EFEITO CORROSIVO: Por série de crimes, Câmara de Vereadores quer controlar venda de ácido em Salvador
EFEITO CORROSIVO: Por série de crimes, Câmara de Vereadores quer controlar venda de ácido em Salvador
Atentar contra a vida alheia utilizando ácido muriático e similares já virou prática criminosa comum em Salvador e Região Metropolitana. O grande número de ocorrências é preocupante e por conta disso um Projeto de Lei tramita na Câmara Municipal de Salvador com o objetivo de controlar a venda da substância na cidade.
O produto é de fácil aquisição no mercado. E, por ser altamente corrosivo, pode levar a vítima à morte. O contato direto com o corpo provoca lesões em todas as camadas da pele e, em casos mais extremos, atinge até os ossos.
O PL da Câmara tramita no momento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) — que vai dar o parecer se o projeto é constitucional (ou seja, se não fere a lei). A previsão é que seja votado ainda no primeiro semestre deste ano. No momento, o legislativo municipal está de férias.
Na semana passada, a modalidade criminosa vitimou uma mulher no Mercado Municipal de Camaçari. De acordo com o subcomandante do 12º BPM, Major Cunha, Edilene da Silva de Souza, 33 anos, teve partes do corpo queimadas. Ela está internada no Hospital Geral da cidade. A agressão partiu de sua ex-companheira, identificada como Joiciene Nascimento, que agiu motivada por ciúmes.
Fachada da Câmara Municipal de Salvador
Somente nos últimos quatro meses, pelo menos, quatro casos semelhantes tiveram ampla divulgação na mídia:
Em uma dessas situações, ocorrida em setembro do ano passado, a vítima acabou morrendo. Rosângela Costa Matos, 35 anos, chegou a passar alguns dias internada, mas não resistiu aos ferimentos sofridos nas costas, braços e região genital. Ela foi atacada na porta de casa pela vizinha, Jéssica Brito de Oliveira, no bairro do Pero Vaz, após uma discussão por conta de som alto.
No último dia 21 de outubro, um homem de 32 anos sofreu queimaduras na cabeça, rosto e costas, no bairro da Boca do Rio, também, na capital baiana. Quem arremessou o ácido foi a sua ex-companheira. A vítima, Vinícius Silva de Jesus, estava com o filho.
Em dezembro, mais um crime aconteceu, dessa vez, na Rua Carlos Gomes, em Salvador. Um desentendimento entre duas vendedoras ambulantes culminou na ação. Uma das mulheres arremessou ácido contra a outra, depois que brigaram por conta de um ponto comercial.
Últimos dois anos
Há sete meses, no dia 11 de junho de 2015, uma mulher atirou a substância na colega de trabalho, dentro do ônibus na localidade de Vilas de Abrantes, em Camaçari. Adriana Gonçalves da Mota esperou Vera Lúcia da Paixão, de 38 anos dormir e jogou vulcão negro, um produto que contém soda cáustica, muito utilizado para desentupir canos, no rosto da vítima, que teve 35% do corpo queimado com lesões graves. A vítima morreu alguns dias depois.
Há cerca de dois anos, a cabeleireira Taiane Pinto Menezes sofreu queimaduras graves, após ser atacada em uma festa na região do Calafate. Por motivo de ciúmes, uma vizinha arremessou ácido em seu corpo e ela ficou internada, em estado gravíssimo no Hospital Geral do Estado (HGE).
Assista matéria da TV Aratu repercutindo o tema:
Projeto de Lei
Com a intenção de inibir a compra de ácido muriático, para utilização criminosa, o vereador de Salvador, Alberto Braga (PSC), deu entrada na Câmara Municipal em um Projeto de Lei, no último mês de dezembro, exigindo que seja feita a identificação do comprador no momento da aquisição do produto.
A medida propõe que os dados sejam cadastrados pelo estabelecimento comercial e encaminhados à Secretaria de Segurança Pública do Estado. ?Essa substância se tornou uma arma branca. São números corriqueiros e preocupantes, que temos em Salvador?, disse o político.