'Caso Marielle': Bolsonaro nega envolvimento, ataca governador do Rio e Globo; veja vídeo
'Caso Marielle': Bolsonaro nega envolvimento, ataca governador do Rio e Globo; veja vídeo
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), respondeu à reportagem da TV Globo que, nesta última quarta-feira (29/10) divulgou uma menção ao seu nome na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), do Rio de Janeiro, e do motorista dela, Anderson Gomes, ocorrido em março de 2018.
Em transmissão nas redes sociais, Bolsonaro se isentou de responsabilidade pelo crime e fez duras críticas à imprensa, sobretudo a TV Globo, pelas reportagens que envolvem não apenas ele, mas também seus familiares. Ele ainda insinuou que as informações do processo, que está sob sigilo, teriam sido vazadas pelo governador Wilson Witzel (PSC). "O governador Witzel que se explique agora como vazou esse processo", disse Bolsonaro.
O porteiro do condomínio onde morava Bolsonaro à época disse em depoimento que alguém com a voz "do seu Jair" autorizou a entrada de um dos suspeitos da morte da vereadora no dia do crime. Bolsonaro, no entanto, neste dia estava na Câmara dos Deputados, segundo registro de presença da Casa consultado pela reportagem da emissora carioca.
"Estou à disposição para falar nesse processo, conversar com esse delegado sobre esse assunto, para começar a colocar em pratos limpos o que está acontecendo no meu nome. Por que estão querendo me destruir?", questionou Bolsonaro durante a transmissão pela web. Bolsonaro disse que não conhecia Marielle e que não tinha nenhum motivo para querer matar alguém. O presidente afirmou ainda que o porteiro pode ter assinado o depoimento sem ler.
"Qual é a intenção da Globo fazer isso ai? Nós estamos vendo problemas ocorrendo na América do Sul. Argentina, Chile, Venezuela, Bolívia, Peru... Será que a Globo quer criar uma narrativa, ou que o povo deveria ir à rua para pedir meu afastamento? É o tempo todo isso", afirmou Bolsonaro, que aproveitou e criticou a revista Época (do Grupo Globo) por reportagem em setembro sobre a atuação de Heloísa Wolf Bolsonaro, mulher do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), como psicóloga.
VÍDEO:
Acusação contra Witzel
Ainda em sua live, Bolsonaro insinuou que o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, teria vazado as informações do inquérito para a TV Globo. Ele atribuiu a insinuação a uma reportagem da revista Veja. Segundo o presidente, Witzel teria interesse em atacá-lo de olho nas eleições de 2022.
"O senhor só se elegeu governador porque ficou o tempo todo colado com o [senador] Flávio Bolsonaro, meu filho. Ao chegar à presidência (sic), a primeira coisa que o senhor fez foi se tornar inimigo dele, para concorrer à presidência em 2022", disse.
"Esse inquérito do caso Marielle deixa claro que tem algo muito errado no caso desse processo. Eu gostaria muito de falar nesse processo, conversar com o delegado desse assunto, para colocar em pratos limpos o que está acontecendo com o meu nome", completou.
Globo se pronuncia
No Jornal da Globo, a âncora Renata Lo Prete leu uma nota oficial da Rede Globo rebatendo as acusações do presidente Jair Bolsonaro.
"A Globo não fez patifaria nem canalhice. Fez, como sempre, jornalismo com seriedade e responsabilidade. Revelou a existência do depoimento do porteiro e das afirmações que ele fez. Mas ressaltou, com ênfase e por apuração própria, que as informações do porteiro se chocavam com um fato: a presença do então deputado Jair Bolsonaro em Brasília, naquele dia, com dois registros na lista de presença em votações."
"O depoimento do porteiro, com ou sem contradição, é importante, porque diz respeito a um fato que ocorreu com um dos principais acusados, no dia do crime. Além disso, a mera citação do nome do presidente leva o Supremo Tribunal Federal a analisar a situação."
"A Globo lamenta que o presidente revele não conhecer a missão do jornalismo de qualidade e use termos injustos para insultar aqueles que não fazem outra coisa senão informar com precisão o público brasileiro. Sobre a afirmação de que, em 2022, não perseguirá a Globo, mas só renovará a sua concessão se o processo estiver, nas palavras dele, enxuto, a Globo afirma que não poderia esperar dele outra atitude. Há 54 anos, a emissora jamais deixou de cumprir as suas obrigações".
Witzel se defende
O governador do Rio de Janeiro divulgou um comunicado no Twitter afirmando que foi "atacado" de forma injusta e ressaltando que "não houve interferência política nas investigações" do caso Marielle. "Lamento profundamente a manifestação intempestiva do presidente Jair Bolsonaro. Ressalto que jamais houve qualquer tipo de interferência política nas investigações conduzidas pelo Ministério Público e a cargo da Polícia Civil. Em meu governo, as instituições funcionam plenamente e o respeito à lei rege todas nossas ações. Não transitamos no terreno da ilegalidade, não compactuo com vazamentos à imprensa", disse.
"Não farei como fizeram comigo, prejulgar e condenar sem provas. Hoje, fui atacado injustamente. Ainda assim, defenderei, como fiz durante os anos em que exerci a Magistratura, o equilíbrio e o bom senso nas relações pessoais e institucionais. Fui eleito sob a bandeira da ética, da moralidade e do combate à corrupção. E deste caminho jamais me afastarei."
"O que cheira isso aqui, o que parece é que ou o porteiro mentiu, ou induziram o porteiro a cometer um falso testemunho, ou escreveram algo no inquérito que o porteiro não leu e assinou embaixo em confiança ao delegado, ou a quem que foi ouvir na portaria. Qual intenção disso tudo? A intenção é sempre a mesma. O tempo todo ficam em cima da minha vida, dos meus filhos.", disse o presidente.
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