Caso Banco Master: diretor do BC é dispensado de acareação após depoimento
Diretor do Banco Central (BC), baiano Ailton de Aquino Santos foi dispensado de acareação no caso do Banco Master após depoimento considerado preciso
Por Juana Castro.
O depoimento do baiano Ailton de Aquino Santos, diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), foi considerado consistente e relevante pela investigação conduzida no Supremo Tribunal Federal (STF) e levou à sua dispensa da acareação com os banqueiros Daniel Vorcaro, do Banco Master, e Paulo Henrique Costa, ex-presidente do BRB.

Ailton Aquino foi ouvido nesta terça-feira pela Polícia Federal no STF e foi o terceiro a prestar depoimento no inquérito que apura suspeitas de fraudes financeiras bilionárias envolvendo a tentativa de venda do Banco Master para o Banco de Brasília (BRB). Segundo interlocutores ligados à apuração, sua oitiva trouxe informações objetivas, com detalhamento de datas, fatos e procedimentos, o que reforçou a credibilidade do relato.
De acordo com fontes do gabinete do ministro Dias Toffoli, relator do caso, a fala de Aquino foi avaliada como “útil, precisa, didática e detalhada”. Por esse motivo, o diretor do BC foi excluído da acareação, enquanto Vorcaro e Costa, cujos depoimentos apresentaram divergências, seguiram para o procedimento.
Antes da oitiva do diretor do Banco Central, já havia a avaliação de que os banqueiros apresentaram versões conflitantes sobre os fatos investigados. Cada um deles depôs por cerca de duas horas e meia. Aquino, por sua vez, falou por aproximadamente uma hora e 20 minutos e foi liberado em seguida por decisão do juiz auxiliar de Toffoli, em comum acordo com a delegada Janaína Palazzo, responsável pela condução dos depoimentos.
No sábado anterior às oitivas, Dias Toffoli esclareceu, a pedido do Banco Central, que Ailton Aquino não é alvo da investigação. O ministro ponderou, contudo, que a apuração “tange a atuação da autoridade reguladora nacional”, justificando a necessidade de ouvir o diretor responsável pela área de fiscalização.
Os três foram convocados a depor após Vorcaro tentar vender o Banco Master ao BRB, instituição estatal do governo do Distrito Federal. A operação foi vetada pelo Banco Central em setembro. Dois meses depois, Vorcaro foi preso, e o BC decretou a liquidação do banco privado em meio a suspeitas de operações fraudulentas estimadas em cerca de R$ 12 bilhões.
Antes do início das oitivas, houve divergência sobre o procedimento a ser adotado. A delegada responsável havia anunciado a realização direta da acareação, conforme decisão inicial de Toffoli. As defesas, no entanto, questionaram se os depoimentos não deveriam ocorrer antes, como havia informado a Secretaria de Comunicação do STF. Diante da controvérsia, o ministro foi acionado por telefone e autorizou a coleta prévia das oitivas.
A investigação teve início na Justiça Federal de Brasília, mas foi remetida ao STF por determinação de Toffoli após a Polícia Federal encontrar um documento que mencionava uma negociação imobiliária envolvendo Vorcaro e um deputado federal.
Quem é Ailton Aquino
Baiano, Ailton de Aquino Santos é servidor de carreira do Banco Central, com mais de 25 anos de atuação na instituição. Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aprovado pelo Senado Federal, assumiu a Diretoria de Fiscalização do BC e se tornou o primeiro negro a ocupar um cargo de diretoria no mais alto escalão do órgão.
A trajetória técnica e a experiência acumulada ao longo da carreira são apontadas por investigadores como fatores que contribuíram para a solidez e o peso do depoimento prestado no inquérito em curso no STF.
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