'Lugar de Mulher é no Cinema': 7ª edição da mostra aposta em programação diversa para atrair público
Evento de fomento aos curtas-metragens acontece nesta semana, em Salvador, com oficinas, palestras e shows
Será realizada nesta semana, em Salvador, a 7ª Mostra Lugar de Mulher é no Cinema. A abertura será na quarta-feira (24/7), no Sesi Casa Branca, na Ribeira, com apresentações de Nininha Problemática e DJ Gabi da Oxe. De 25 a 28 de julho, a programação segue com atividades no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM) e no Subúrbio 360, no bairro de Coutos.
Nesse período, além da exibição de curtas-metragens produzidos por mulheres e pessoas não binárias, o público contará com workshops, oficinas, palestras, shows e masterclasses. Haverá, ainda, conteúdos online, sobre distribuição de curtas e longas-metragem.
A mescla de atividades visa contribuir para a expansão do festival, tirando-a do lugar do "academicismo", como explica a idealizadora e realizadora do evento, a cineasta Hilda Lopes Pontes.
"Queríamos que entendessem que o cinema também tem um aspecto social e, para tirar a pessoa de casa, do conforto da coberta, do streaming, pensamos nesses atrativos", disse, nesta segunda-feira (22/7), em entrevista a jornalistas, no MAM.
HOMENAGEADA
Esta 7ª edição homenageia a produtora baiana Sol Moraes, que tem mais de 40 obras entre curtas, longas de produções próprias e em co-produção com empresas nacionais - a exemplo do filme "Capitães da Areia", de Cecília Amado - e internacionais.
Sol Moraes | Foto: Divulgação/7ª Mostra Lugar de Mulher é no Cinema
Presente na coletiva de imprensa nesta segunda-feira, Sol destacou a função de alicerce ou "espinha dorsal" dos produtores, que muitas vezes não têm reconhecimento. Para ela, uma das maiores dificuldades enfrentadas ao fazer cinema na Bahia e no Brasil, ainda hoje, é que o trabalho é feito "de forma empírica". Formada em Cinema pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), ela critica:
"[A universidade] não falava em filmografia baiana e brasileira. Só Orlando Sena, que era obrigatório e dois filmes de Glauber Rocha: 'Deus e o Diabo na Terra do Sol' e 'Terra em Transe'. [...] Onde a gente está errando na comunicação? Falta um encontro de produtores. Falta à academia o laboratório, cursos de extensão [na área]... Editais são para lançar pessoas e o FSA [Fundo Setorial do Audiovisual] não pode ser bengala".
DESCENTRALIZAÇÃO
A diretora-executiva da 7ª Mostra Lugar de Mulher é no Cinema, Day Sena, pontuou ainda que desde que o projeto cresceu e ganhou incentivos financeiros. "Deixa de ter recorte apenas local para ser nacional", afirmou. "E também pensamos nessa descentralização, por isso o Subúrbio 360, que é uma das maiores estruturas de Salvador", complementou, sinalizando ainda que, desde a sua criação, a mostra deixou de ter um recorte local para ter um nacional.
Hilda Lopes Pontes acrescentou que os nomes de realizadoras baianas têm circulado mais desde a primeira edição do projeto, mas que "uma geração mais novata precisa de um certo empurrãozinho". Além disso, para ela, o fomento aos curtas-metragens ajuda a tratar tais produções como os filmes que - de fato - são.
Por fim, Hilda e Day ponderaram que, apesar de oficinas voltadas às mulheres, a mostra é aberta ao público. "Parece que filmes de homens são 'filmes' e de pessoas no espectro do feminino são academicismo ou política", observou a primeira, ao passo que a segunda estendeu o convite aos homens: "Podem e devem ir. A mostra é para vocês também. [...] A gente também precisa conversar com quem não nos enxerga".
CATEGORIAS E PREMIAÇÕES
Com sessões competitivas e não competitivas, a Mostra oferece uma plataforma para olhares dissidentes e plurais serem exibidos, destacando questões de raça e sexualidade. As produções deste ano serão contempladas em três categorias: Raízes (filmes baianos), Matinê (voltados para infância e adolescência) e Luas (nacionais).
Confira abaixo os selecionados para cada uma:
- Raízes
"Àquela Saudade", de Agnes Aguirre
"Caminhos Abertos", de Bárbara Lima
"Dança do Adeus", de Agner Aguirre
"Lamento às Águas", de Vilma Carla e Martins
"O Tempo das Coisas", de Lara Beck e Martins
"Tramas da Mata", de Ana Cláudia Bastos e Alessandra Flrores
- Matinê
"A Menina Corina em: quantos mundos cabem em um mundo só?", de Luciellen Castro
"A Escola das Diferenças", de Constantina e Xavier Filha
"Ana e as Montanhas", de Júlia Araújo e Carla Villa-Lobos
"Dona Biu", de Gabriela Taulois
"Maré Braba", de Pâmela Peregrino
"Lágrimas", de Paula Vanina
"Tá Sussu", de Dricca Silva
"Como chorar sem derreter", de Giulia Butler
"Impedimento", de Renata Baracho
"Passistas em dois tempos", de Ana Raquel da Silva
- Luas
"Abodô", de Bruna Leite e Cecilia da Fonte
"Cabana", de Adriana de Faria
"Quarta-feira", de Maria Odara
"Vão das Almas", de Edileuza Penha e Santiago Dellape
"Mãe", de Natália Tavares
"O Prazer é Todo Meu", de Vanessa Sandre
"Surreal", de Joyce Prado/Oxalá Produções
"Aguyjevete Avaxi'i", de Kerexu Martim
"Cida Tem Duas Sílabas", de Giovanna Castellari
"A Faísca", de Gabriela Monteiro
"Aquela Mulher", de Cristina Lago e Marina Erlanger
"Eu não sei se vou ter que falar tudo de novo", de Viória Fallavena e Thassilo Weber
PREMIAÇÃO
Serão três prêmios principais, de "Melhor Filme" para cada categoria. Além disso, dentro da categoria Luas haverá premiação para "Melhor Intérprete", "Melhor Edição", "Melhor Direção" e "Prêmio Marielle Franco de Direitos Humanos". A avaliação será feita por dois júris.
ATIVIDADES FORMATIVAS
Um dos workshops da 7ª Mostra Lugar de Mulher é no Cinema será a intitulada "Largue o Doce", no dia 28 de julho, ministrada pelas atrizes Valdineia Soriano, no ar na novela "Rancho Fundo", da Globo, e Cássia Valle, do Bando de Teatro Olodum. Com 35 anos de carreira, a segunda explicou que "a ideia é fazer jogos sobre essa narrativa poética que a gente tem feito no teatro". "Será uma oficina muito prática, com trocas reais", falou.
A programação completa pode ser conferida no site oficial da mostra (clique aqui).
APOIO
O projeto 7ª Mostra Lugar de Mulher é no Cinema foi contemplado pelo edital SalCine, com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos @fgmoficial, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura e Governo Federal.
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