Enfermeira que vive rotina de perseguição do ex é esfaqueada e internada em Salvador; "é muita dor", diz pai
Vítima ainda está internada, mas aparenta estar evoluindo bem ao tratamento
A enfermeira Fernanda Cravo, de 25 anos, foi esfaqueada no último sábado (19/6) na Avenida Dom João VI, no bairro de Brotas, em Salvador. Ela só conseguiu sobreviver por conta de testemunhas que a socorreram. O suspeito apontado pela família é o ex-companheiro dela, que conseguiu fugir do local de carro.
O pai de Fernanda, Raimundo Cravo, conversou com a equipe do Aratu On e disse que a vítima está se recuperando bem. "Graças a Deus há uma evolução, a sedação está diminuindo e ela está respondendo, mas segue intubada", contou. Ela esta internada no Hospital Geral do Estado, ainda sem previsão de alta.
O pai relatou que o casal faria cinco anos juntos em dezembro, mas o então companheio sempre mentiu muito e tentava controlar Fernanda. Há cerca de um mês, ela decidiu por fim à relação e voltou a morar com os pais na Avenida Dom João VI. Raimundo conta que o suspeito ficou esperando a vítima chegar do trabalho e tentou entrar com ela dentro do prédio, mas ela tentou fugir dele atravessando a rua, onde algumas pessoas faziam compras.
"Se ela fosse pro play [do prédio], ele ficaria sozinho com ela. Então ela correu para uma loja e foi lá que ela caiu, inconsciente. Dois funcionários que descarregavam um caminhão viram a cena, então ele correu pro carro e saiu em disparada", conta o pai.
Como o ex-companheiro sabia a escala de trabalho da enfermeira, ele ficou esperando próximo à casa no horário em que ela chegaria do plantão. Poucos dias antes, na quinta-feira (17/6), a enfermeira havia comaprecido a uma confraternização com os colegas da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em que trabalhava e o suspeito a seguiu.
"Ele dizia 'ah, eu vi você, se você estiver com alguém eu vou te matar', e ela respondia 'não, não estou com ninguém, estava com meus amigos. E não tenho mais nada com você'. Ele foi embora e voltou no sábado", disse.
O pai revelou ainda que não gostava do relacionamento da filha, mas ela, provavelmente em um relacionamento abusivo, sempre acreditava que o marido mudaria e acaba dando outra chance.
"Três meses antes de ela ir morar com ele, eu fiz uma reunião aqui em casa com ela, minha esposa e minha outra filha e resolvi falar que ele não era pra ela. Ela chorou, a mãe e a irmã dela tomaram a palavra, confirmando, mas ela, muito apaixonada e romântica, acabou indo morar com ele", lembrou.
O pai recordou ainda das diversas vezes em que ele foi ao prédio, chorando e tentando falar com a filha. Em uma das vezes, o genitor permitiu a conversa entre ambos, mas ficou ao lado da filha durante as duas horas de conversa. Ele lembrou que ele insistia que mudaria e que ela deveria voltar, mas ela dizia que estava decidida.
Um dia após o crime, no domingo (20/6), o suspeito ligou para Raimundo. "Ele me ligou, mas eu não deixei ele falar. Disse que o encontrava na delegacia. Cheguei a dizer 'seu desgraçado, você pode se esconder no inferno que eu vou lhe encontrar'".
Além do crime, a irmã de Fernanda morreu há nove meses, aos 27 anos. "A gente tá muito machucado, muito preocupado. É muita dor. Se não tivessemos a força divina, não sei como estariamos suportando isso tudo", finalizou.
A redação entrou em contato com a Polícia Civil da Bahia, que confirmou que há uma investigação, mas ainda não há um mandado de prisão expedido em nome do suspeito. Até que isso aconteça, não podemos informar o nome do ex-companheiro ou divulgar fotos dele.
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