Em montagem, pedreiro entra no “Baralho da SSP”; falta de delegado atrapalha apuração
Em montagem, pedreiro entra no “Baralho da SSP”; falta de delegado atrapalha apuração
Um caso inusitado de fake news (notícia falsa) tem ganhado repercussão no município de Teodoro Sampaio, a 97 quilômetros de Salvador. Um pedreiro foi “adicionado” à carta “Rei de Ouros” do “Baralho do Crime” da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) no lugar de um verdadeiro suspeito procurado pela Justiça.
O baralho é uma ferramenta lúdica criada para a população conhecer os bandidos mais procurados da Bahia. Na última sexta-feira (16/3), a foto do pedreiro Moisés Falcão, que estaria sendo procurado por tráfico de drogas e assassinatos, começou a circular na internet. A filha de Moisés, Marília Falcão, recebeu a imagem e ficou perplexa.
Em entrevista ao Aratu On, Marília explicou os detalhes do caso e pediu ajuda para desmentir a acusação feita contra seu pai. De acordo com ela, após tomar conhecimento da montagem, decidiu postar em seu perfil do Facebook a foto original de Moisés que foi utilizada pelo autor da edição.
É possível observar que até mesmo o nome de Moisés foi alterado. Na montagem, está como “Moisés Souza”, quando na verdade, o nome é Moisés Falcão Bonfim.
O criminoso procurado pela polícia na verdade se chama Leonardo Silva Moraes, conhecido como “Leo Careca” ou “Fio”, e tem como área de atuação Lençóis, na Chapada Diamantina, e não Paripe, como está na foto de Moisés.
Depois da publicação, Marília foi à Delegacia Territorial de Teodoro Sampaio para registrar a ocorrência. “Na segunda-feira (18/3) o delegado não estava. Retornei na terça [19] e expliquei todo o caso pra ele. Ele ‘puxou’ a ficha de meu pai e constatou que não tinha antecedentes criminais. Como estava com a demanda alta, me pediu para retornar outro dia para assinar o Boletim de Ocorrência (BO)”, explicou Marília.
Segundo ela, o pai não tem coragem de sair de casa por medo de alguém querer prendê-lo ou até mesmo tentar machucá-lo. “Ele está com muito medo, além da vergonha. A cidade é pequena, todo mundo já está sabendo. Meu pai já estava desempregado, agora está preocupado de não conseguir arrumar um emprego por conta dessa mentira”.
Marília lembrou ainda que está aguardando a assinatura do BO para que a investigação seja iniciada. “Precisamos saber quem está por trás dessa mentira e desonestidade contra um homem bom que nunca fez nada contra ninguém”, finalizou.
O detalhe é que o delegado titular, Adriano Lobo, só estará novamente na unidade na quinta-feira (21/3). Segundo os policiais da unidade, o BO realmente só pode ser assinado pelo delegado, que fará a tipificação do crime. A partir disso, a vítima terá o documento. A investigação sobre a origem do crime só será iniciada após essa burocracia.