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O que o Vale do Silício nos ensina sobre riscos, pessoas, cultura e tecnologia

Colunista On: Mel OliveiraInovação e empreendedorismo de impacto
O que o Vale do Silício nos ensina sobre riscos, pessoas, cultura e tecnologiailustrativa/Zetong Li/Pexels (uso gratuito)

É muito comum as pessoas me perguntarem e terem curiosidade em saber como foi o período em que eu passei no Vale do Silício e o que eu vi por lá.


Para quem não sabe, o Vale do Silício é uma região da Califórnia que concentra um grande número de empresas de tecnologia, incluindo gigantes como Google, Apple, Facebook, Amazon, Intel, Oracle, Cisco, HP, Tesla, Paypal e tantas outras. Essa concentração de empresas criou um ecossistema de inovação e empreendedorismo sem igual no mundo.


Por isso, hoje resolvi trazer 5 insights que estavam anotados em um guardanapo que rabisquei enquanto tomava um café na Coupa, uma das cafeterias em que Mark Zuckerberg frequentava, em Palo Alto, até a Meta se tornar o que é hoje.


E eu gostaria de começar pelo que mais me atraiu por lá: as pessoas.


Insight 1: O que faz o negócio não são as ideias, são as pessoas.


As pessoas pensam diferente no Vale do Silício, fato. Lá, a sua ideia genial não vale um centavo até que ela comece a faturar.


Elas têm um mindset inovador e tendem a abraçar mudanças, são curiosas e exploram novas ideias, possuem a habilidade de pensar fora da caixa e criar soluções que não existem ainda.


Essas pessoas entendem que a inovação é um processo constante e que envolve tentativas e erros, mas que pode levar a resultados transformadores ou a falência total. E está tudo bem!


Insight 2: Arrisque mesmo que você falhe mil vezes


Arriscar não é pra quem tem medo. Arriscar é para quem tem coragem. Muita coragem, inclusive! E arriscar é a palavra chave de quem empreende por lá (aliás, é a palavra-chave para quem empreende em qualquer lugar do mundo).


No Vale, tive a oportunidade de ouvir histórias curiosas de pessoas que arriscaram tudo para empreender. Inclusive, se desfizeram de casas e negócios no Brasil para buscar investimentos e respirar o ecossistema da região.

Elas arriscam tanto e são tão fora da caixa que conheci de perto um grupo de pessoas que criaram um fundo para comprar a Constituição Americana (sim, um dos documentos mais importantes da história mundial, ela mesmo!). Através de uma espécie de crowdfunding, este grupo conseguiu levantar 5 milhões de dólares em menos de 48 horas, acreditem. A iniciativa não foi pra frente, mas virou notícia em vários sites internacionais (faz uma busca rápida por aí que você encontra).


Entre estes e tantos outros casos, ficou claro para mim que os empreendedores do Vale entendem muito bem que, para alcançar o sucesso, é preciso estar disposto a assumir riscos e enfrentar desafios. Elas adotam essa mentalidade e tendem a ver o fracasso como uma oportunidade de aprendizado e crescimento, em vez de uma derrota definitiva.


Poético, não é?!


Insight 3: Pense 5 a 10 anos à frente


Pergunte-se: o que é que eu vou criar hoje que me fará continuar faturando daqui há 5 ou 10 anos?


Decorem esta frase: O maior desafio é criar e desenvolver produtos/serviços que sejam inovadores o suficiente para ter um diferencial competitivo mas não tanto a ponto de não ter mercado para isso.


Criar produtos/serviços inovadores envolve uma combinação de criatividade, observação de tendências e análise de necessidades não atendidas.


As empresas do Vale valorizam o impacto que o produto/serviço terá a longo prazo e como ele pode mudar a maneira como as pessoas vivem e trabalham, considerando os efeitos sociais, ambientais e econômicos a curto, médio e longo prazo.


Insight 4: A tecnologia pode ser a base, mas ela não é tudo


Sim, é verdade que a tecnologia tem sido a base de desenvolvimento de produtos para grandes empresas do Vale. Desde tecnologia, robótica, AI, VR etc.


No entanto, poucos entendem, mas a tecnologia é frequentemente associada à inovação porque muitas das inovações que vemos hoje em dia foram possíveis graças a avanços tecnológicos.


Mas quero lembrar que a inovação não se limita apenas ao desenvolvimento de novas tecnologias ou ao uso de tecnologias avançadas. Existem várias outras maneiras de inovar sem depender necessariamente dela.


Por exemplo, a inovação pode envolver a criação de novos modelos de negócios, a reestruturação de processos de produção ou a criação de novos serviços. Tudo isso pode ser feito sem o uso de softwares mirabolantes. Muitas vezes a inovação é impulsionada pela criatividade e pelo pensamento fora da caixa, só isso.


Em resumo, a tecnologia pode certamente ajudar a impulsionar a inovação, mas não é um requisito obrigatório para inovar no Vale do Silício (nem em lugar algum).


Ou seja, você pode desenvolver uma big corp, sem necessariamente ter tecnologia atrelada diretamente a isso.


Insight 5: O dresscode é chamado de "vestimenta inteligente"


Para mim, este é um dos pontos mais bacanas do Vale do Silício. Quando programei a minha viagem, recebi um e-mail com dicas de "como se vestir no Vale do Silício". Achei meio louco alguém me mandar aquilo, mas entendi. O e-mail trazia fotos e imagens de pessoas usando jeans, sapatos baixos e camisetas. Mas por quê?


A região é conhecida por ser uma região onde a cultura corporativa é bastante informal. Isso reflete-se também no dresscode das empresas locais, que em sua maioria permitem uma grande liberdade na escolha do vestuário.


Em muitos casos, os funcionários são encorajados a vestir-se de forma confortável e informal. Isso significa que roupas como camisetas, jeans, tênis e moletons são bastante comuns no ambiente de trabalho.


Algumas empresas, como a Meta inclusive, possuem uma política de "vestimenta inteligente", o que significa que não há expectativa de que os funcionários vistam roupas formais, mas também não se espera que eles usem roupas muito informais.


Lá, de fato, o que você veste não diz absolutamente nada sobre você. É muito comum encontrar CEOs, investidores e alto escalão de big corps em bares e restaurantes de Palo Alto, San Jose ou Mountain View e você não saber quem é quem.


Bacana, né?!


Bom, como se pode ver, para pensar como os empreendedores de lá, basta entender de que:
O que faz o negócio não são as ideias, são as pessoas. Lá, sua ideia não vale absolutamente nada até que ela mostre resultado enquanto resolve problemas reais do mundo;
Arrisque mesmo que você falhe mil vezes. A importância do aprendizado constante e da experimentação, com a ideia de que os fracassos são oportunidades de aprendizado;
Pense 5 a 10 anos à frente. Pense como seu negócio pode continuar escalando daqui há 5 ou 10 anos. Atente-se para que ele já não nasça velho;
Tecnologia não é sinônimo de inovação. Desenvolva soluções que possam garantir o crescimento contínuo da sua empresa. A base tecnológica pode te ajudar a escalar, a inovar de forma mais veloz, mas ela não é, necessariamente, a base de tudo;
O que você veste nem sempre mostra quem de fato você é. O mindset de "vestimenta consciente" traduz muito de como uma cultura organizacional pode influenciar diretamente no desenvolvimento da empresa e das pessoas que fazem parte dela;
E, por fim, dentre todos estes insights o que gostaria de deixar como lição é: não precisamos ir para o Vale do Silício para pensar como um empreendedor de lá, certo? É possível respirar essa atmosfera de onde quer que você esteja.
Pensando nisso, qual destes 5 pontos te chama mais atenção ou te incomoda a ponto de você encaminhar este texto para outra pessoa? Conta aqui!
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.

Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Mel Oliveira

Mel Oliveira

Atualmente está como Innovation Manager na vertical de Growth na ACE Cortex. Responsável por desenvolver e escalar projetos de inovação corporativa para empresas como Bayer, Natura, Electrolux, Neoenergia, Portal Terra, dentre outras.

Publicitária e especialista em Negócios Internacionais e Marketing, passou por universidades na Espanha, Estados Unidos, duas universidades na Inglaterra.

Palestras sobre Inovação e Capitalismo Consciente no Brasil, Peru, Colômbia, Porto Rico e projetos de marketing e expansão no mercado Brasileiro, EUA e Latino Hispânico.

Além disso, é investidora anjo e desenvolve startups nas áreas de Acesso a Capital, Go-to-Market, Ideação e Validação de novos negócios através de mentorias e facilitações.

Atualmente também está como Líder de Filial do Capitalismo Consciente Brasil. Uma ONG americana com foco em desenvolvimento de empresas mais conscientes, além de ter empreendido e vendeu a empresa em Outubro de 2020

Instagram: @meloliveirab

LinkedIn: meloliveira

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