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ESPECIAL VIDAS ADAPTADAS: A curiosa história da jovem que, mesmo exposta ao calor, não sua

ESPECIAL VIDAS ADAPTADAS: A curiosa história da jovem que, mesmo exposta ao calor, não sua

Por Diego Adans

ESPECIAL VIDAS ADAPTADAS: A curiosa história da jovem que, mesmo exposta ao calor, não suaFoto: Arte/Leow Lopes

Aratu Online iniciou na última terça-feira (25/7) uma série especial sobre doenças misteriosas e as vidas adaptadas dos seus portadores. Levamos em consideração enfermidades que fogem ao senso comum e mudam a forma de percepção de quem precisa conviver com ela.


No primeiro episódio contamos a história de Rômulo Alessandro, de 37 anos, que sofre com parosmia traumática. Ou seja, não consegue sentir o cheiro das coisas.


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No segundo, mostramos como a aposentada Eliete Souza vive com prosopagnosia. Isto significa que ela não memoriza o rosto de ninguém ? nem de quem conhece há longas datas.


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Nesta terceira reportagem da série, contaremos a história de Nayane Cruz, 24. Ela sofre de hiperacusia e zumbido. Traduzindo: hipersensibilidade a sons de baixa intensidade seguido de barulho ininterrupto.


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Nesta quarta reportagem da série, vamos falar da condição de Vanessa Silva. Ela é portadora de Anidrose. O nome soa estranho, mas refere-se as pessoas que não suam.


     “Não posso tomar banho quente, passo muito  mal”


ESPECIAL VIDAS ADAPTADAS: A curiosa história da jovem que, mesmo exposta a altas temperaturas, não sua


A história da vida da estudante de engenharia civil e como ela conseguiu se adaptar às condições você confere nas próximas linhas.


Boa leitura!


                                                                                       ***


Imagine a cena: você vai à praia em pleno verão de Salvador. O termômetro marca 33º e apesar do forte calor, você não sua. Maravilha, hein?! Pois é… para muitos tal situação seria motivo de alívio e, até mesmo, uma dádiva higiênica. Ironicamente, porém, este é o drama que a estudante Vanessa Silva vive. Aos 24 anos, ela é portadora de Anidrose, que é a condição caracterizada pela ausência ou redução do suor, podendo ser tanto localizada como generalizada.


Apesar de incômodo, o suor é muito importante para o corpo humano. Afinal, a transpiração é o principal mecanismo para resfriar o organismo, que funciona bem a uma temperatura aproximada de 36,5° C. Se esse termômetro passar dos 38° C, há algo errado. Fica o alerta…


Somente aos 20 anos, a estudante Vanessa descobriu que sofria de anidrose


Muitas vezes a anidrose passa despercebida, sendo que ela é especialmente perigosa em crianças. Vanessa que o diga. Foi justamente nesta fase, que ela vivia o ápice de seu drama. O pior de tudo: mal tinha noção de que era vítima de uma doença.


“Quando eu era bebê, eu ficava muito assada. Meu pescoço chegava a ficar ferido. Minha mãe achava que era alguma alergia causada pelas fraldas. Ela não tinha noção de que, de fato, era uma doença”, relembra. Por conta da “alergia”, a então criança precisou se adaptar. Brincadeiras ao ar livre, sob o sol eram controladas.


Segundo a dermatologista Carolina, que faz parte da Sociedade Brasileira de Dermatologia, os sintomas da doença geralmente começam a ficar mais perceptíveis aos dois anos de idade, quando a criança passa a ter febres de origem indeterminada. “Não tem uma medicação para tratar. É preciso controlar e fazer com que a criança se adapte à condição”, diz.


EXPOSIÇÃO 


“Se eu ficasse muito exposta ao sol, apareciam manchas, eu me coçava bastante e até me feria. Minha mãe mesmo sem ter noção do que eu sofria, cuidava de mim, evitava, ao máximo que eu tomasse sol. Então, ficava mais dentro de casa, brincava com meu sobrinho – dois anos mais novo. Brincávamos de gude, cartas…dentro de casa. Mas quando saia, ia brincar na rua depois das 16h”, revelou.


A preocupação de dona Valdeci não era à toa. Afinal, caso um paciente com essa síndrome se exponha ao sol por muito tempo, pode desenvolver um quadro de hipertermia, com sintomas como câimbra, ânsia de vômito, fraqueza e até convulsões. “O suor é a forma que o organismo tem para liberar calor e regular a temperatura. Como essas pessoas não produzem suor, são intolerantes ao calor”, explica Carolina Marçon.


DESCOBERTA


Somente aos 20 anos, Vanessa descobriu do que sofria. Curiosamente, foi por acaso. “Meu noivo notou que eu apresentava várias manchas. Então, ele me aconselhou ir ao dermatologista. Lá, a doutora viu e já  foi diagnosticado o que eu sofria. Passou shampoo, pomadas, creme… tudo para eu usar”, enumera, a jovem, que passou a viver outro dilema.


Um dos resultados da falta de suor é a constante vertigem ocasionada muita por conta da exposição às altas temperaturas

Um dos resultados da falta de suor é a constante vertigem gerada, principalmente, por conta da exposição às altas temperaturas


“Ah, fiquei com medo de meu noivo acabar o relacionamento comigo. Mas, ao contrário, ele me apoiou ainda mais e desde então está do meu lado”, afirma a estudante, que atualmente, toma alguns cuidados fundamentais. Como, por exemplo, ingerir muito líquido, hidratar a pele e evitar sair de casa em climas muito quentes.


“Quando saio, passo muito protetor solar. Tenho até dado sorte nesses últimos dias, afinal com esse friozinho que está fazendo em Salvador, fico bem. Só que tem um problema: não posso tomar banho quente, que aí passo muito mal”, aos risos contou.




ORIGEM



Em estudo publicado no  The Journal of Clinical Investigation, o origem da doença se deve a mutação que ocorre em um gene, chamado ITPR2. Este, por sua vez, controla um processo celular básico em glândulas sudoríparas.


De acordo com os pesquisador,  Katsuhiko Mikoshiba, biólogo celular e principal autor do estudo, o gene codifica uma proteína, chamada InsP3R, que ajuda a mover os iões de cálcio para dentro e fora das células, sendo essencial para muitas funções celulares. A mutação que os cientistas descobriram resulta em proteínas defeituosas que não permitem que as células liberem os íons de cálcio, consequentemente, a produção do suor.


VIDA NORMAL 


À reportagem, Vanessa disse ainda que ‘apesar dos pesares’ vive uma vida normal e até brinca com a situação. “Tem o lado bom também de não suar. Na academia, por exemplo, faço exercício físico e fico tranquila. Não tenho o famoso ‘cc’, tampouco chulé. Estou sempre cheirosa”,  disse descontraída.


Segundo Carolina Marçon, não há cura para a doença. Os indivíduos que sofrem de anidrose necessitam aprender a evitar situações que provoquem muito calor. “Uma boa ideia é manter-se sempre em ambientes ventilados ou com ar-condicionado”. Fica a dica…





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