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Caso Davi Fiuza é relembrado em 'Desaparecidos', nova série da TV Aratu

A série vai ao ar de segunda a quinta (23 a 26/10), no AN, e de terça a sexta (24 a 27/10), no Bom Dia Bahia

Por Juana Castro

Caso Davi Fiuza é relembrado em 'Desaparecidos', nova série da TV Aratu

Pessoas que saíram de casa e não voltaram mais. Mães que não puderam se despedir de seus filhos. Filhos sem notícia da mãe. A partir desta segunda-feira (23/10), a TV Aratu, em parceria com o Aratu On, estreia a série de reportagens "Desaparecidos - Mães Sem Filhos; Filhos Sem Mães".


A primeira reportagem - "Quem não é visto não é lembrado" - relembra o caso Davi Fiuza, que aos 16 anos, em 2014, desapareceu após ser levado por policiais em uma viatura. Desde então, nunca mais foi visto.


Com texto da jornalista Lorena Dias, produção de Camila Soeiro, arte de Vivian Alecy e edição de JF Neto, a série vai ao ar de segunda a quinta (23 a 26/10), durante o jornal Aratu Notícias (AN), a partir das 19h15, e de terça a sexta (24 a 27/10) no Bom Dia Bahia.


Você pode assistir pela televisão, no canal 4.1, pelo aratuon.com.br/aovivo ou no Aratu On, logo após a estreia na TV.


Assista à primeira reportagem da série: 


https://youtu.be/q2suLm_uJmg

Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou 74.061 pessoas desaparecidas em 2022, com uma média de 203 desaparecimentos diários. Desse total, 46,7% se concentram na região Sudeste, seguida do Sul, com 22,3%, e o Nordeste aparece em terceiro lugar, com 14,8% dos desaparecidos do ano passado.



Imagem: TV Aratu

A Bahia teve uma média de um desaparecimento a cada três horas. Conforme dados da Polícia Civil, foram mais de 16 mil ocorrências apenas no primeiro semestre de 2023. Por aqui, uma análise feita pelo Anuário de Segurança Pública, com relação ao perfil dos desaparecidos entre 2019 e 2021, mostrou que 65% eram homens, 51% tinham idade entre 12 e 17 anos, e 95% eram negros.


Para o cofundador da Iniciativa Negra, Dudu Ribeiro, a produção de fundação de dados é fundamental. "Não para confrontar os dados oficiais, mas, muitas vezes, para ocupar espaços que os dados oficiais não estão realizando", explica.



Dudu Ribeiro, especialista em em Gestão Estratégica de Políticas Públicas | Imagem: TV Aratu

Ele acrescenta que comparar a taxa de mortes violentas com a taxa de desaparecidos forçados é importante para perceber que apesar de ter "um leve declínio" nas mortes violentas intencionais na Bahia, no último ano houve um crescimento expressivo dos desaparecidos. "Então, muitas vezes, não é uma questão de que menos pessoas foram mortas, mas menos corpos foram achados, e importa para o poder público saber dessa informação", frisa.


CASO DAVI FIUZA


Em outubro de 2014, um jovem negro desapareceu após uma abordagem policial na localidade de Vila Verde, na capital baiana. Era Davi Fiuza, que aos 16 anos de idade foi colocado em um carro por policiais militares e nunca mais foi visto pela família.


À época, a mãe do adolescente, Rute Fiuza, falou que operações da PM eram comuns no local, por ser um bairro pobre. "Invadir e de repende levam as pessoas, dois dias antes da eleição, sem fala grande, sem coisa alguma".


Após investigação, foi concluído que Davi teria sido sequestrado para uma espécie de batismo durante curso de nivelamento dos agentes de segurança. Sete policiais militares foram denunciados pelo Ministério Público (MP-BA).


Segundo a promotora de Justiça Ana Rita Nascimento, os sete nomes vieram com a prova testemunhal e com o GPS dos carros, além deles próprios. Foram 17 participantes apenas indiciados.


Em 2018, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) enviou o caso para a Justiça Militar. Na época, a reportagem conversou novamente com a mãe de Davi. "Acredito que tem que ir a Júri-Popular, para que a sociedade, que tanto legitima o que acontece, ela mesma possa definir o que é que esses réus merecem", desabafou Dona Rute.


Apesar do pedido do Ministério público para que o caso voltasse para o TJ, o processo segue na vara militar. E quase dez anos depois do desaparecimento de Davi, a TV Aratu encontrou a mãe de Davi novamente em frente ao órgão. Até hoje ela espera por uma resposta.


"A Justiça, e principalmente o judiciário, têm cor. Ele é branco, ele é racista, ele é burguês. Para pessoas como meu filho, como a maioria das mães, a gente sabe que é muito difícil ter justiça", disse.


Segundo Dudu Ribeiro, proporcionalmente, existem muito mais pessoas negras que são desaparecidas de forma forçada, e muito mais pessoas brancas que são recuperadas nas investigações. "As investigações, muitas vezes, são rapidamente interrompidas quando não há outro indício de crime, e fica a cargo das famílias, sobretudo, que passam a dedicar toda a sua vida busca por um ente desaparecido", analisou o especialista em Gestão Estratégica de Políticas Públicas.


"Quem nos apoia somos nós mesmos. Intitucionalmente não há um órgão que apoie familiares de vítimas, e muito menos as mães, né? Não me resta mais nada a não ser lutar", reforçou Dona Rute. "Se eu não conseguir dar um apoio para outros familiares, apoiar mães, ter também um cuidado com elas, e também o autocuidado (que eu também preciso), a gente vai sucumbir. Então a luta é por justiça, mas uma justiça também que nos alcance como mães", concluiu.


 
Rute Fiuza ainda aguarda por resposta | Imagem: TV Aratu

DISQUE-DENÚNCIA

Caso você tenha alguma informação sobre uma pessoa desaparecida, entre em contato com a polícia (de forma anônima, se preferir) através do número 181.


O próximo episódio vai contar a história de Dona Guiomar, que mais de dois anos depois do desaparecimento do filho, mantém o quarto do jeito que ele deixou.


Ficha técnica da série "Desaparecidos":
Produção: Camila Soeiro
Reportagem: Lorena Dias
Arte: Vivian Alecy
Imagens: José Sena, Raimundo Carvalho e Robson Melo
Edição: JF Neto


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