AVC: Terceira maior causa de morte natural no mundo, doença é discutida em Salvador
AVC: Terceira maior causa de morte natural no mundo, doença é discutida em Salvador
O Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como ‘derrame’, é a terceira maior causa de morte natural na população adulta no mundo, atrás apenas do câncer e do infarto, segundo dados de 2012 da Organização Mundial da Saúde (OMS). Só no Brasil, são aproximadamente 100 mil óbitos por ano.
De acordo com os números da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), 12.766 pessoas morreram de Acidente Vascular Cerebral na Bahia em 2016. O número, apesar de alto, pode ser visto com otimismo, já que, em 2015, foram registrados 15.103 óbitos por causa do AVC.
Classificado como hemorrágico, quando um vaso sanguíneo cerebral se rompe, ou isquêmico, causado por uma obstrução nas artérias do cérebro, o AVC é considerado uma doença silenciosa. Pode ser provocada por hipertensão arterial, tabagismo, obesidade, doenças cardíacas, entre outros problemas.
Sua prevenção, causas e novidades nos tratamentos, inclusive, começaram a ser discutidas nesta quinta-feira (5/10), no XI Congresso Brasileiro de Doenças Cerebrovasculares, no Hotel Bahia Othon Palace, no bairro de Ondina, em Salvador .
Voltado para a atualização científica de profissionais na área, o evento, que acontece até este sábado (7/10), é realizado pela Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV) e pela Sociedade de Neurologia da Bahia.
“A programação científica tem sido cuidadosamente planejada, contando com autoridades políticas e os mais importantes líderes nacionais e estrangeiros”, afirmou o presidente do Congresso, Dr. Bruno Bacellar Pedreira, ressaltando que a informação estará aliada ao entretenimento, na programação.
Casos
O AVC atinge, geralmente, idosos. Porém, nos últimos tempos, não são raros os casos em pessoas com menos de 40 anos. Quem o diga a biomédica Michelle Pimentel, 24 anos, e a publicitária Carina Spinola, 38. A primeira, então com 22 anos, sentiu fortes dores de cabeça, certa noite, antes de dormir, e tentou se levantar, sem sucesso, pois a perna esquerda não se movia.
A mãe da – então – estudante escutou o choro da filha e, ao chegar em seu quarto, encontrou a mesma babando e com a boca torta (típicos sintomas de um AVC). Contudo, Michelle não tinha essa percepção – acreditava estar falando normalmente. A jovem foi com os pais para uma emergência hospitalar. Porém, o médico avaliou como uma crise de estresse, visto que ela “muito nova” para algo mais grave.
Voltou para casa e passou o dia seguinte dormindo. Contudo, no terceiro dia, foi a outro hospital. Lá, Michelle foi submetida a uma tomografia. Resultado: o exame apontou um AVC isquêmico. Ela ficou seis dias internada.
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“Não tinha doenças pré-existentes, mas estava passando por um período muito estressante. Alguns médicos acreditam que isso tenha influenciado”, disse Michelle, que estava em conclusão de curso na época, somado a um estágio.
“Muitas pessoas tinham a mesma rotina que eu, mas não soube reconhecer meu limite. Cada um tem seu tempo e é preciso respeitá-lo”, afirmou. Embora não tenha ficado com sequelas, os primeiros seis meses foram difíceis para a biomédica. Além do andar ter ficado comprometido, Michelle não podia ficar sozinha, pois enjoava e passava mal constantemente.
O AVC de Carina, por sua vez, foi de forma diferente. Ele estava almoçando, no trabalho, quando começou a ter os primeiros sintomas. “Perdi força na mão direita e meus olhos ficaram mais sensíveis à luz”, contou ao Aratu Online. Sem saber o que estava acontecendo, a publicitária não comentou com ninguém e voltou ao expediente. Entretanto, ao atender uma ligação, percebeu que a voz ‘embolava’ e não conseguia falar direito.
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“Pedi ajuda a uma colega e fui ao banheiro, mas ela não me compreendia, porque eu só ‘balbuciava’, só falava ‘eu'”, explicou. “Sentei-me e, nessa hora, a colega notou meu rosto ‘caído’. Foi aí que ela entendeu e me socorreu, levando-me para um hospital”, relatou Carina.
Passou por uma bateria de exames, como raio-x e eletrocardiograma. Ficou oito dias internada, dos quais quatro foram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Todavia, só depois de seis meses que o diagnóstico foi ‘concluído’: AVC em decorrência de um shunt pulmonar – quando a ventilação do pulmão fica comprometida.
Diferente de Michelle, Carina ficou com sequelas. Tem uma espécie de ‘delay’ na fala, chamada de afasia, além da perda da força na mão direita. Mesmo assim, a publicitária, que praticava ballet, jazz e ainda fazia musculação, voltou à função laboral dois meses após o ocorrido e tenta ver o lado positivo da vida. Pensa, inclusive, em aumentar a família, em breve.
“Meu médico disse que preciso procurar um especialista, por causa do maior risco de trombose, depois do AVC, mas quero muito engravidar”, explicou. “Todos os dias, quando levanto, vou ao banheiro e sorrio de verdade. Agradeço a Deus por estar viva”, concluiu Carina.
Sintomas
Os principais sintomas são a fraqueza de um lado do corpo e a dificuldade para falar, mas também pode ocorrer de a pessoa ter uma perda temporária ou súbita da visão, visão dupla ou embaçada, formigamento ou redução na sensação de tato, dormência no rosto e até confusão mental ou incapacidade de falar ou entender a própria língua.
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AVC e demência
Em entrevista ao Portal Brasil, do Governo Federal, o neurologista Fábio Porto fez uma alerta para os que têm mais de 60 anos, visto que é bastante comum o idoso apresentar o AVC mais de uma vez. Nesse caso, a somatória de lesões no cérebro pode acarretar em problemas de memória. Segundo ele, as isquemias cerebrais têm grande contribuição para os casos de demência no Brasil.
Tratamento
O tratamento preventivo engloba o controle de vários fatores de risco vasculares, a exemplo da pressão arterial, diabetes, colesterol, triglicérides e doenças cardíacas. Além disso, é importante ter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos e evitar fumar. O uso de medicamentos anticoagulantes também podem minimizar danos cerebrais.
SERVIÇO
XI Congresso Brasileiro de Doenças Cerebrovasculares
Quando: Quinta-feira (5/10) a sábado (7/10)
Onde: Hotel Bahia Othon Palace (Av. Oceânica, 2294 – Ondina, Salvador)
Mais informações e inscrições no site do evento.
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*Publicada originalmente às 7h15 (5/10)