Família

Adolescente mata a mãe, o irmão e tenta matar o pai, que lhe tomou o celular. Onde isso nos toca e onde deveria nos tocar?

Colunista On: Otávio LealPai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental e psicanalista em formação
Adolescente mata a mãe, o irmão e tenta matar o pai, que lhe tomou o celular. Onde isso nos toca e onde deveria nos tocar?

Imagem meramente ilustrativa/Pexels


 


Essa cena foi noticiada em todos os jornais nas últimas semanas. Não foi o primeiro caso e, infelizmente, não deve ser o último.


Essa notícia pode ser lida de diversas formas e a forma como a lemos pode trazer respostas para as nossas próprias perguntas e inquietações.


Pensei rapidamente e me ocorreram alguns outros títulos para a mesma matéria:


• Filho que não sabia lidar com a frustração mata a família;

• Um adolescente com raiva matou a mãe e o irmão;

• Um adolescente negligenciado e violentado matou quem o feria;

• Adolescente prefere o celular e decide matar a família;

• Um adolescente violento e "mal criado" matou a família;

• Pais irresponsáveis deixaram uma arma acessível e gerou uma tragédia;

• Pais que não souberam educar foram mortos pelo filho.


Talvez todos esses títulos caibam nessa matéria. Talvez não. Talvez seja o primeiro e o último ato de violência desse garoto. Talvez seja um psicopata.


Como poderemos saber? OUVINDO! ESCUTANDO! TENTANDO SENTIR!


As crianças, os adolescentes, os adultos, os "bons", os "maus", TODOS merecem e precisam dessa escuta. Só através dela podemos traçar qualquer perfil ou indicar uma possível causa para tamanha violência e crueldade.


Mesmo que a culpa pela violência não seja das vítimas, precisamos aprender a escutar.


Quando lemos uma matéria com esse teor, é um choque de realidade! Inverte a aparente lógica da vida. Em seguida, vem a angústia! E, por trás da angústia, o medo implícito de sermos NÓS na mesma cena! Ou matando, ou morrendo.


Seremos mortos pelos nossos filhos? Teríamos a coragem de matar os pais? Algum dia isso nos passou pela cabeça? Seremos os próximos? Estamos criando nossos filhos da melhor forma? Educamos adequadamente? O que podemos fazer para evitar esse desastre?


Como poderemos saber? OUVINDO! ESCUTANDO! TENTANDO SENTIR!


Ou seja, só nos resta essa alternativa para desvendar os supostos mistérios de uma criança: OUVIR! ESCUTAR! SENTIR!


Situações como essa nos provocam (ou deveria provocar) um olhar para além da notícia. Um olhar sobre nós.


Como estamos cuidando das nossas crianças? Qual a importância é dada para as armas e aparelhos eletrônicos em casa? Como ensinamos as crianças a lidar com os conflitos, com a frustração? Somos violentos em nossos atos e falas?  Como estão os nossos vínculos, as conexões, o apoio psicológico e afetivo?


Penso que já sabemos as respostas para as nossas perguntas. Mas para as queixas e perguntas dos filhos, precisamos aprender a OUVIR, ESCUTAR e SENTIR!


*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.


Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Otávio Leal

Otávio Leal

Otávio Leal, do blog "Pai, vem cá", é pai de Maria Flor e Amora, advogado, consultor parental, psicanalista em formação e autor do livro "Papai foi pra roça, Mamãe foi trabalhar. E agora?".

O projeto “Pai, Vem Cá!” se tornou parceiro da Defensoria Pública da Bahia e da Revista Pais & Filhos, tendo participado de iniciativas sociais importantes, a exemplo da campanha Poder do Colo, da Novalgina.

Instagram: @paivemca
 

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