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Vocação Para a Fé: última reportagem da série mostra redução do número de freiras em Salvador

Conheça a história de algumas freiras em Salvador

Por Juana Castro

Vocação Para a Fé: última reportagem da série mostra redução do número de freiras em SalvadorCréditos da foto: Raimundo Alves/TV Aratu

Votos de pobreza, dedicação aos mais necessitados, missões pelo mundo. Tudo isso pode fazer parte da vida das freiras. Para conhecer melhor esse universo, a TV Aratu e o Aratu On realizaram a série especial “Vocação Para a Fé”, cuja última reportagem vai ao ar nesta terça-feira (27/8), no Aratu Notícias (AN), a partir das 19h15.


Com texto de Lorena Dias, imagens de Raimundo Carvalho e Lemuel Castro (drone), produção de Camila Soeiro, arte de Vivian Alecy e edição de vídeo de Susan Rodrigues, esta última reportagem traz um fenômeno observado em Salvador e no restante do mundo: a redução de freiras.


Onde estão as noviças?


Confira a reportagem:


https://youtu.be/qHFHNxmGhZo

Para se tornarem freiras, as religiosas precisam passar por algumas etapas. Começam no aspirantado, frequentando as atividades do convento, mas ainda morando com as suas famílias.


Em seguida, passam para o postulantado, primeira etapa do estudo formal das normas da congregação, até se tornarem noviças e já serem consideradas "irmãs das irmãs".


Os passos seguintes são os primeiros votos de castidade, obediência e pobreza, além dos "votos perpétuos", com a confirmação definitiva da sua vocação para a fé.


Irmã Maria Lionete, que vive no Convento Dom Amando, iniciou sua formação como freira aos 18 anos de idade. "Só da minha terra tinham, mais ou menos, umas dez. Cada uma foi, no seu tempo, tornando-se freira. Outras retornaram para a família. Nem todas ficam. Vão fazer a experiência e, depois, se gostar, têm a vocação verdadeira. Depois fiquei sozinha", conta.


[caption id="attachment_370718" align="alignnone" width="700"] Irmã Lionete | Imagem: Raimundo Alves/TV Aratu[/caption]

Na sua trajetória como freira, irmã Lione atuou em diversas missões. Passou pela pastoral e, depois de fazer faculdade, administrou um hospital em Olinda, Pernambuco, onde passou 12 anos. "Significa que a vida religiosa é uma vida muito ativa. Não ficamos ociosas", diz.


Atualmente na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, oito religiosas moram no convento. Nenhuma delas está em processo vocacional. A mesma situação é encontrada na Sociedade das Filhas do Coração de Maria, onde também não há noviças.


"Nós estamos passando por uma crise vocacional muito grande, congregacional e da vida religiosa no mundo. A gente só fala o que a gente pega, austeridade, mas não percebe a beleza do que é responder afirmativamente ao que Deus te propõe", avalia Irmã Anajar. "As pessoas não querem servir. O serviço é maravilhoso, te liberta. Vão te dizer que você fica presa? Pelo contrário! É uma libertação", completa.


Segundo dados da Arquidiocese de Salvador, nos últimos dez anos houve uma redução de cerca de 44% no número de freiras na capital baiana. Em 2013 haviam 762 religiosas na cidade, enquanto em 2023 esse total caiu para 424. A congregação com a maior quantidade de freiras era a Religiosas do Santíssimo Sacramento - a "Sacramentinas", com 124 irmãs. Uma década depois, esse número caiu para 39.


Professora de ciências em religião, Sandra Coelho aponta quais seriam as principais causas do que as irmãs chamam de crise vocacional. "Hoje a gente vem enfrentando um bocado a diminuição da procura e o envelhecimento daquelas mulheres que estão ali naquele espaço", explica. "Se a gente for pegar as pesquisas de alguns tempos atrás, alguns séculos, era uma escolha. Algumas tinham vocação e, para outras, era a oportunidade para ter uma sessão de estudo e de trabalho"


Aos 77 anos, Irmã Ana é a mais velha entre as Carmelitas Descalças. No seu tempo de noviça, ela temia pelo futuro do convento. "Quatro monjas e eu, noviça. Cinco. Eu percebi que elas sofriam, porque não chegava ninguém. Até pensava em pedir irmãs de outros carmelos para vir ajudá-las", lembra.


Com medo de ficar sozinha, Irmã Ana sempre rezava pela chegada de novas irmãs. Isso se tornou um hábito que repete a cada quinta-feira e parece ter surtido efeito.


[caption id="attachment_370719" align="alignnone" width="700"] Irmãs Ana, 77, e Terezinha, 28 | Imagem: Raimundo Alves/TV Aratu[/caption]

Hoje, no convento situado no bairro de Brotas, em Salvador, vivem 16 irmãs. Dessas, nove são noviças, a exemplo de Irmã Terezinha. Apesar de viverem enclausuradas, as carmelitas descalças encontram formas de estar inseridas na comunidade, como por meio do perfil no Instagram no qual divulgam suas atividades.


"Embara haja escassez de vocações, a gente vê uma busca de Deus presente nas pessoas", afirma. "Quando a gente procura sobre oração, encontramos logo 'Carmelo'. É uma resposta. Acho que é uma das muitas coisas que fez com que jovens encontrassem o carmelo".


Seja nas enclausuradas de Brotas, nas irmãs que passam despercebidas no bairro de Ondina, nas freiras que seguiram na missão iniciada por Irmã Dulce, há esperança de que novas mulheres ouçam o chamado da fé.


"Se existe um chamado, é preciso estar atento e se abrir a essa escuta, cultivando um ambiente favorável a isso", diz Irmã Terezinha.


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