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'Eu matei a Hyara, me matem!', disse cunhado de 9 anos, logo após tiro acidental

A sogra de Hyara e o tio dela foram indiciados criminalmente. A mulher por porte ilegal da arma. O homem, por ter feito disparos contra a casa do marido da sobrinha

Por Mateus Xavier

'Eu matei a Hyara, me matem!', disse cunhado de 9 anos, logo após tiro acidentalCréditos da foto: Redes sociais

O cunhado de 9 anos de Hyara Flor, apontado como responsável pelo disparo acidental que vitimou a jovem cigana, teria pedido pela sua própria morte, logo após ver o corpo da jovem no chão. A informação foi confirmada pelos delegados de polícia civil, Robson Andrade e Paulo Henrique, em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (11/8).


Segundo uma das testemunhas ouvidas pela investigação, o menino teria saído da casa onde o crime aconteceu com as mãos na cabeça, aos prantos, gritando a frase: "Me matem, eu matei a Hyara!". Para as autoridades, o menor estava sozinho com a vítima no momento do disparo.


De acordo com a própria criança, que teve seu depoimento colhido durante os interrogatórios, ele e sua cunhada brincavam de simular um assalto. Hyara entregou a arma de fogo para o menino e pediu para que eles fingissem ser bandido e vítima. No momento da brincadeira, ele apertou o gatilho.


De acordo com a legislação brasileira, crianças menores de 11 anos não respondem por crimes. Elas só podem ser submetidas às ações do Conselho Tutelar, ou órgãos ligados à Vara da Criança.


MARIDO DE HYARA FLOR 


O marido de Hyara Flor, até então principal suspeito do que parecia um caso de feminicídio, foi inocentado nas investigações, devido às análises do laudo técnico da perícia feita no local do crime, necropsia do corpo e testemunhas. Uma das pessoas ouvidas afirma que estava junto ao jovem de 14 anos, companheiro da vítima, no momento em que o disparo foi ouvido.


Eles teriam corrido em direção ao cômodo, onde encontraram a arma e a jovem no chão. Segundo as testemunhas, o marido pegou o armamento, o descarregou e colou em cima de um móvel. Além da ausência dele no local do crime, os investigadores ainda concluíram que o disparo não poderia ter sido feito pelo marido, visto que, o ângulo de entrada da bala foi abaixo do pescoço, para cima, ficando alojado na cervical da vítima.


Somado a isso, o projetil foi deflagrado entre 20 a 25 centímetro do alvo. Medindo 1,85 de altura, o esposo precisaria estar no local do crime e embaixo de Hyara, caso fosse o autor. Com isso, devido ao laudo e o depoimento convergente de diversas testemunhas, esta linha não foi mais considerada como opção para a investigação. Sobre o futuro do jovem, que segue apreendido, ele ficará submetido à decisão do Tribunal Judiciário da Bahia, que deve definir por sua liberdade nos próximos dias.


[caption id="attachment_233586" align="alignnone" width="740"]Hyara Arte: Beatriz Lago/Aratu On[/caption]

DISPAROS EXTERNOS


Apontado como um dos principais incriminadores do marido e sua família, a fuga do município de Guaratinga em direção ao Espírito Santo teria sido motivada por disparos de arma de fogo, feitos do lado de fora da casa da família do marido, para dentro da residência.


Estes, segundo as investigações, foram executados pelo tio da vítima, em uma espécie de vingança pelo ferimento grave provocado à sua sobrinha. Com risco de sofrer represálias, pai e filho deixaram o município em busca de proteção.


Os disparos, segundo laudo da perícia, foram feitos de uma pistola 9mm e atingiram uma porta e uma televisão da casa do marido de Hyara. O tio da vítima foi indiciado por conta da ação.


ARMA DO CRIME 


A arma utilizada pelo menor pertencia à sua mãe, sogra da jovem. Durante seu interrogatório, a mulher, que não tem porte legal, contou que tinha deixado o armamento sob supervisão de Hyara, devido a uma viagem que faria para fora da cidade. Ela ainda contou que não gostaria do equipamento "solto pela casa" enquanto estivesse fora. A arma foi entregue carregada.


A mulher foi indiciada por porte ilegal, além de homicídio culposo, quando não há intenção de matar, através do que pode ser entendido juridicamente como imprudência, imperícia ou negligência.


REDES SOCIAIS X INVESTIGAÇÕES 


Segundo o delegado, diversas hipóteses foram levantadas através das redes sociais. Entre elas, de que uma possível traição entre as famílias teria motivado a morte de Hyara, porém, segundo os investigadores, nada foi comprovado.


"Ela (linha de investigação) não corroborou com outras provas, ficando um elemento solto e sozinho. A Polícia Judiciária convergiu para a conclusão de tiro acidental do menor de 9 anos. Ontem foi encaminhado formalmente ao Judiciário e ao Ministério Público", detalha o coordenador Paulo Henrique.


Quanto aos indícios de violência doméstica e um possível "chicote" que teria sido encontrado na casa onde Hyara e seu marido moravam, as autoridades negaram qualquer relato similar durante o processo. Somado a isso, o laudo da necropsia não apontou lesões internas ou externas no corpo. Segundo testemunhas de ambas as famílias, a convivência da vítima com seu companheiro era pacifica.


Outra teoria, levantada por populares, foi de que o crime teria sido premeditado e que roupas da família já estariam arrumadas no carro na noite anterior aos disparos, e que o tanque de combustível do carro usado para a fuga estaria cheio. Porém, as investigações mostraram que os familiares do, à época, suspeito, passaram em um posto de gasolina no momento da fuga, deixando um cartão de crédito no local, como garantia de um pagamento futuro.


RELEMBRE O CASO


Hyara foi morta no dia 6 de julho, com um tiro na nuca, dentro de casa, no município de Guaratinga, no sul da Bahia. Ela chegou a ser socorrida por familiares do marido, mas não resistiu. Os parentes do adolescente alegaram que o disparo teria sido acidental. A família da vítima, por sua vez, creditou a autoria do crime ao marido e ao sogro de Hyara, supostamente por motivo de vingança.


Segundo os familiares, Hyara teria ligado para seu pai um dia antes de ser morta, pedindo para encontrá-lo pessoalmente. Os dois não chegaram a ser ver. Para a família, ela sofria agressões e já teria até sido chicoteada com uma espécie de couro, encontrado pela avó da vítima em seu quarto, após o crime.


LEIA MAIS: Mandados são cumpridos contra policiais envolvidos em extorsão e sequestro, em Salvador


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