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Foto: ilustrativa | Marcelo Camargo/Ag&ecirc;ncia Brasil</pre>

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Rec&eacute;m-rejeitada pelo Congresso, a pauta do voto impresso ainda anda inflamada nas redes sociais e rodas de amigos. Mas voc&ecirc;, caro amigo, que debate com tanto conhecimento de causa sobre as urnas, sabe como funciona uma elei&ccedil;&atilde;o por dentro? Senta a&iacute; que eu vou te contar. Existe um tipo de fraude eleitoral muito mais latente e expl&iacute;cita, que ocorre a olhos nus, em absolutamente todas as elei&ccedil;&otilde;es no Brasil, h&aacute; muito tempo. Uma fraude que precede as urnas eletr&ocirc;nicas, que todas as autoridades sabem que acontece, e que os fraudadores nem fazem mais quest&atilde;o de disfar&ccedil;ar: a compra de votos.&nbsp;

Quem j&aacute; participou de um ou mais processos eleitorais sabe que n&atilde;o &eacute; nenhum exagero dizer que &eacute; ela que decide as elei&ccedil;&otilde;es, e que a maioria dos pol&iacute;ticos que hoje est&atilde;o no poder foi eleita desta forma. E tem gente de todas as ideologias e bandeiras fazendo isso. Funciona basicamente de tr&ecirc;s maneiras:&nbsp;

Na primeira, o pol&iacute;tico ou o assessor do pol&iacute;tico entra em contato com o l&iacute;der comunit&aacute;rio de determinada regi&atilde;o e oferece a ele uma quantia em dinheiro pelos votos daquela comunidade. Cabe a ele usar sua influ&ecirc;ncia entre aquelas pessoas para faz&ecirc;-las votar no candidato certo. Se ele vender gato por lebre? At&eacute; pode enganar um trouxa na primeira elei&ccedil;&atilde;o, mas o &ldquo;mercado&rdquo; da compra de votos sabe quem s&atilde;o os contatos mais quentes de cada bairro.&nbsp;

Na segunda, existe uma rela&ccedil;&atilde;o mais direta de troca de favores. &Eacute; comum que pessoas troquem o seu voto por uma cesta b&aacute;sica, um emprego, uma caixa d&#39;&aacute;gua, um&nbsp;saco de cimento, um botij&atilde;o de g&aacute;s, vaga na regula&ccedil;&atilde;o&hellip; depende de qual seja a sua necessidade mais urgente naquele momento, e do qu&atilde;o inflacionado esteja o pre&ccedil;o do voto naquela regi&atilde;o.&nbsp;

Na terceira modalidade, o pol&iacute;tico promove uma esp&eacute;cie de mutir&atilde;o de atendimento m&eacute;dico, odontol&oacute;gico, ou de algum exame espec&iacute;fico&hellip; para ser atendida, a pessoa precisa deixar nome, cpf, telefone, endere&ccedil;o, e&hellip; T&Iacute;TULO DE ELEITOR! Um recepcionista anota o n&uacute;mero do t&iacute;tulo, zona e sess&atilde;o eleitoral do paciente e, quando a elei&ccedil;&atilde;o chega perto, algu&eacute;m da equipe entra em contato para cobrar o pre&ccedil;o do atendimento: o voto. Essa modalidade tem uma variante ainda mais ousada, que &eacute; aplicada durante o per&iacute;odo de campanha, quando a pessoa atendida j&aacute; sai com um santinho do candidato na m&atilde;o. Se a pessoa n&atilde;o votar, acontece o qu&ecirc;? &quot;Nada, n&atilde;o tem como garantir quem votou ou n&atilde;o, mas as pessoas acham que voc&ecirc; vai conferir, e ficam com medo de alguma repres&aacute;lia&quot;, me explicou uma vez um macaco velho da pol&iacute;tica.

Na minha primeira elei&ccedil;&atilde;o, inocente que era, fiz uma reuni&atilde;o com meia d&uacute;zia de l&iacute;deres comunit&aacute;rios para apresentar minhas propostas de campanha. Todos sentados na pra&ccedil;a de alimenta&ccedil;&atilde;o de um shopping, pareciam at&eacute; interessados em tudo o que eu falava. Findada a reuni&atilde;o, percebi que quase todos estavam apenas esperando eu acabar de falar pra ir ao ponto que interessava: o que eu vou ganhar em troca? Uma queria emprego pro marido, o outro queria ajuda pra reformar a casa. Outro, mais direto, j&aacute; perguntou por valores. Um - mais altru&iacute;sta - pediu alguma melhoria no bairro, que j&aacute; n&atilde;o me lembro mais qual era. E assim por diante. Apenas um realmente me ouviu e entendeu que eu n&atilde;o estava ali pra isso. Esse &eacute; uma pessoa incr&iacute;vel, que tem um belo projeto social, e com quem ainda falo de vez em quando. Mas isso &eacute; assunto para outro texto.&nbsp;

&Agrave; medida que a campanha avan&ccedil;ava, comecei a ser assediada por uma gama de outras pessoas com a mesma promessa: consigo x votos l&aacute; no meu bairro. Alguns j&aacute; me abordavam com uma listinha de nomes e sess&otilde;es eleitorais de seus supostos comandados. L&aacute; um dia, concordei em contratar algumas pessoas do bairro de uma determinada l&iacute;der comunit&aacute;ria, para fazer uma caminhada de campanha e apresentar minhas propostas. Mais uma decep&ccedil;&atilde;o. A cada panfleto entregue, um pedido. Dentadura, uma mesa com cadeiras pro bar, cesta b&aacute;sica, g&aacute;s, bloco de constru&ccedil;&atilde;o, emprego na campanha e&hellip; vaga na BOCA DE URNA! Esse era o pedido campe&atilde;o! &ldquo;Como assim? Eu n&atilde;o vou fazer isso!&rdquo;&nbsp;

E me encaravam com um misto de pena e incredulidade, &agrave;s vezes acompanhado de algum coment&aacute;rio mais direto: &ldquo;N&atilde;o tem como ganhar, se n&atilde;o fizer&rdquo;. E eles tinham uma certa raz&atilde;o em ficarem surpresos. Esse &eacute; o normal.&nbsp;

Em minha &uacute;ltima campanha, coloquei uma equipe para fiscalizar a boca de urna de outros candidatos e denunciar pelo Pardal, aplicativo disponibilizado para den&uacute;ncias pelo TSE. Sabe o que aconteceu com os fora da lei? Nada! Uma senhora chegou na sess&atilde;o para votar, anunciando aos quatro ventos que j&aacute; tinha feito boca de urna para tr&ecirc;s candidatos, e que &quot;agora iria tomar uma cervejinha, porque ela merecia&quot;. Arrancou apenas umas risadas dos mes&aacute;rios e fiscais. Em outra sess&atilde;o, meu marido chegou a abordar um policial, pedindo que tomasse uma provid&ecirc;ncia. E ele respondeu que isso era muito generalizado e n&atilde;o poderia fazer nada. Possessa, pedi v&iacute;deos das bocas de urna e comecei a divulgar em meu Instagram. Em menos de 10 minutos, recebi a liga&ccedil;&atilde;o de tr&ecirc;s advogados: &ldquo;Tira! Pode dar problema pra voc&ecirc;&rdquo;. Isso mesmo. Problema pra mim. &Eacute; proibido, mas s&oacute; os trouxas que t&ecirc;m mania de honestidade cumprem a lei. &Eacute; assim que funcionam as elei&ccedil;&otilde;es em nosso pa&iacute;s. E eu ainda nem cheguei na pior parte.&nbsp;

Um dia, no meio da campanha, conversando com um funcion&aacute;rio de meu marido, pedi que ele me levasse ao bairro dele, pra me apresentar aos vizinhos&nbsp;e me ajudar na divulga&ccedil;&atilde;o das propostas. A resposta dele, muito sol&iacute;cito, foi que poderia me levar em um outro bairro, onde tinha familiares, mas no dele, infelizmente n&atilde;o poderia. &ldquo;&Eacute; que l&aacute; &eacute; &aacute;rea de fulano, e se outro candidato entrar, pode ser perigoso&hellip; &eacute;&hellip; &lsquo;eles&rsquo; apagam&rdquo;. Se apagam mesmo ou ficam s&oacute; na amea&ccedil;a, decidi n&atilde;o ser a pessoa a averiguar. S&oacute; para sua informa&ccedil;&atilde;o, querido leitor, o fulano foi eleito, e hoje &eacute; deputado federal pela Bahia. Esse &eacute; o n&iacute;vel de nossos pol&iacute;ticos.&nbsp;

O normal &eacute; comprar voto, fazer boca de urna, trocar favores e at&eacute; amea&ccedil;ar eleitores e concorrentes. &Eacute; assim que aqueles pol&iacute;ticos que ningu&eacute;m gosta chegam ao poder. &Eacute; por isso que a maioria n&atilde;o est&aacute; nem a&iacute; para a opini&atilde;o p&uacute;blica. Se queremos elei&ccedil;&otilde;es justas e limpas, estas s&atilde;o as primeiras fraudes que precisamos combater.

*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do&nbsp;Aratu On.

Nesta semana, o Brasil chegou &agrave; triste marca de campe&atilde;o no ranking mundial de escolas fechadas. A final foi disputada com o pa&iacute;s africano Sud&atilde;o do Sul, que acabou levando a melhor quando reabriu suas escolas na &uacute;ltima segunda-feira (3/5).&nbsp;Sem greve! Ser&aacute; mesmo que o mundo inteiro est&aacute; errado&nbsp;e apenas o Brasil est&aacute; certo? Pior &eacute; ter que ouvir: &ldquo;pra qu&ecirc; essa pressa?&rdquo;, sobre uma atividade essencial que levou 411 dias para come&ccedil;ar ser liberada na Bahia. Mas essa n&atilde;o &eacute; a &uacute;nica fake news que est&atilde;o espalhando para amedrontar as pessoas. Tenho certeza que voc&ecirc; j&aacute; ouviu (ou at&eacute; falou) alguma delas por a&iacute;. Vamos l&aacute;?

1) Surtos/ mortes em determinada escola, ap&oacute;s a reabertura

O v&iacute;rus tem um per&iacute;odo de incuba&ccedil;&atilde;o que gira em torno de 5 dias ap&oacute;s o contato. A partir da&iacute;, o tempo m&eacute;dio para uma pessoa ter seus sintomas agravados, ser internado, entubado e ir a &oacute;bito levaria mais 10 a 15 dias, em m&eacute;dia. Ou seja: todas as not&iacute;cias de surtos e mortes em escolas que voc&ecirc; viu nesta semana s&atilde;o fake news, simplesmente porque ainda n&atilde;o deu tempo de tudo isso acontecer! Por enquanto, ainda n&atilde;o apareceu nenhuma variante de covid que cause morte fulminante.

2) &ldquo;A vida do meu filho &eacute; mais importante&rdquo;

Disso ningu&eacute;m discorda. Mas se seu filho n&atilde;o tem nenhuma m&aacute;-forma&ccedil;&atilde;o ou comorbidade grave, o risco de morte &eacute; quase nulo. &ldquo;Quase&rdquo;, porque a medicina n&atilde;o trabalha com risco zero. Uma simples visita aos dados oficiais do governo da Bahia mostra que, enquanto a taxa de letalidade de covid para idosos com mais de 80 passa de&nbsp;&nbsp;27%, em crian&ccedil;as e jovens abaixo de 19 anos, n&atilde;o passa de 0,1%, a maior parte deles com doen&ccedil;as pr&eacute;-existentes. A taxa real &eacute; ainda menor que 0,1%, pois essa &eacute; a faixa et&aacute;ria menos testada, por ficarem muitas vezes assintom&aacute;ticos. O CDC americano estima 0,003% de letalidade na faixa de 0 a 19 anos. Outros v&iacute;rus, como sarampo, bronquiolite, e a pr&oacute;pria H1N1 (gripe comum) s&atilde;o mais agressivas em crian&ccedil;as do que o coronav&iacute;rus, e as escolas nunca fecharam por causa deles.&nbsp;

3) Crian&ccedil;a pequena n&atilde;o segue protocolo

Muitas vezes, segue sim, melhor at&eacute; que os adultos. Mas n&atilde;o precisamos depender disso numa escola infantil. O fato &eacute; que quanto menor a crian&ccedil;a, menor &eacute; sua capacidade de transmiss&atilde;o deste v&iacute;rus, o que acaba compensando o n&atilde;o uso de m&aacute;scara e um contato mais pr&oacute;ximo da professora ou do coleguinha. A maior parte dos pa&iacute;ses do mundo optou por iniciar o retorno pelo ensino infantil, justamente por ser o mais seguro. Uso de m&aacute;scara por menores de 5 anos n&atilde;o fez parte dos protocolos, e n&atilde;o h&aacute; not&iacute;cia de nenhum surto causado por crian&ccedil;as nestas escolas. Corroborando com o que todos os estudos j&aacute; apontavam, uma recente&nbsp;&nbsp;pesquisa de OXFORD comparou as taxas de transmiss&atilde;o em ambiente domiciliar, que &eacute; onde uma pessoa infectada tem mais chance de contaminar outras pessoas. Chegaram &agrave; seguinte conclus&atilde;o:

Adulto para crian&ccedil;a - 73%

Crian&ccedil;a para adulto -&nbsp; 8%

Crian&ccedil;a para crian&ccedil;a -&nbsp;3%

Ou seja, mesmo sem protocolo algum (dentro de casa), as crian&ccedil;as oferecem muito pouco risco de contaminar adultos. Imagine numa escola, onde esses adultos (e mesmo as crian&ccedil;as) est&atilde;o seguindo protocolos?&nbsp;&nbsp;As chances de seu filho pequeno pegar covid de um coleguinha e passar para voc&ecirc; ou outro adulto &eacute; pequena. Voc&ecirc; sair para trabalhar &eacute; mais arriscado que mandar seu filho para a escola.

4) Meu filho pode trazer o v&iacute;rus pra casa

Se seu filho for menor de 10 anos, ele se enquadra (em maior ou menor grau) na situa&ccedil;&atilde;o acima. Se for maior, a esta altura do campeonato, entende-se que j&aacute; esteja relativamente acostumado aos protocolos e seja capaz de segui-los da mesma forma que os adultos. Al&eacute;m do mais, n&atilde;o podemos esquecer que a escola &eacute; um lugar acostumado a ensinar boas pr&aacute;ticas, e &eacute; capaz dele come&ccedil;ar a dar li&ccedil;&atilde;o de moral em qualquer conhecido que ouse descumprir uma regra do protocolo.&nbsp;

5) Escola &eacute; local de alto risco de contamina&ccedil;&atilde;o

N&atilde;o, n&atilde;o &eacute;. Escolas com protocolos simples s&atilde;o lugar de prote&ccedil;&atilde;o, e n&atilde;o de contamina&ccedil;&atilde;o. Um estudo feito pelo Instituto Insights For Education, com 191 pa&iacute;ses que reabriram escolas concluiu que a reabertura n&atilde;o teve qualquer rela&ccedil;&atilde;o com aumento de taxas de infec&ccedil;&atilde;o. Mais do que isso, dados da Secretaria Estadual de Sa&uacute;de de S&atilde;o Paulo mostraram que as taxas de contamina&ccedil;&atilde;o em escolas (incluindo as p&uacute;blicas) s&atilde;o 33 vezes menores que na popula&ccedil;&atilde;o em geral.

6) Educa&ccedil;&atilde;o se recupera depois

Muitas vezes, n&atilde;o. Existem janelas de oportunidades que precisam ser obedecidas no processo de aprendizado. Ou seja, existe idade certa para receber cada tipo de est&iacute;mulo pedag&oacute;gico, de ser apresentado a cada tipo de conte&uacute;do... e a crian&ccedil;a que tiver essa janela atropelada, possivelmente ter&aacute; problemas de aprendizado pelo resto da vida.

Al&eacute;m disso, em se tratando de estudantes mais vulner&aacute;veis, muitos est&atilde;o deixando a escola para entrarem no mercado de trabalho (em empregos de baixa qualifica&ccedil;&atilde;o) ou &nbsp;&ndash; pior &ndash; no mundo do crime. E esses n&atilde;o voltar&atilde;o mais a estudar.&nbsp;&nbsp;O Brasil j&aacute; regrediu duas d&eacute;cadas em evas&atilde;o escolar, por conta do fechamento prolongado de escolas. Os efeitos disso durar&atilde;o d&eacute;cadas.

7) Os professores ainda n&atilde;o est&atilde;o imunizados

Est&atilde;o. A primeira dose da Astrazeneca (vacina que os educadores tomaram) j&aacute; garante imunidade maior que as duas doses da Coronavac (vacina que os idosos est&atilde;o tomando). Enquanto os professores do mundo todo retornaram &agrave;s salas de aula sem vacina, todos os profissionais da educa&ccedil;&atilde;o de Salvador j&aacute; foram vacinados, e n&atilde;o h&aacute; qualquer razoabilidade em esperar mais de tr&ecirc;s meses para aumentar a efic&aacute;cia em 5 (cinco!) pontos percentuais.

Nenhum lugar do mundo atrelou retorno das escolas &agrave; vacina. E nenhuma outra profiss&atilde;o &ndash; muitas at&eacute; mais expostas, continuaram trabalhando durante toda a pandemia, sem vacina. Professor n&atilde;o &eacute; uma atividade mais exposta que caixa de supermercado, atendente de farm&aacute;cia, motorista de &ocirc;nibus ou aeromo&ccedil;a (e quem diz isso &eacute; um estudo da UFRJ). Nenhum deles ficou 14 meses parado, esperando vacina.

8) Voc&ecirc; quer se livrar do seu filho

Sabe aquela m&atilde;e que leva o filho pra adapta&ccedil;&atilde;o na escola e s&oacute; n&atilde;o entra na sala junto porque n&atilde;o a deixam? Somos n&oacute;s. Somos m&atilde;es (e pais) que perceberam a tristeza nos olhos de nossos filhos, que n&atilde;o acharam justo obriga-los a pagar sozinhos o pre&ccedil;o da pandemia, m&atilde;es e pais que observaram crian&ccedil;as regredindo, desaprendendo a falar, a ler, voltando a usar fraldas e chupetas, ficando deprimidas e at&eacute; falando em suic&iacute;dio. Somos m&atilde;es e pais que n&atilde;o nos contentamos com a &ldquo;solu&ccedil;&atilde;o&rdquo; f&aacute;cil de fechar escolas indefinidamente e fomos atr&aacute;s de estudos, informa&ccedil;&otilde;es. Fam&iacute;lias que foram ouvir a t&atilde;o falada CI&Ecirc;NCIA. Por que ela n&atilde;o vale agora?

H&aacute; entre n&oacute;s, sim, quem precise deixar o filho num local seguro para poder trabalhar. Mas quando voc&ecirc; &eacute; atendido por uma m&atilde;e no supermercado, na farm&aacute;cia, ou num hospital... se importa em saber com quem ela deixou os filhos para poder atend&ecirc;-lo? Muitas mulheres deixaram de trabalhar para ficar com os filhos, e n&atilde;o foi &agrave; toa que a participa&ccedil;&atilde;o feminina no mercado de trabalho retrocedeu 30 anos. Mas boa parte precisa escolher entre &ldquo;se livrar&rdquo; do filho ou mat&aacute;-lo de fome.

9) Todo pa&iacute;s que abriu, fechou de novo

&Eacute; mentira. No in&iacute;cio da pandemia, n&atilde;o se sabia nada sobre o v&iacute;rus e seus efeitos nas crian&ccedil;as, ent&atilde;o todo o mundo optou por fechar temporariamente as escolas. Meses depois, a ci&ecirc;ncia descobriu que, de todas as medidas de isolamento, fechar escolas era a de menor b&ocirc;nus e maior &ocirc;nus, e passaram a prioriz&aacute;-las em detrimento de outras atividades. As &uacute;ltimas a fechar e as primeiras a reabrir. Esse foi um apelo feito pela Unicef, corroborado pela ONU, OMS e Unesco. E foi assim que os pa&iacute;ses civilizados trataram as escolas na segunda onda.

10) Por que voltar se meu filho est&aacute; t&atilde;o bem na aula online?

Voc&ecirc; tem o direito de decidir se manda ou n&atilde;o o seu filho para a escola. Ningu&eacute;m quer obriga-lo, s&oacute; pedimos que n&atilde;o nos pro&iacute;bam. Ensino remoto funciona para uma minoria de estudantes. Como alfabetizar uma crian&ccedil;a por EAD? N&atilde;o existe aula on-line para crian&ccedil;as de 2, 3 anos de idade. Os est&iacute;mulos que elas precisam da escola n&atilde;o podem ser transmitido por uma tela. E as crian&ccedil;as com autismo, hiperatividade, &nbsp;d&eacute;ficit de aten&ccedil;&atilde;o, s&iacute;ndrome de down...Voc&ecirc; acha mesmo que aula EAD est&aacute; funcionando com elas?

Ainda tem os jovens que n&atilde;o tem acesso &agrave; internet, computador, tablet, ambiente prop&iacute;cio em casa ou um adulto para acompanhar as tarefas. A rede estadual da Bahia ficou um ano inteiro sem qualquer tipo de aula, e foi &ldquo;premiada&rdquo; com a nota zero na pandemia, segundo um estudo da FGV. O pior estado em educa&ccedil;&atilde;o! Se seu filho est&aacute; bem no on-line (e sugiro avaliar tamb&eacute;m a parte psicol&oacute;gica), que bom para ele. Mas &eacute; preciso ter empatia e acolher aqueles que n&atilde;o conseguem evoluir nesta modalidade.

11) B&ocirc;nus: &ldquo;Voc&ecirc; nunca pisou numa escola p&uacute;blica&rdquo;

Nesse item, posso falar por mim, que visitei algumas escolas municipais antes da reabertura e constatei que, sim, essas escolas estavam preparadas. S&atilde;o todas as escolas p&uacute;blicas que est&atilde;o arrumadinhas? Claro que n&atilde;o. E um total de zero pessoas defende a reabertura de escolas sem protocolos. A luta foi bem &aacute;rdua at&eacute; aqui, e n&atilde;o temos nenhum interesse que a reabertura d&ecirc; errado, e todo o nosso trabalho v&aacute; por &aacute;gua abaixo. Defendemos que:

As que estiverem preparadas (e os protocolos s&atilde;o bem simples) reabram imediatamente); 
As que n&atilde;o estiverem sejam imediatamente adequadas; 
As que forem imposs&iacute;veis de adequar sejam desativadas e os alunos realocados para outras escolas; 
A d&uacute;vida que fica &eacute;: os sindicatos tiveram absolutamente todas as suas solicita&ccedil;&otilde;es atendidas nesta pandemia. Mas em suas exig&ecirc;ncias, nunca mencionaram a readequa&ccedil;&atilde;o das escolas aos protocolos. Por que essa falta de interesse?&nbsp;&nbsp;

E a&iacute;? Mudou de ideia ou ainda est&aacute; desconfiado? Se quiser ter acesso aos estudos, me envia um e-mail (<a href="mailto:priscila.chammas@gmail.com">priscila.chammas@gmail.com</a>), identificando qual o material desejado, que mando pra voc&ecirc;!

*Este conte&uacute;do n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do&nbsp;Aratu On.

Se eu come&ccedil;asse esse texto defendendo prioridade na vacina&ccedil;&atilde;o para as empregadas dom&eacute;sticas, algu&eacute;m teria coragem de se opor? Afinal, s&atilde;o uma categoria que &ndash; em sua maior parte &ndash; nunca parou de trabalhar durante a pandemia, pega &ocirc;nibus lotado todos os dias e, pela natureza do trabalho, em ambiente domiciliar, &eacute; comum que n&atilde;o seja seguido qualquer protocolo sanit&aacute;rio durante o desempenho de suas atividades. Ou voc&ecirc; costuma usar m&aacute;scara dentro de casa? O segundo caso de covid reportado na Bahia foi &ndash; inclusive &ndash; de uma empregada dom&eacute;stica. O primeiro foi o da sua patroa, que retornou da It&aacute;lia infectada e contaminou a funcion&aacute;ria.&nbsp;

Tenho certeza que o par&aacute;grafo acima te fez pensar, mas a verdade &eacute; que eu poderia fazer uma disserta&ccedil;&atilde;o semelhante sobre praticamente qualquer categoria profissional, e pareceria igualmente convincente. &Eacute; o que tem acontecido no Brasil, desde que abriu-se o precedente de vacinar por categoria, e n&atilde;o apenas por idade. Todo mundo se sente especial demais para entrar na fila dos comuns, e sindicatos profissionais defendem, cheios de raz&atilde;o, que suas categorias s&atilde;o exce&ccedil;&atilde;o e n&atilde;o podem esperar sua vez na fila. O nome disso &eacute; corporativismo, e o resultado &eacute; sempre o mesmo: conseguem furar a fila da vacina n&atilde;o necessariamente as categorias de maior risco, mas as com maior poder de press&atilde;o.&nbsp;

Nesta semana, o governador Rui Costa causou uma pol&ecirc;mica com jornalistas ao se dizer contra a vacina&ccedil;&atilde;o por categoria. &ldquo;A ci&ecirc;ncia j&aacute; comprovou que o risco &eacute; proporcionalmente maior para quem tem mais idade ou alguma doen&ccedil;a acess&oacute;ria. Quando elegemos categorias, come&ccedil;amos a vacinar pessoas absolutamente saud&aacute;veis e mais novas e deixamos de vacinar pessoas que, se pegarem covid, correm mais risco de morte&quot;, disse. Quem me acompanha h&aacute; algum tempo j&aacute; est&aacute; careca de saber do meu pouco apre&ccedil;o pelo governador que nos colocou em &uacute;ltimo lugar no ranking da educa&ccedil;&atilde;o. Mas, neste ponto, ele est&aacute; absolutamente correto.&nbsp;

N&atilde;o vou entrar no m&eacute;rito aqui, se jornalista (categoria na qual me incluo) est&aacute; mais ou menos exposto que caixa de supermercado, atendente de farm&aacute;cia ou entregador de delivery. Seria uma discuss&atilde;o intermin&aacute;vel e eu ainda seria acusada de querer promover o genoc&iacute;dio de jornalistas. Mas &ndash; num cen&aacute;rio em que h&aacute; escassez de vacina - &nbsp;n&atilde;o faz sentido vacinar pessoas saud&aacute;veis antes de pessoas com a sa&uacute;de fragilizada. Ressalvados os profissionais de sa&uacute;de que est&atilde;o atuando na linha de frente, vacinar pessoas jovens e saud&aacute;veis antes &eacute; uma estrat&eacute;gia desumana e burra, do ponto de vista da sa&uacute;de coletiva. &Eacute; muito dif&iacute;cil dizer n&atilde;o a uma categoria que se sente especial. Custa votos, popularidade, e muita dor de cabe&ccedil;a. Mas, ao dizer sim para a vacina&ccedil;&atilde;o priorit&aacute;ria de gente saud&aacute;vel de 25 &ndash; 30 anos, estamos automaticamente dizendo n&atilde;o para pessoas acima de 50, por exemplo, que &ndash; segundo os pr&oacute;prios dados da Sesab &ndash; t&ecirc;m 11 vezes mais chances de morrer, caso peguem a doen&ccedil;a.&nbsp;

S&oacute; que, muitas vezes, esta pessoa acima de 50, cuja vacina demorou mais de chegar por conta dos especiais que n&atilde;o podem aguardar sua vez, faz parte de uma maioria desorganizada, que n&atilde;o tem poder de press&atilde;o, e que sempre acaba pagando a conta pela gritaria das minorias organizadas. Dessa vez, o pre&ccedil;o pode sair alto demais: a pr&oacute;pria vida. &nbsp;

E sabe a empregada dom&eacute;stica que usei como exemplo no primeiro par&aacute;grafo? Esta categoria n&atilde;o foi inclu&iacute;da em nenhuma prioridade. Nunca foi sobre quem corre mais risco, mas sobre quem grita mais alto.&nbsp;

*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do&nbsp;Aratu On.

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Priscila Chammas

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