Empatia remota acontece, sim, de forma intensa e verdadeira
Em sua segunda columncast no Aratu On, Bob Wollheim, um dos principais nomes da comunicação e empreendedorismo digital do Brasil, fala sobre empatia remota. Ele traz 10 hacks desse novo cenário, com constatações e dicas.
Você pode conferir o material em vídeo, no canal Originais Aratu On, no YouTube, e também pelo perfil de Bob no Spotify:
Hoje vamos falar de empatia on-line, empatia no mundo remoto. A pandemia nos fez mudar um monte de coisas, no trabalho e vida pessoal, então, é um momento bom para pensarmos sobre isso.
Existe uma pré-concepção de que não existe empatia on-line, de que ela só se dá na presença de seres humanos. Na minha visão, é uma pré-concepção totalmente errada e, muitas vezes, preconceituosa (mesmo), de uma compreensão errada do próprio ser humano.
Trouxe 10 hacks [dicas] para vocês, com algumas constatações de algumas dicas.
Primeiro, a presença digital é a nossa verdadeira presença. Não é a que "a física é tudo" e "a digital é uma outra coisa". Não. Só existe uma presença, e é a digital que compõe todas as outras. Então, o atalho, aqui, é: não se bloqueie por conta de pré-concepções que você tem que, muitas vezes, estão totalmente erradas e te deixam fora de um universo incrível e cheio de oportunidades.
A segunda constatação é de que on-line a gente vive muito mais. A gente tem a chance de saber um certo ritual de como as coisas funcionam e a gente tem a oportunidade de ouvir muito mais. Então, a provocação é: "seja um escutador profundo". Aproveite esse momento para ser alguém que escuta profundamente.
A terceira constatação, ao meu ver, é de que a sinceridade e a abertura são bem maiores. Parece que não, mas, de novo, é uma pré-concepção errada (de que presencialmente a gente se abre muito mais). Presencialmente, a gente leva muito mais as nossas personas. Por isso, a dica aqui é 'deixar as personas em casa'. Presencialmente, muitas vezes, a gente é muito mais travado. Tem um jogo de corpo, tem um teatro, uma dissimulação, uma encenação que no mundo remoto a gente pode ser mais sincero e mais aberto
A quarta provocação é de que a colaboração remota é exponencial. Não tem, na minha opinião, formato melhor pra se criar coisas, para se refletir... sejam soluções de negócios, ideias novas, projetos sociais... usando as ferramentas colaborativas on-line. É muito mais poderoso. A dica, aqui, é pra você refletir e acreditar no poder do coletivo. É muito forte.
Outra coisa muito forte no mundo remoto é a gente viver no mundo anônimo. Processos criativos, principalmente, usando ferramentas como o Wodall, o Miro... um lugar que você pode colocar suas ideias. Você vota nas suas ou pode votar na dos outros sem ninguém ficar sabendo de quem é, se o chefe tem uma boa ideia, se eu preciso votar na do chefe, e assim por diante. É uma libertação absurda quando a gente pode - e é justamente a minha dica - deixar o nosso ego em casa nesses processos criativos.
Outra constatação que eu vejo é que a porcentagem de "blá-blá-blá" cai muito. Bobagens, coisas que a gente só fala bonito na foto ou pra incomodar alguém, pra dominar a conversa... elas diminuem muito, pelo formato das comunicações remotas. Minha dica, aqui, é: repense como você toca reuniões, encontros, momentos criativos, que tem uma oportunidade enorme de deixar muito "blá-blá-blá" pra lá.
Ao contrário do que muita gente pensa, os canais como o Zoom e Google Meet, para mim, não são os bloqueios. Eles são justamente o contrário. São a possibilidade de, aproveitando tudo isso que to falando aqui, de exponencializar sua criatividade mais profunda, de deixar o ego em casa, de deixar a bullshitagem [vem de 'bullshit', que tem sentido de 'baboseira', 'conversa fiada' e similares, em inglês] em casa, também. Conexões remotas reais também são para pessoas reais. O jogo de cena, a dissimulação e a teatralidade diminuem muito nesse mundo com canal mais restrito - porque ele é mais restrito (!) -, mas tem um outro lado que, ao meu ver, é muito interessante. Então, o convite aqui é: "se abra e seja vulnerável nesse universo remoto".
Uma coisa que realmente não acontece nos canais remotos é a serendipidade, o acaso, você encontrar alguém ao acaso, no corredor, no cafezinho, no restaurante ou na praia e aí engatar uma conversa e ter um momento de empatia incrível. Isso, realmente, não acontece, mas a minha visão é de que a serendipidade, esse acaso podem ser criados. E a dica aqui é: marque e faça conexões com pessoas, seja trabalho ou pessoal, sem objetivo, sem assunto, sem tema, sem uma coisa específica que você queira falar e simplesmente abra conexão como se fosse um acaso. Deixa o acaso vir a partir do convite para a conexão, sem uma coisa pré-determinada.
Por fim, o meu último comentário é que "sim", acontece empatia on-line de forma muito intensa e verdadeira. A minha dica é colocar intenção nessa comunicação. Não só de fazer conexões sem objetivo, deixar um pouco ao acaso, mas aquelas todas que tenham objetivo, sejam elas reuniões, coisas pessoais, momentos criativos, terapêuticos ou de conversa entre amigos e familiares... que você ponha a intenção de estar ali presente. Não fisicamente, porque, como eu disse, a presença física não garante a intenção da presença, da escuta profunda. Ela é só uma dissimulação. Pode ser só um momento aparente de presença física, quando a presença real está mais na nossa mente e nos nossos corações e demanda intencionalidade depois disso.
O convite pra você, agora, é pra revisitar o que você sabe e pensa sobre isso, exercitar novos jeitos, formatos e práticas... novas maneiras de abordar tudo isso sem preconceito, sem pré-concepções do que é bom, do que é ruim e do que estamos vivendo e, sempre, trazendo muita intenção, vontade e verdade para aquilo que você está colocando ali, naquele momento, naquela comunicação. Assim fazendo, tenho certeza de que você terá momentos de profunda conexão e empatia, mesmo a milhares de quilômetros de distância da(s) outra(s) pessoas, nas outras pontas dessa linha.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.