'Cotinho' ou 'cotó': entenda porque termo utilizado no BBB 24 é preconceituoso
Durante uma prova de resistência, Maycon, que está no Paredão da semana, fez piadas com a prótese de perna do atleta paralímpico Vinicius Rodrigues
Na noite de terça-feira (10/1), o termo "capacitismo" voltou a ser bastante citado nas redes sociais após uma situação envolvendo dois participantes do Big Brother Brasil. Durante uma prova de resistência, Maycon, que está no Paredão da semana, fez piadas com a prótese de perna do atleta paralímpico Vinicius Rodrigues.
"Nós vamos colocar um apelido no 'cotinho'. Vamos, sim!", disse Maycon. Outro brother do BBB 24, Marcus Vinicius, reclamou: "Brincadeira tem limite". Maycon insistiu: "A gente pode colocar um apelido no 'cotinho'? Botar um nome nele, batizar?". Vinicius Rodrigues ficou em silêncio. "Cotinho" é um termo pejorativo que se refere à parte restante de algum membro do corpo humano amputado, como a perna ou o braço, por exemplo. Na Bahia, a expressão mais comum é "cotó", que tem o mesmo significado negativo. Veja o vídeo:
https://twitter.com/centralreality/status/1744702745615941723
O termo "capacitismo" pode ser desconhecido do grande público, até por ser relativamente novo, porém, nada mais é do que o preconceito contra pessoas com deficiência (PCDs). Segundo dados de 2018 da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 1 bilhão de pessoas vivem com algum tipo de deficiência no mundo.
No X (antigo Twitter), logo após a cena entre Maycon e Vinicius Rodrigues, uma internauta apontou: "Gente? Já vai começar com essas falas problemáticas? O Vini claramente ficou desconfortável". "Menos de 24h de programa e o Maycon já foi capacitista 2 vezes com o Vinicius, e independente se ele se incomoda ou não, esse tipo de pergunta não se faz para uma pessoa amputada se você não tiver o mínimo de intimidade", reclamou outro. "Maycon ridículo querendo apelidar a perna mecânica do Vini de 'cotinho', mico total", disse um usuário do X.
Ao Aratu On, a gestora social da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais Salvador (APAE), Márcia Rocha, destaca que muitas vezes o capacitismo acontece de modo sutil, que vão desde expressões culturais à forma de se comportar com uma PCD, como se dirigir a alguém que acompanha aquela pessoa, e não a ela, “como se você já partisse do princípio que ela não soubesse se expressar; como se não tivesse condições de ter atividades laborativas, como se dependesse dos outros… diminuindo a expressão humana do outro”.
Márcia Rocha também reforça que o Brasil é um dos países que mais têm leis, resoluções e regras para auxiliar no processo de inclusão. A grande dificuldade está no acesso:
“As leis, estatutos e resoluções indicam os caminhos para que essas pessoas tenham acesso aos seus direitos. Já trazem um direcionamento para construir políticas públicas que oportunizem a equidade de acessos das pessoas com deficiência aos serviços”.
E ela completa: “O que impede, muitas vezes, o acesso, é o preconceito e estigma que nós temos de ver o outro como incapaz, e nós sabemos que a entrada no mercado de trabalho – apesar de termos a Lei de Cotas, que exige um cumprimento por parte das empresas, em número de pessoas, de acordo com a quantidade de funcionários – ainda não é atendida, porque a sociedade, de modo geral, ainda não enxerga esses indivíduos com as suas singularidades”.
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