Três de 20 ararinhas-azuis soltas na Bahia foram mortas por predadores; espécie ficou extinta por duas décadas
Um dos predadores foi identificado: o gavião-pernilongo. Além das três mortes, um dos animais está desaparecido
As ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) voltaram a cortar os céus da caatinga baiana este ano, depois de duas décadas extintas na natureza. Foram anos de planejamento até que o projeto de reintrodução da espécie finalmente conseguisse trazer para o Brasil, em 2020, mais de 50 animais que viviam em cativeiro na Europa.
Em junho, foram soltas oito aves. Em dezembro, foram introduzidas na natureza mais 12. Nem tudo, no entanto, é motivo para comemorar. Das 20 ararinhas já libertadas, três foram mortas por aves de rapina da região.
Duas delas são do primeiro grupo, solto em junho. A terceira foi morto poucos dias depois de ser libertada, em 10 de dezembro.
Um dos predadores foi identificado: o gavião-pernilongo (Geranospiza caerulescens). Duas espécies são suspeitas de provocar as outras mortes, o carcará (Caracara planus) e o falcão-de-coleira (Falco femoralis).
Apesar das perdas, Camile Lugarini, coordenadora executiva do Plano de Ação Nacional (PAN) da Ararinha-Azul, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), considera o projeto de soltura bem-sucedido até agora.
“Sabemos que os três primeiros meses após a soltura são os mais complicados. Na primeira soltura, a gente tinha uma meta de atingir 60% de sobrevivência nos seis primeiros meses, que foi alcançada. Agora, estamos monitorando intensivamente para atingir essa meta também”, explicou, acrescentando que a expectativa é que pelo menos 30% sobrevivam ao primeiro ano.
Além das três mortes, uma das ararinhas-azuis do primeiro grupo está desaparecida. Os pesquisadores não conseguiram localizá-la dentro dos limites das unidades de conservação criadas para receber a espécie.
“Esse desaparecimento foi em agosto. O método de ter alguma informação sobre ela é aumentar nosso raio de atuação com divulgação e comunicação, para abranger outras comunidades e verificar se ela está em outro lugar e não nas unidades de conservação”.
O objetivo dos pesquisadores é, nesse início do processo de reintrodução, manter as ararinhas-azuis vivendo nas proximidades da base do projeto, onde podem ser mais facilmente monitoradas e receber alimentação suplementar, enquanto reaprendem a viver na natureza.
Na sede do projeto, existe um grande viveiro, onde estão cerca de mais 30 ararinhas-azuis, que servirão como reserva para a reintrodução e como reprodutoras. Estando no cativeiro, elas também atraem para perto de si as ararinhas que estão soltas.
Mesmo que elas voem para longe dali, podem ser monitoradas pelos pesquisadores, já que estão equipadas com transmissores. Quando uma dessas aves se separa do resto, os funcionários do projeto tentam atraí-la de volta ao bando, para garantir maior chance de sobrevivência.
Quando um pequeno grupo se afasta dos demais, os pesquisadores apenas monitoram sua movimentação, já que, nesse caso, a chance de serem mortas por predadores é menor.
Para manter uma população sustentável, viável na natureza, o projeto estima que devem ser reintroduzidas pelo menos 20 aves por ano, nas próximas duas décadas, ou seja, cerca de 400 aves.
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Para isso, o projeto conta com ararinhas nascidas em cativeiro no próprio Brasil, tanto em Curaçá, onde já nasceram três, quanto em um criadouro em Minas Gerais. O plano conta, contam principalmente, com a repatriação de aves mantidas em cativeiro na Alemanha.
No ano que vem, novo grupo com 30 a 50 ararinhas-azuis deve chegar ao Brasil, para se juntar às cerca de 50 que já estão em Curaçá.
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