Caso Djidja: seita familiar com estupro de vulneráveis pode estar por trás de morte de ex-sinhazinha
Mãe e irmão de Djidja cardoso foram presos na última quinta-feira (30)
Após a morte da empresária Djidja Cardoso, ex-sinhazinha (personagem) do Boi Garantido, do festival folclórico Parintins, a Polícia Civil do Amazonas deflagou a Operação Mandrágora para investigar uma seita chamada "Pai, Mãe, Vida", liderada pela família da mulher de 32 anos. Segundo as autoridades, as vítimas eram forçadas a abusar de ketamina (também conhecida como cetamina), anestésico de uso veterinário, em rituais que envolviam estupro de vulneráveis.
Cleusimar Cardoso e Ademar Cardoso, mãe e irmão de Djidja Cardoso, foram detidos na última quinta-feira (30/5), em Manaus. De acordo com a Polícia Civil amazonense, os três lideravam a seita "Pai, Mãe, Vida", que, sob o pretexto de promover cura espiritual, perpetrava alguns rituais. Nesse grupo, Ademar era apontado como uma espécie de reencarnação de Jesus, Cleusimar assumia o papel de Maria, mãe de Jesus, enquanto Djidja personificava Maria Madalena.
Além dos membros da família, funcionários do salão de beleza do qual Djidja era sócia, também participavam da seita e foram igualmente detidos. Verônica da Costa Seixas, Claudiele Santos da Silva e Marlisson Vasconcelos Dantas - que estava foragido e se entregou à polícia nessa sexta (30) - exerciam a função de recrutar novos membros, inclusive colaboradores do salão, para se unirem ao grupo.
Responsável pela investigação, o delegado Cícero Túlio relatou que a seita mantinha uma parceria com uma clínica no bairro Redenção, em Manaus, onde ketamina e outras substâncias eram fornecidas sem qualquer controle. A suspeita é de que Djidja tenha falecido após o uso indiscriminado dessas substâncias. "Fizemos busca e apreensão hoje no local. Não existia qualquer controle ou receituários para a venda desse material", declarou Túlio à imprensa.
O delegado relatou ainda que Cleusimar estava com drogas na genitália quando foi presa. Dois cilindros estavam escondidos nas partes íntimas.
ESTUPROS E VIOLÊNCIA FÍSICA
Além do uso de drogas, a seita também praticava violência física e estupro de vulnerável, conforme relataram duas vítimas às autoridades. Segundo o delegado, as vítimas permaneciam dopadas por dias e eram obrigadas a ficar nuas, sem acesso à higiene pessoal ou alimentação. "Uma das vítimas ainda relatou um aborto. Quando realizamos os mandados de busca e apreensão na residência, notamos um forte cheiro de decomposição", acrescentou Túlio.
MORTE DE AVÓ TAMBÉM É INVESTIGADA
A investigação também alcança a morte da matriarca da família, avó de Djidja, então com 83 anos. Familiares acredtiam que Ademar tenha injetado ketamina na idosa depois que ela sofreu uma queda e reclamou de dores na bacia.
Outro ponto que investigado é o envolvimento de animais domésticos nos rituais da seita. A Polícia Civil continua ouvindo vítimas e outros membros da família Cardoso.
DEFESA
Um funcionário que estava foragido se entregou às autoridades nesta sexta-feira (31). O advogado de Marlisson, Lenilson Ferreira, afirmou que seu cliente está disposto a esclarecer os fatos para provar sua inocência, colaborando integralmente com as investigações.
Já a defesa da funcionária Claudiele negou veementemente sua participação nos eventos relatados pela polícia, salientando que ela era apenas uma funcionária do salão e não possuía qualquer vínculo com a família Cardoso. O advogado Kevin Teles destacou que emitirá uma nota oficial nos próximos dias para esclarecer o caso com informações precisas.
O CASO
Djidja Cardoso foi encontrada morta no quarto da casa em que morava, no bairro Cidade Nova, em Manaus, na última terça-feira (28/5). A suspeita é que Djidja tenha morrido de overdose após uma série de aplicações de cetamina.
A informação inicial era de que a mãe e irmão da empresária, além da gerente do salão de beleza que Djidja administrava com a família, Verônica, foram presos na última quinta (30) por possível omissão de socorro.
As investigações apontaram que a vítima estava lutando contra o uso de drogas e pessoas próximas afirmaram que ela era mantida em cárcere privado pelos familiares. Quando o corpo foi encontrado, marcas de aplicações da droga foram localizadas.
Cleusimar e Ademar estariam tentando fugir da abordagem quando foram presos No carro utilizado no momento da fuga foram encontradas ampolas da droga, agulhas e seringas. O material também foi encontrado na casa de Djidja.
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