, a organização conta, ainda, com laranjas e empresas para dissimular os benefícios obtidos ilicitamente. Há suspeitas de que a área objeto de grilagem supere os 360 mil hectares e de que o grupo envolvido na dinâmica ilícita tenha movimentado cifras bilionárias.
Delação da desembargadora Sandra Inês Moraes Ruscolelli Azevedo, assinada em maio de 2020, que cita ainda o nome do secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, sustentou que o grupo criminoso foi instalado durante a gestão da desembargadora Maria do Socorro na Presidência do Tribunal de Justiça da Bahia. Ainda segundo ela, a mãe de Amanda Santiago era "muito amiga" do titular do alto escalão do governo de Rui Costa (PT).
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