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Abrantes: moradores voltam a denunciar ação de milícia em área palco de várias mortes por disputa de terras

Um dos homens envolvidos no caso usava um uniforme da Prefeitura de Camaçari.

Por Da Redação

Abrantes: moradores voltam a denunciar ação de milícia em área palco de várias mortes por disputa de terras TV Aratu/reprodução


Moradores da região de Fazenda Malícia, em Vila de Abrantes, Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, estão denunciando a atuação de uma milícia. De acordo ele, um grupo de homens armados estaria assustando a população e impedindo as pessoas de construir casas no bairro. A última invasão aconteceu no sábado (15/10).


Segundo a reportagem do Cidade Aratu, todas as vezes que uma pessoa começa a construir um muro, os supostos milicianos, que se dizem donos do local, derrubam e ameaçam os cidadãos com armas.


Um vídeo registrado por câmera de segurança mostra o momento em que os homens armados derrubam o muro da obra de um morador, que adquiriu o terreno legalmente. O dono da obra, Edson Thiago, disse à repórter Larissa Baracho que cerca de 10 homens foram os responsáveis pela demolição desse muro e de muitos outros.


"Sem um madado judicial, sem uma reintegração de posse, sem um órgão responsável pela demolição do muro, eles vieram e simplesmente derrubaram". 


Um dos homens envolvidos no caso usava um uniforme da Prefeitura de Camaçari. De acordo com os moradores do bairro, o grupo de milicianos teria matado o antigo dono dos terrenos há dois anos. Agora, eles estariam pressionando os atuais moradores a saírem do local para que eles fiquem com a posse dos lotes.


MORTES


Em 2020, um homicídio registrado na Fazenda Malícia escancarou o crime. O herdeiro dos lotes, Wilson Messias de Souza, de 56 anos, foi assassinado por dois motociclistas. Dois meses antes, ele gravou a seguinte mensagem: "As minhas terras, ele não vai roubar. Estou disposto a brigar, lutar a qualquer hora". 


Poucos meses depois, em setembro, o policial militar Ítalo de Andrade Pessoa e o ex-fuzileiro naval Cleverson Santos Ribeiro foram mortos em Camaçari. Segundo moradores do bairro disseram na época, um dos autores do crime, um sargento da 59ª Companhia Independente (CIPM/Vila de Abrantes), e outro agente, um tenente da 31ª CIPM de Valéria, fazem parte da milícia que vem aterrorizando os cerca de 40 moradores do local.


Em outubro de 2020, uma Força Tarefa da Secretaria de Segurança Pública de Combate a Grupos de Extermínio e Extorsões desarticulou uma suposta organização criminosa, composta por policiais militares da ativa e da reserva. Segundo a SSP divulgou na época, o grupo é suspeito de envolvimento nas mortes de Ítalo e Cléverson.


Ainda conforme a SSP, além de serem os responsáveis pelas duas mortes, os PMs suspeitos praticavam grilagem de terras na Região Metropolitana de Salvador.


Seis mandados de prisão temporária foram cumpridos contra oficiais e praças lotado na 59º Companhia Independente (CIPM) de Vila de Abrantes, das Rondas Especiais (Rondesp) e 31º CIPM/Valéria, além de agentes da reserva. O filho de um dos militares capturados, um ex-policial e um homem que atuava com o grupo, completam a quadrilha.


Na ação, também foram apreendidos quatro pistolas, carregadores, munições, coletes balísticos, mais de 2.500 pinos de cocaína, pedras de crack e um carro com placa adulterada.


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