'O exemplo arrasta': mudar hábitos alimentares da família ajuda no combate à obesidade infantil
Foto: ilustrativa/Pexels
Cuidar da saúde da criança é uma prática que deve ser adotada pelos pais desde os primeiros momentos da vida de um filho. Realizar exames médicos de rotina, manter a caderneta de vacinas em dia e adotar um estilo de vida mais saudável são práticas importantes para evitar o desenvolvimento de problemas de saúde no futuro.
A obesidade infantil é um dos problemas que, além de comprometer a qualidade de vida da criança, pode desencadear doenças crônicas como diabetes e hipertensão, além de impactar no desenvolvimento dos ossos, músculos e articulações, prejudicando a formação do esqueleto de crianças e adolescentes.
Para tratar desse assunto, conversei com a pediatra integrativa, membro da sociedade brasileira de pediatria (SDP), Dra. Lais Rua (@dralaisrua). De acordo com ela, estilo de vida e hábitos alimentares que privilegiam as dietas hipercalóricas e hiperlipídicas, além do sedentarismo, são algumas explicações para a obesidade, doença de etiologia multifatorial, resultado da interação entre fatores genéticos, ambientais e comportamentais.
Um estudo encomendado pelo Ministério da Saúde mostrou que uma em cada 10 crianças brasileiras de até 5 anos está com o peso acima do ideal. São 7% com sobrepeso e 3% já com obesidade. Em uma outra pesquisa, divulgada pela pasta em 2021, é apontado que 6,4 milhões de crianças têm excesso de peso no Brasil e 3,1 milhões já evoluíram para obesidade.
Assim, Dra. Lais Rua é assertiva ao destacar que, "para mudar essa realidade, é necessário ter conscientização e aceitação de que toda a família precisa mudar os hábitos, e não apenas a criança".
"A palavra convence e o exemplo arrasta", diz a profissional de saúde. "Mais do que levar os filhos no nutricionista, os pais precisam também passar por uma avaliação nutricional, mesmo que não estejam acima do peso. Além disso, é preciso praticar atividade física junto com as crianças para manter o estímulo, fazer atividades em família ao ar livre, incentivar brincadeiras e entretenimento longe de telas e eletrônicos, criar e manter uma rotina do sono para toda família”, assegura a médica.
Conforme a pediatra, o tratamento da obesidade é complexo e envolve vários aspectos, desde a abordagem dietética e modificação do estilo de vida a ajustes na dinâmica familiar, sono adequado (respeitando o ciclo circadiano), incentivo à prática de atividade física e apoio psicossocial. "O acompanhamento de um nutricionista infantil é sempre necessário", destaca Lais.
Porém, vale ressaltar que não apenas a alimentação da criança deve mudar, mas a dos pais em conjunto. "Lembrem-se: crianças são reflexos dos pais. Todos da casa precisam de uma alimentação saudável e equilibrada para o tratamento ter maior adesão e chance de sucesso", reforça.
Após os dois anos de idade é recomendado que as crianças realizem pelo menos 60 minutos de atividade física moderadas ou vigorosas, diariamente. Uma boa alternativa é a realização de dois períodos de 30 minutos, ou quatro períodos de 15 minutos, durante o dia, lembrando que a atividade física infantil precisa ser lúdica.
Em relação ao uso de medicação para o tratamento na infância, a especialista esclarece que há alguns remédios que podem ser usados como adjudantes, após análise médica bastante criteriosa de acordo com a necessidade do paciente. No entanto, o tratamento jamais deve ser iniciado pelo uso de medicamentos.
Dra. Lais Ruas | Foto: divulgação
O uso de medicações homeopáticas também é uma opção que pode auxiliar no controle da ansiedade e compulsão alimentar. Quando prescritas por médicos que entendem do assunto, podem ter benefícios quando pensamos na prescrição de suplementos antioxidantes. "Mas, qualquer medida medicamentosa precisa ter critérios rigorosos e sempre acompanhada de mudança alimentar e atividade física", conclui a pediatra.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.