Por amor ao Bahia, inglês 'troca' Manchester por Salvador: 'É o mundo!'
Bahia é o mundo: inglês troca Manchester por Salvador para acompanhar Esquadrão
Por Juana Castro.
A frase “O Bahia é o Mundo!” faz todo sentido na história do inglês Jamie Bradley, de 29 anos. Nascido na mesma cidade do seu primeiro time, o Manchester City, Jamie encontrou no Esporte Clube Bahia não apenas um novo clube, mas uma nova família a mais de 8 mil quilômetros de distância.

O que o fez Bahia
A paixão tricolor de Jamie nasceu em 2022, quando o Tricolor se preparava para se tornar a Sociedade Anônima do Futebol (SAF), vendendo 90% das suas ações ao Grupo City (CFG), o mesmo conglomerado que administra o Manchester City. Este processo foi concluído em maio de 2023, tornando o Bahia o segundo maior clube do grupo em potencial e tamanho de torcida.
"Vi um tweet sobre o CFG querendo comprar o time. Eu twittei na brincadeira ‘Forza Bahia’ e alguns torcedores do Bahia viram. Eles me corrigiram e disseram: ‘não dizemos Forza Bahia, dizemos Bora Bahia Minha Porra’”.
O que começou com uma correção bem-humorada se transformou em uma enxurrada de mensagens de fãs, que contaram a Jamie sobre o clube e sua história, algo que ele achou interessante por soar “muito parecido com a história do meu time, o Manchester City”.
Naquele mesmo ano, com o Tricolor na segunda divisão do Campeonato Brasileiro, ele decidiu assistir a um jogo à distância, contra o CSA. O resultado em campo foi um empate em 1 a 1, mas algo mudou na vida de Jamie. Tímido, passou a conversar com mais torcedores do Bahia, pela internet, e ficou amigo de muitos deles. "Foi assim que me apaixonei pelo clube!", revelou ao Aratu On.
Hoje, nas redes sociais, Jamie se apresenta como um superfã de Luciano Juba — título que ostenta com orgulho na biografia do X (antigo Twitter). Admirador do lateral esquerdo do Bahia, ele comemorou com entusiasmo a convocação de Juba por Carlo Ancelotti para defender a Seleção Brasileira nos amistosos de novembro, contra Senegal e Tunísia, na Europa.
Confira, então, a seguir, a entrevista completa com Jamie Bradley, o inglês torcedor do Bahia:
Aratu On: Como você descobriu o Bahia? Já acompanhava futebol antes e torcia para algum time?
Jamie: Eu descobri o Bahia em 2022, quando vi um tweet dizendo que o CFG [Grupo City] estava interessado em comprar o clube. Fiz uma brincadeira no Twitter e escrevi “Forza Bahia”, e alguns torcedores do Bahia viram. Eles me corrigiram e disseram: “a gente não fala Forza Bahia, a gente fala Bora Bahia Minha Porra”. Então eu tweetei isso. Depois disso, comecei a receber várias mensagens de torcedores me contando sobre o clube e sua história — que achei muito interessante, porque lembra bastante a história do meu time, o Manchester City. Aí decidi assistir a um jogo. O primeiro que vi foi contra o CSA, na Série B, e terminou 1 a 1. A partir daí comecei a conversar mais com torcedores do Bahia pela internet e fiz amizade com muitos deles — foi assim que me apaixonei pelo clube!
Aratu On: Você se sentiu acolhido pela comunidade de torcedores do Bahia? Já percebeu algum movimento de outros ingleses torcendo pelo clube?
Jamie: Eu me sinto muito abençoado por fazer parte da comunidade de torcedores do Bahia. Eles me acolheram de um jeito incrível! Um dos destaques dessa experiência foi fazer amizade com tantas pessoas da Bahia. Inclusive, comecei a ser convidado para eventos do grupo UK Tricolor e até fui convidado para conhecer os jogadores quando eles estiveram em Manchester!
Sobre o movimento no Reino Unido, acho que é difícil fazer os ingleses acompanharem o futebol brasileiro, principalmente por causa da diferença de fuso horário. Mas posso dizer que o “Bahia Day”, no Manchester City, tem sido um sucesso nos últimos três anos, com muitos torcedores do City assistindo à apresentação de Carlinhos Brown e até experimentando acarajé.

Aratu On: Você já tinha vindo a Salvador antes para ver o Bahia? Como foi essa decisão?
Jamie: Vim a Salvador no ano passado para assistir a um jogo e conhecer pessoalmente algumas pessoas com quem eu já falava online. Tinha conhecido o boxeador Hebert Conceição do lado de fora de um jogo do Manchester City, durante o Bahia Day. A gente se seguiu no Instagram, e quando fui a Salvador, mandei mensagem para ele. Acabamos nos encontrando várias vezes, jogamos bola, ele me mostrou vários lugares com comidas boas e me levou ao meu primeiro jogo [presencial] do Bahia, que vencemos por 1 a 0 contra o Criciúma.

Aratu On: Agora você voltou para ver Bahia x Bragantino e assistiu a uma virada no finalzinho. Qual foi a sensação?
Jamie: A atmosfera no jogo foi elétrica. Eu fiquei coberto de cerveja, pessoas desconhecidas me abraçando, foi simplesmente uma experiência incrível! Quando fui ao jogo contra o Criciúma, fiquei na Esquadrão Zone, que foi muito legal, mas estar na arquibancada com a torcida foi outro nível! Ser recebido por todo mundo, as pessoas vindo falar comigo, me abraçar... foi surreal! Eu amei cada momento.
Aratu On: Pretende voltar mais vezes ou, quem sabe, morar no Brasil? O que você mais gosta de fazer aqui, além de ir aos jogos?
Pretendo tentar voltar à Bahia com mais frequência. Sobre morar aqui, eu amo demais Manchester para me imaginar morando em outro lugar. Pode ser uma cidade cinzenta e sem Sol, mas é a minha cidade cinzenta. Dito isso, Salvador é o meu lugar favorito no mundo para viajar. É linda! Tenho adorado explorar a cidade com meus amigos. Ainda não tenho confiança para sair sozinho, principalmente por não falar português, mas espero aprender um pouco até minha próxima visita. E eu simplesmente amo ir ao Farol da Barra ver o pôr do sol. Nunca vi um pôr do sol tão bonito!
Aratu On: Você é bem ativo nas redes sociais, acompanhando o Bahia e até criticando arbitragem, CBF... Como você se mantém atualizado no dia a dia?
Jamie: Talvez eu seja um pouco ativo demais, às vezes, e acabo comentando decisões da arbitragem. Em relação a me manter atualizado, geralmente acompanho tudo pelas redes sociais. Não presto muita atenção na Série A como um todo, mas assisto praticamente a todos os jogos do Bahia. O difícil é ter que me encher de café e Red Bull no trabalho depois de um jogo que acaba às 3h da manhã no horário do Reino Unido.
'Bahia é o mundo!'

Ao final da entrevista, Jamie reiterou que o "Bahia é o mundo!", como diz a expressão tão repetida por torcedores e em campanhas do clube. Graças ao Tricolor, ele já até aprendeu algumas palavras em português, mas confessa: "algumas provavelmente não são apropriadas para falar aqui!".
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