Por que as festas juninas são mais tradicionais no interior? Entenda
As festas juninas têm um caráter rural que homenageia a vida no campo e os costumes do interior
Por Dinaldo dos Santos.
Com a chegada do mês de junho, milhares de brasileiros fazem as malas e seguem rumo ao interior do país. O motivo? As tradicionais festas juninas, que ganham força fora dos grandes centros urbanos e oferecem uma imersão autêntica nas raízes culturais do Brasil.
As festas juninas, que homenageiam santos como São João, São Pedro e Santo Antônio, são marcadas por quadrilhas, comidas típicas, fogueiras e muito forró. E é justamente nas cidades do interior que essas celebrações mantêm sua essência mais viva, longe da correria das metrópoles.
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Mas o que teria direcionado as raízes para o interior do país? É uma questão muito natural, conforme explicação do historiador Roberto Pessoa. Segundo o professor, as festas juninas têm origem tanto europeia quanto brasileira e resultam de um processo de aglutinação cultural, ocorrida ao longo dos séculos.
Pessoa ressaltou que, no Brasil, os eventos tipicamente nordestinos têm origem nas festas pagãs europeias, celebradas no solstício de verão, por volta de 21 de junho, no hemisfério norte, desde o século XVI. 'Eram festas ligadas à fertilidade da terra, colheitas e à natureza, com fogueiras, danças e comidas típicas', comparou.
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O historiador acrescentou que, com a chegada, no século XVII, das festas cristãs católicas: Santo Antônio, São João e São Pedro; a associação com os festejos que ocorriam pela prosperidade das colheitas, favorecidas pelo período, ficou bem mais evidenciada.
A partir daí, as festas juninas se tornaram muito populares no Nordeste brasileiro, apesar de serem celebradas em todo o país. Elas assumiram um caráter rural, homenageando a vida no campo e os costumes do interior.
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'A fartura é o principal motivo da alegria. É quando todas as famílias têm uma mesa farta, um licor para saborear e oferecer [...] É um período em que as pessoas do interior costumavam abrir as portas, até para estranhos', ressaltou.
Pessoa destacou que, inicialmente, a burguesia urbana depreciava a festa do campo como algo pobre, retratando personagens com roupas remendadas, dentes pretos, reforçando um verdadeiro preconceito na caricaturização do caipira.
Entretanto, o tiro parece ter saído pela culatra: o conjunto de atributos encontrados em cidades do interior nordestino que, naturalmente, enriquecem o cenário propício para curtir as festas juninas, fez com que muitos desses lugares se tornassem destinos preferidos no período.
Para o setor turístico, as festas juninas representam um aquecimento importante na economia de um grande número de municípios. Hotéis, restaurantes e pequenos comerciantes se beneficiam do aumento no fluxo de pessoas, criando oportunidades de renda e movimentando o comércio regional.
Com música, fé e alegria, o interior segue sendo o coração pulsante das festas juninas no Brasil. É uma tradição que resiste ao tempo e continua encantando quem busca mais do que diversão: quer se reconectar com suas origens.
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