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EQUAÇÃO FATAL: Cajazeiras vê crescimento do tráfico com um policial para cada 5 mil habitantes

EQUAÇÃO FATAL: Cajazeiras vê crescimento do tráfico com um policial para cada 5 mil habitantes

Por Jean Mendes

EQUAÇÃO FATAL: Cajazeiras vê crescimento do tráfico com um policial para cada 5 mil habitantesAratu Online

“Condutor de motocicleta é morto em Cajazeiras 11”; “Homem morre e outro é baleado dentro de ônibus em Cajazeiras”; “Suspeitos de assassinar cantor em Cajazeiras confessam crime”. Estes são exemplos de manchetes do Aratu Online neste ano. Percebeu uma semelhança entre eles? Os casos aconteceram no mesmo bairro. Do primeiro dia de 2017 até esta segunda-feira (20/3), 32 pessoas foram assassinadas na região de Cajazeiras.


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Os números estão disponibilizados no Boletim Diário da Secretaria da Segurança Pública (SSP). O órgão sempre explica que esta estatística é postada em auxílio “ao trabalho dos jornalistas”. A reportagem do Aratu Online solicitou à pasta os números consolidados de crimes em Cajazeiras no período informado, mas não obteve resposta.


O foco desta reportagem não é apenas mostrar os altos índices. Em janeiro, já havíamos chamado atenção para este aumento em escala geométrica. A tentativa é entender as razões pelas quais a violência invadiu o bairro mais populoso de Salvador provocando pânico e medo. Os homicídios correspondem à região da 13ª Área Integrada de Segurança Pública (AISP 13), que inclui Águas Claras. Toda essa região é vigiada por apenas uma Companhia Independente da Polícia Militar, a 3ª CIPM.


Área da AISP 13. Foto: divulgação/SSP


“Temos uma ideia do que pode estar acontecendo: a disputa pelo tráfico de drogas, a exemplo das ‘guerras’ pela tomada das ‘bocas de fumo’; e as dívidas também relacionadas ao tráfico”, conta o comandante em exercício da 3ª CIPM, capitão Agílio Nunes. A unidade, de acordo com o oficial, conta com 160 policiais e 10 viaturas. A estatística inclui a Base Comunitária de Segurança (BCS) instalada em Águas Claras.


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O número é baixo em relação ao número populacional, estimado em 800 mil. Isso dá uma média de um policial para cada 5 mil habitantes.


“Pela madrugada não vemos uma viatura na rua”, conta o presidente das Associações de Moradores de Cajazeiras, Evanir Borges. Ele ressalta que o efetivo da Polícia Civil também é defasado. “O governo inaugurou aqui [em Cajazeiras] o Distrito de Segurança, mas mantêm os mesmos policiais da antiga delegacia”, destaca.


O líder aponta, além do problema relacionado ao tráfico de drogas, outro possível motivo para o aumento da violência. “Novas vias de acesso [ligando Cajazeiras XI à BR-324] facilitam a entrada e saída da vagabundagem de Cajazeiras”. Evanir lembra que, em alguns pontos, o medo impera. “Nós vamos em algumas localidades em Cajazeiras e parece um cemitério pois a população está trancada em casa com medo”.


Toda a sensação de insegurança na região é comanda por uma facção. “Não gosto muito de falar sobre a área das facções, mas aqui em Cajazeiras o Bonde do Maluco [BDM] está na maior parte, assim como acontece em Salvador. Temos uma ideia disso até pelas pichações em alguns muros”, informa o capitão à frente da CIPM.


Tanto o comandante em exercício quanto o líder comunitário têm uma solução em comum: a criação de um Batalhão da PM em substituição à Companhia Independente. “Nosso comandante geral já está sensível a isso, mas demanda tempo. Acredito que, quando a próxima turma de soldado seja formada, o BPM de Cajazeiras será criado. Isso dobraria o nosso efetivo”, destaca o capitão Nunes.


CRIMES CHOCANTES


De todos os crimes computados na região da AISP 13, pelo menos quatro chamaram a atenção. Cronologicamente, o primeiro deles foi registrado justamente no dia 1º de janeiro. Ivonete de Souza Santos, de 45 anos, foi assassinada na localidade conhecida como Jardim Mangabeira. Segundo a versão da Polícia, os suspeitos faziam um churrasco ao lado da casa da costureira e não teriam gostado quando a vítima foi ao local. Ninguém foi preso.


A outra situação aconteceu no dia 5 de março. O cantor e compositor Felipe Yves, 21 anos, foi brutalmente executado por supostos traficantes da Boca da Mata. De acordo com a versão oficial, o jovem foi visitar um morador na área e disse aos suspeitos que conhecia alguém de uma facção rival. Dois homens foram presos e dois adolescentes acabaram apreendidos. Todos têm relação com o assassinato que chocou moradores de Cajazeiras.


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Já no dia 15 de março, a transexual Camila Albuquerque foi encontrada morta na via de acesso à Cajazeiras 11. A Polícia Civil anunciou na oportunidade que o caso pode estar relacionado com o homicídio do segurança Djair Souza de Assunção. O crime aconteceu no bairro da Ribeira um dia antes de o corpo de Camila ser encontrado.


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O último caso ilustra a fala do capitão Nunes sobre a “guerra” do tráfico. Vinícius dos Santos Souza foi morto pelos seus próprios comparsas em Águas Claras, no final da tarde do domingo, 19 de março. “O que sabemos preliminarmente é que a vítima tinha subtraído algumas armas da facção que impera naquele local e foi executado por esse fato”, resume o comandante em exercício da CIPM sobre o caso.



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