Família acusa PM de invadir casa e executar menino na Bahia na mesma região onde sargento foi ferido; "ficava sonhando em casa"
O enterro de Uendel Andrade será na sexta-feira (24/9), às 15h, no cemitério de Plataforma. Segundo apuração do Aratu On, ele não tinha passagens pela Polícia Civil.
A morte de Uendel Andrade Sousa, 14 anos, foi uma supresa para a família. De acordo com testemunhas, ele estava empinando pipa com os amigos, em um conjunto que fica perto da Ceasa de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, quando uma guarnição da Polícia Militar entrou no local atirando, na tarde de quarta-feira (22/9).
A mãe da vítima, Nádia Mara, conta que uma vizinha, ao perceber a chegada da viatura, chamou Uendel e um amigo para casa. Ainda assim, a PM teria invadido o imóvel 03 da Ceasa II. A região é a mesma onde, horas antes da ocorrência, um sargento da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT/Rondesp RMS) foi baleado.
Um vídeo mostra as diversas marcas de balas na janela da casa, além da porta quebrada. No chão, ainda é possível ver um pouco do sangue de Uelton. Outras imagens, que não serão reproduzidas nessa matéria, mostram o interior da residência com ainda mais sangue, principalmente no banheiro, onde ele teria tentado se esconder.
A Polícia Milita disse, em nota, que diversas guarnições estiveram no local após o sargento ter sido baleado. Uma viatura da Rondesp teria sido recebida a tiros e, ao revidar, teria baleado Uelton. O jovem chegou a ser socorrido ao Hospital Municipal de Simões Filho, mas não resistiu. A PM diz ter apreendido um quilo de maconha com ele.
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— Aratu On (de 🏠) (@aratuonline) September 23, 2021
O menino tinha sonho de ser cantor. "Ele ficava cantando pra mim: 'minha mãe eu vouser rico, minha mãe, eu vou dar uma moto pra senhora'. Ele ficava sonhando comigo dentro de casa", conta a mãe, que tem outros três filhos. Um deles, o mais velho, mora em São Paulo, e o plano de Uendel era viajar para ficar com o irmão.
A mãe relata ainda que cobrava que ele se formasse antes de tentar a vida em outra cidade. "Uendel ia se formar próximo ano, era 9º ano, um aluno inteligente. O professor conhecia, todo mundo na escola conhecia, porque ele era inteligente", lembra a genitora, ainda com a farda do adolescente no colo.
Abalada, Nádia deu entrevista à TV Aratu, relembrando os momentos que teve com o filho. Além da farda, ela segurava a linha da pipa usada pelo menino quase todos os dias após a aula. Na outra, os cartuchos das balas disparadas. "Levei pra pegar a identidade segunda-feira", lembra ela, bastantante abalada.
O enterro de Uendel será na sexta-feira (24/9), às 15h, no cemitério de Plataforma. Segundo apuração do Aratu On, ele não tinha passagens pela Polícia Civil. O caso deverá ser registrado na Corregedoria da Polícia Militar.
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