BEM NA FITA: Com inovação e consciência social, Startups baianas se preparam para Campus Party
BEM NA FITA: Com inovação e consciência social, Startups baianas se preparam para Campus Party
Prestes a sediar pela primeira vez na historia a Campus Party, maior evento de tecnologia e inovação do mundo, a Bahia encontra-se em um cenário aquecido de desenvolvimento de startups — segmento de empresas de pequeno porte que desenvolvem tecnologia. A Campus Party acontece de 9 a 13 de agosto na Arena Fonte Nova, em Salvador.
A crise econômica em que o país se encontra, por mais paradoxo que seja, é um grande incentivo para o aumento do número de pessoas que se juntam em startups com ideias transformadoras na busca de investidores e apoiadores para os seus projetos.
Geralmente o conceito de startup é comparado com o período inicial de qualquer tipo de empresa, apesar dessa definição gerar conflitos entre especialistas, quando o assunto é a designação de novos modelos de negócios que se configuram na era de inovação e tecnologia. A definição mais utilizada para startup tem alicerces em quatro conceitos: um cenário de incerteza, transformação do trabalho em dinheiro, ser repetível e escalável.
STARTUPS, BAHIA E INOVAÇÃO
Não existe um dado oficial de quantas startups funcionam no estado. De acordo com Sócrates Santana, articulista institucional da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia, a Secti trabalha com o número que gira em torno de 120 a 150 empresas que possuem esse modelo de negócio atuando na Bahia.
O Parque Tecnológico da Bahia, localizado em Salvador, é um dos principais polos de inovação tecnológica do estado e principal berço de startups na Bahia, por meio da Áity Incubadora que, atua desde 2012, abrigando cerca de 20 empresas incubadas, por vez, selecionadas através de editais.
LEIA MAIS: CONECTADOS: Em busca de carreira internacional, baianos criam liga de esportes eletrônicos
LEIA MAIS: Campus Party Bahia é lançada na Arena Fonte Nova. Confira novidades e palestrantes confirmados
Embora ainda esteja atrás de estados como São Paulo, Pernambuco e Rio de Janeiro, que saíram na frente e tiveram investimentos, tanto da iniciativa pública quanto da privada, a Bahia, tardiamente, tem feito ações que geram uma melhoria, ainda que não seja a ideal, nas condições de existências e diminuição de incertezas dos empreendedores que se arriscam nesse mercado.
Marcus Castellar, coordenador da Agência de Inovações da Universidade Salvador (UNIFACS), observa que o estado ainda não criou um ecossistema para apoiar as startups de maneira plena para o sucesso.
“Ainda não se criou [na Bahia] um ecossistema que possa apoiar e dirigir as startups ao sucesso. Aparecer startup é uma coisa, o grande problema é elas não serem aceleradas porque o que vai gerar desenvolvimento é o prosseguir do negócio. Isso que é importante. Criar dispositivos que possam garantir que as elas sejam incubadas, protegidas pela parte fiscal e metodológica para que elas possam seguir adiante”, afirma o professor.
TECNOLOGIA X DESENVOLVIMENTO SOCIAL
Uma das recentes iniciativas no campo do desenvolvimento de ações em tecnologia foi o “Desafio Bahia Hackathon – Respeita as Minas”, idealizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM-BA), Secretaria de Ciência Tecnologia e Inovação (Secti) e Operação Ronda Maria da Penha.
O evento que aconteceu no início de junho, teve como objetivo desenvolver uma ferramenta tecnológica para facilitar o cruzamento e atualização de dados da rede de atendimento às mulheres em situação de violência. A equipe vencedora criou um projeto de diário digital e recebeu como prêmio ingressos para a Campus Party Bahia, consultoria em tecnologia e desenvolvimento, pela StartOnApp e em Direitos Humanos, pela Evelle Consultoria, além de mentoria de negócio com o Sebrae.
Um dos idealizadores do projeto, o estudante de Ciência da Computação, Robson Souza juntou a sua cabeça com mais três colegas da mesma área, as estudantes Ingrid Rodrigues, Bárbara Lima e Ana Caroline Cerqueira e criaram um software que possibilita a equipe comandada pela Major Denice Santiago acompanhar a rotina diária das assistidas pela ronda, mesmo sem estar presencialmente, em certos momentos e, se comunicar com a vítima por meio do aplicativo.
“A Ronda Maria da Penha tem um efetivo muito pequeno para assistir uma quantidade tão grande de mulheres. Então, o que a gente pensou nesse intervalo de tempo em que os oficiais da ronda não vão visitar a vítima é que a própria mulher poderia relatar o que está acontecendo com ela, por meio de diários, sem precisar que a polícia vá na sua casa. Sempre que sentir necessidade, a vítima informa o que está acontecendo no aplicativo, o que diminuiria o tempo de informação entre as partes. A intenção é aproximar as vítimas a equipe da ronda”, relata o estudante.
INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO
Em uma iniciativa pioneira no estado, o Grupo Aratu fechou uma parceria com a StartOnApp, startup de tecnologia voltada para o desenvolvimento de aplicativos iOS, Android e Web, responsável pela criação do app do Aratu Online e desenvolvimento do Aratu VR360º, que possibilitará a veiculação em 360 graus de fotos e vídeos produzidos pela emissora.
LEIA MAIS: GALINHO DIGITALIZADO: TV Aratu fecha parceria com startup, inova e aumenta conexão com o público
LEIA MAIS: TRADICIONAL E INOVADORA: Aratu completa 48 anos antenada e mirando o futuro
Desde novembro de 2016, a empresa ocupa duas salas, em um prédio anexo ao principal, funcionando diariamente. A StartOnApp se configura como uma das principais do estado, atuando no fomento da área de tecnologia e desenvolvimento do setor de startups na Bahia, inclusive no gerenciamento de eventos do setor de inovação, como Desafio Bahia Hackathon.
CAMPUS PARTY BAHIA E OPORTUNIDADES
A primeira edição da Campus Party na Bahia, acontece de 9 a 13 de agosto na Arena Fonte Nova, com 250 horas de conteúdo para o público geek, nerd, empreendedor e interessados em ciência e tecnologia. Durante o evento, os campuseiros terão acesso a palestras, desafios, hackathons, workshops, games e uma internet de alta velocidade disponível gratuitamente.
O que para muitos pode ser puro entretenimento, para outros, o evento é a oportunidade de conseguir despertar olhares para o seu projeto e conseguir investimento para desenvolver a sua ideia. Robson Souza tem consciência da importância do evento, por já ter participado de outras edições brasileiras.
“Nosso foco é usar a Campus Party para divulgar e finalizar o escopo do nosso projeto, saber o que podemos aproveitar e compartilhar, já que o evento é colaborativo. Tudo que for absorvido, será absorvido em conjunto”, ressalta.
Não são só os estudantes e empreendedores da capital que enxergam no evento uma chance de aprimorar suas ideias. Allan Magalhães, estudante de engenharia e vice-presidente da Life Jr. – Laboratório de Inovações da Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus, acredita na potencialidade do evento como instrumento para melhorias na área de inovação na Bahia.
LEIA MAIS: Campus Party Bahia é lançada na Arena Fonte Nova. Confira novidades e palestrantes confirmados
“Estamos nos inteirando dos temas para fazer as melhores propostas para a Campus e buscando articulação dos membros para ir ao evento. Como é uma iniciativa de estudantes e temos a limitação financeira, tem que ter um trabalho mais elaborado para ter recursos para as pessoas irem”, destaca.
Um dos projetos em fase de desenvolvimento trabalhados atualmente pelos membros da startup é a criação de um dispositivo para automatizar a colheita do cacau, principal vocação econômica da região.
O anúncio da edição baiana da maior feira de tecnologia e inovação do mundo fez com que o estado aumentasse o universo de startups dentro do seu mapeamento, já que empresas de diversas regiões do estado, até então desconhecidas pela Secretaria, entraram em contato com o intuito de participar do evento, segundo o articulista institucional da Secti.
Sócrates Santana também acredita que o ambiente de desenvolvimento promovido pela Campus Party é um elemento essencial para a melhoria do ecossistema de inovação local, o que aumenta a expectativa dos empreendedores baianos para o evento.
“É necessário que um ambiente inteiro de inovação seja favorável para a autonomia dessas startups. Um ambiente propício para o crescimentos desse negócios é um em que se tem a possibilidade de aumentar network, uma economia pulsante na geração de novos negócios, que possibilite contatos com investidores anjos, bancos de fomento e agência de investimento de capital de risco. E um evento como a Campus Party acaba sendo um marco, porque ela consegue reunir tudo aquilo que um ambiente favorável de inovação precisa”, aponta Socrates.
Um evento dessa magnitude em terras baianas proporciona o debate para o desenvolvimento de ações mais efetivas na área de ciência e tecnologia no estado. Para o professor Marcus Castellar, a realização da Campus Party em Salvador é importante para destacar a Bahia na área de inovação na região Norte-Nordeste.
“Trazer a Campus Party vai criar uma massa crítica para que as pessoas possam começar a compreender o que é inovação. O evento em si, a união das pessoas, a energia vai reverberá e jogar o tema inovação e empreendedorismo para o centro da discussão. Só assim a gente pode tentar sair de crise, com gente discutindo, falando sobre o assunto”, pontua.
Acompanhe nossas transmissões ao vivo e conteúdos exclusivos no www.aratuonline.com.br/aovivo, na página facebook.com/aratuonline.