Que cidade você quer?
Crédito da foto: Biblos/Jbeil, no Líbano | reprodução/YouTube
Existem várias definições nos dicionários para o significado da palavra cidade. Grande parte delas giram em torno de: "aglomeração de pessoas em um área geográfica circunscrita, com inúmeras edificações, que desenvolve atividades sociais, econômicas, industriais, comerciais, culturais e administrativas". Há relatos que indicam Jericó, situada na atual região da Palestina, como sendo a primeira cidade a surgir há mais de nove mil anos antes de Cristo. Outros relatos afirmam que Biblos é a cidade continuamente habitada mais antiga do mundo. Localizada na costa mediterrânea do Líbano, ao norte de Beirute, acredita-se que Biblos tenha sido ocupada primeiro entre 8.800 e 7.000.
Todas elas, entre outras cidades milenares, nasceram no sentido de “aglomeração de pessoas”, “área geográfica”, “edificação” entre outras características comuns a todas as cidades de hoje. Estou dizendo que todas as cidades são iguais, então? Claro que não! Mesmo aquelas muito próximas, fronteiriças, certamente são bem diferentes, não só nas suas configurações urbanas, ou na cultura dos povos que nelas vivem. Cidades têm na sua essência uma configuração que as tornam únicas. Cada uma tem seu próprio DNA, sua digital, que é exclusiva.
Uma definição do significado do que é uma “cidade”, que gosto muito, diz: “Um acúmulo de energia que se manifesta pelo tipo, quantidade e qualidade das transações que gera.” Segundo Bernardo Toro, autor dessa definição, transformar uma cidade implica compreender e transformar as arquiteturas políticas, sociais e culturais que as transações produzem, o autor complementa ainda que essa transformação necessita de um “imaginário convocante”. Já para o escritor Italiano Italo Calvino, toda cidade é também imaginada, pois é impossível termos uma visão total dela, ainda pra o italiano qualquer transformação de uma cidade parte da capacidade de identificar o novo imaginário, que já reside entre seus habitantes.
Acredito que o imaginário é fundamental para criar a convergência de interesses entre todos, para se ter uma cidade melhor para todos. Para caminharmos na direção de uma cidade com uma vida urbana vibrante, saudável, econômica e socialmente mais justa, devemos antes de tudo formar nosso imaginário: A cidade que queremos. Uma cidade essencialmente é feita de pessoas, ideias e ações. Portanto, pare um segundinho e pergunte a você mesmo:
1 - Qual a cidade que EU quero?
2 - O que EU tenho feito para que minha cidade seja a cidade que EU quero?
Se sua resposta a pergunta 2 for "nada", então encontre algo para fazer que possa, de alguma forma, contribuir para a cidade que você quer. Se sua resposta for: "já estou fazendo", então envolva mais pessoas nisso, para que o resultado do que você está fazendo seja ainda maior. O que estou tentando aqui é fazer você refletir e agir. Pois se nada for feito, o que queremos aqui vira puro devaneio.
Uma questão final: se a sua resposta à pergunta 1, com toda a simplicidade ou complexidade dela, não for algo que possa ser almejado por TODOS os cidadãos, por favor, reformule, pois não é para uma cidade.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.