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Exclusivo: delegada Maria Selma abre o jogo, fala sobre acusações, rebate namoro com "X-9" e se diz vitima de armação

Selma é ré por falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso, denunciação caluniosa e fraude processual.

Por Jean Mendes

Exclusivo: delegada Maria Selma abre o jogo, fala sobre acusações, rebate namoro com "X-9" e se diz vitima de armaçãoCréditos da foto: Aratu On


Em setembro de 2020, a vida de uma das delegadas mais atuantes da Bahia mudou. Maria Selma Pereira Lima, já na cadeira titular de um dos departamentos mais importantes da Polícia Civil, precisou se afastar da atividade que mais gostava, o trabalho, para se defender de graves acusações. 


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Selma é ré por falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso, denunciação caluniosa e fraude processual. A reportagem do Aratu On, você viu acima, entrevistou a servidora pública com exclusividade, em vídeo. Perguntamos sobre todos os fatos, sem cortes.


Abaixo, em texto, você vai conferir as principais acusações e como Maria Selma as rebate.  A servidora teve destaque enquanto era titular da 16ª Delegacia Territorial, no bairro da Pituba, em Salvador, e no Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (responsável por chefiar delegacias especializadas, como Veículos e Furtos e Roubos). 


DELEGADA CARLA RAMOS


Os crimes imputados contra Maria Selma foram denunciados ao Ministério Público pela delegada Carla Ramos, em setembro de 2020. Em julho do ano seguinte, foi deflagrada uma operação, "Dublê", contra Maria Selma e outros três homens. Entre eles, estava Pedro Ivan Matos Damasceno, apontado como namorado da então titular do DCCP. 


"Acredito em retaliação. Carla foi investigada e acabou presa por tortura e extorsão. Eu não tive nada a ver com isso, porque não fui eu quem fiz isso com ela, foi a Corregedoria [da Polícia Civil]. Eu era diretora dela na época", resumiu Selma ao Aratu On


OPERAÇÃO DUBLÊ 


Pedro Ivan foi denunciado por furto qualificado, falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso, adulteração de sinal identificador de veículo automotor, corrupção ativa, denunciação caluniosa e posse ilegal de arma de fogo. Carlos Antônio Franco, por sua vez, responde por furto qualificado e denunciação caluniosa. Por fim, Claudio Marco Veloso foi denunciado por usurpação de função pública.


Deflagrada no dia 7 de julho, a Dublê investigou a existência de grupo especializado na prática de delitos de furtos, roubos e clonagem de veículos, cujo Pedro, considerado o líder, mantinha a relação amorosa com Selma. Segundo a denúncia, a delegada se utilizava do cargo e influência na Polícia Civil para garantir a impunidade do grupo.


"Teve essa operação na minha casa, em São Paulo. Eu estava dormindo com minha filha, minha neta e meu genro e não encontraram nada. Na hora que eles chegaram, abri a porta e falei: "Nossa Senhora! Falei que poderia entrar", relembrou a servidora pública.


Ela admitiu que conhece o homem apontado pelo MP como líder do bando, acrescentando que ele era, porém, apenas seu informante - conhecido como X-9, no jargão popular. "Ele ajudava. Não sei porque, na polícia, escondem essa prática de informante. Todo mundo tem e eu não seria diferente [...] O pessoal faz de conta que não tem informante. Ele teve no passado uma passagem na polícia e já tinha pago", lembrou.


FIAT STRADA


O relatório de Carla Ramos aponta uma situação que, também, foi levada à Corregedoria. Segundo uma destas apurações, que está no Diário Oficial, Selma alterou, de forma fraudulenta, fatos noticiados por policiais militares na 16ª Delegacia Territorial (DT/Pituba) para beneficiar Pedro e o outro rapaz, suspeitos de tentar furtar um veículo, modelo Uno. Além disso, eles estavam em posse de um carro clonado, uma Strada. 


Para não serem conduzidos à 16ª DT, os dois ofereceram R$ 1.600 aos policiais, mas os agentes não aceitaram o suborno. O inquérito descobriu que a então titular da 16ª DT acusou os policiais militares de extorsão, sem comprovação alguma, além de tentar liberar da delegacia a Strada clonada, com documentos falsos da proprietária, que jamais compareceu à 16ª DT e não teve seu carro roubado.


"Essa Fiat Strada não tinha restrição alguma. Antes de passar por mim, passou pelo plantão. Eles levaram Pedro Ivan para a delegacia, pois ele tinha mandado de prisão. Se tivesse restrição, teriam de levar para a Central de Flagrantes. Na delegacia, ligaram para a Veículos. Aquele carro não tinha restrição. Como prende um carro? Tudo bem, o rapaz tinha mandado, mas, ao verificar, eu chamei a escrivã e ela foi para a delegacia. Quando ela pesquisou, o mandado era o que ele já tinha cumprido", rebateu Maria Selma ao Aratu On


APREENSÃO DE UM C3


A delegada Carla Ramos ainda apontou ao Ministério Público que, além da Strada, a então diretora do DCCP mandou o então titular da Delegacia de Furtos e Roubos liberar um carro, modelo C3, sem os procedimentos normais. O automóvel estaria com drogas. 


"Não existiu nada disso. Esse indivíduo veio com esse carro e chegou na delegacia, o Glauber, titular da delegacia da Furtos, ligou para mim e disse: 'veio um carro aqui e não tem nada. Tivemos a informação que esse carro tem drogas e o carro tá cheirando a drogas'. Ele já tinha liberado o carro. Eu falei: 'você liberou, tudo bem' [...] Ele me falou que ia fazer uma busca e achou a droga", ponderou Selma.  


VÍDEO


No decorrer das apurações, um vídeo disseminado nas redes sociais mostra um rapaz, sentado na parte traseira de uma viatura da Polícia Militar, pedindo dinheiro para uma mulher. A pessoa do outro lado da linha seria a ex-chefe do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP) que estaria, naquela oportunidade, trabalhando na Secretaria da Segurança Pública, em posição de chefia. 


"Eu não vi esse vídeo. Quem me ligou na hora foi o chefe de plantão. Eu estando no Cidata (Centro de Inteligência e Tomada de Decisão Tática, espécie de central da polícia que abriga dados de todas as operações), todos se reportam a mim", falou, brevemente, Maria Selma ao Aratu On. Segundo ela, todas as denúncias foram "retaliação de quatro investigadores". "Isso só surgiu depois que Pedro Ivan foi à Corregedoria dar uma queixa desses policiais por extorsão, e eu soube disso", denunciou. 


Durante a entrevista, a delegada negou qualquer envolvimento com Pedro Ivan. "Não tenho, não tive. Meu relacionamento é estreito, pois ele tinha informação que eu tinha que me encontrar com ele. Desafio encontrar alguém que me encontrou pelo menos de mão dada com essa pessoa", finalizou.


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