Cr&eacute;dito da foto: ilustrativa/Pexels |&nbsp;Texto publicado originalmente &agrave;s 18h do dia 29 de julho de 2021.

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Ainda menino, de alguma prateleira de livros empoeirados, peguei emprestado para ler o bastante curioso &ldquo;Livro da Auto-sufici&ecirc;ncia&rdquo;, de John Seymour.&nbsp;

Bem ilustrado, ele ensinava manejos de agricultura, desde o preparo da terra, o arado, a fertiliza&ccedil;&atilde;o usando a compostagem, passando pela semeadura, o dia a dia do cultivo, irriga&ccedil;&atilde;o, combate manual das pragas, usando calda de fumo, at&eacute; a colheita e os diversos beneficiamentos de conserva&ccedil;&atilde;o para que pudessem estar abastecidos quando chegasse o frio inverno.&nbsp;

Pickles, queijos, p&atilde;es, desidratados, salgados, defumados, fermentados, cozidos em banha, isso era parte da despensa dos Seymours.&nbsp;

A cria&ccedil;&atilde;o de animais tamb&eacute;m estava l&aacute; bem descrita. Como fazer para construir o galinheiro e criar as galinhas poedeiras e as de corte. O uso do esterco nas planta&ccedil;&otilde;es. Toda estrutura para a vaquinha leiteira e para cavalo, que ajudava na lida.&nbsp;

Curioso o cap&iacute;tulo dos fabricos das ferramentas, das cercas e das armadilhas para pegar os pequenos invasores da horta.&nbsp;

Tudo, enfim, para que uma fam&iacute;lia pudesse viver bem do seu trabalho, durante todo o ano, em uma pequena &aacute;rea de at&eacute; meio hectare.&nbsp;

Optar por esse caminho&nbsp;n&atilde;o significaria voltar ao passado ou aceitar uma vida inferior.&nbsp;

Estar no campo, dessa forma, seria&nbsp;sim um exerc&iacute;cio do livre arb&iacute;trio e da conex&atilde;o com a natureza. O grande pr&ecirc;mio? Comida boa na mesa e uma vida bem vivida.&nbsp;

Viver do trabalho numa pequena fazenda&nbsp;seria uma ruptura com a fast-food e com a fast-life, essa vida atropelada que parece n&atilde;o levar ningu&eacute;m a canto nenhum.&nbsp;

Creio que se fosse hoje, Seymour e sua fam&iacute;lia estariam de l&aacute; captando energia solar e acessando a internet. Teriam perfil nas redes sociais e estariam vendendo suas geleias, doces de leite, queijos, etc.

Se vivessem em terras tupiniquins, estariam hoje ajudando a reverberar a import&acirc;ncia de um Selo Arte mais inclusivo, em prol das produ&ccedil;&otilde;es artesanais e tradicionais, e estariam prestando solidariedade ao Lano Alto, essa fazenda experimental de produtos e saberes da vida rural, em S&atilde;o Paulo, que teve a sua queijaria interditada e seus queijos de leite cr&uacute;, de alt&iacute;ssima qualidade, apreendidos por n&atilde;o estarem no rigor de uma lei escrita, exclusivamente, para atender os interesses de ind&uacute;strias de grande porte.&nbsp;

O &ldquo;Livro da Auto-sufici&ecirc;ncia&rdquo;, &nbsp;publicado pela primeira vez em 1976, foi escrito para uma realidade de clima temperado, como s&atilde;o tantas das obras que nos servem de refer&ecirc;ncia.&nbsp;

Por anos, busquei um modelo tropical. Foi quando, ent&atilde;o, conheci a agrofloresta Terra Mater, em Ibicoara. Lugar m&aacute;gico, cuidado por Dona Telma e Seu Adeodato, onde produziam, dentre as &aacute;rvores, caf&eacute; de pequen&iacute;ssima escala, que de t&atilde;o especial ia parar no Vaticano. Sim, era o caf&eacute; do Papa! Org&acirc;nico, biodin&acirc;mico, agroflorestal. E poss&iacute;vel.

Voltei de l&aacute; tocado pelo que vi e pelo que pude aprender.&nbsp;

Se fecho os olhos, ainda posso me lembrar com imagens t&atilde;o vivas e at&eacute; os aromas do lugar consigo sentir.&nbsp;

As orqu&iacute;deas cheirosas nos troncos. No ch&atilde;o, quase tudo o que &ldquo;devia&rdquo; ser mato era salsa, erva doce, frutas vermelhas&hellip; &hellip;um &Eacute;den.&nbsp;

Seu Adeodato me ensinou a sentir o solo com os p&eacute;s, abra&ccedil;ando a terra com os dedos dos p&eacute;s. Ch&atilde;o fofo de t&atilde;o vegetal.&nbsp;

Me ensinou que o alimento precisa ser mais do que uma ilus&atilde;o, do que um gosto provocativo, vulgar e ef&ecirc;mero, presente em concentrados, refinados, aditivados, desnaturados&hellip;. Que precisa ir al&eacute;m dessa busca dos chefs, do sabor pelo sabor, numa corrida por clientes ou por fama. O verdadeiro sabor est&aacute; mesmo &eacute; na VITALIDADE.

Que formiga n&atilde;o &eacute; praga. O excesso dela &eacute; que &eacute;, mas num ambiente equilibrado, isso n&atilde;o existe.&nbsp;

Que l&aacute; n&atilde;o &eacute; uma propriedade, pois tudo nesse planeta &eacute; emprestado. Estamos s&oacute; de passagem.&nbsp;

Fiquei com essas palavras ressoando na cabe&ccedil;a, no cora&ccedil;&atilde;o, nos meus sonhos. Essa hist&oacute;ria de descer pela mata a prosear com Gaia, ou Pachamama, entrosando com o lugar. Coexistindo respeitosamente.&nbsp;

Desejei viver isso com a minha fam&iacute;lia, mesmo numa casa, na zona urbana da cidade de&nbsp;Salvador, nesse pequeno quintal de comer, que &eacute; tamb&eacute;m cheio de amor, e tem apenas 80 m&sup2;.&nbsp;

H&aacute; alguns anos, trocamos o gramado dele e os canteiros de beleza projetada por uma pequena mata de vida pr&oacute;pria, cheia de &aacute;rvores e plantas, um quintal produtivo agroecol&oacute;gico e biodiverso. Um jardim bot&acirc;nico de comer, com ra&iacute;zes, folhas, flores e frutas e ervas arom&aacute;ticas para os guisados e, tamb&eacute;m, para os banhos de limpeza energ&eacute;tica.&nbsp;

As plantas de prote&ccedil;&atilde;o come&ccedil;aram a fazer parte. Os ch&aacute;s digestivos, calmantes, o Guaco, excelente expectorante, os nossos rem&eacute;dios naturais. E, isso tudo polinizado e alegrado pelas abelhas nativas que vivem em festa aqui com a gente.

Segundo a Embrapa, unidade Amaz&ocirc;nia Oriental, os quintais produtivos tem um grande potencial para as &aacute;reas urbanas e peri-urbanas, al&eacute;m das rurais. Seus pesquisadores descrevem alguns dos benef&iacute;cios provenientes desse manejo:

Reciclagem do lixo org&acirc;nico. Transformando-o em adubo, e de vasilhas pl&aacute;sticas como recipientes para as mudas.&nbsp;

Utiliza&ccedil;&atilde;o racional dos espa&ccedil;os. Aproveitando lugares ociosos, que poderiam acumular lixo e entulho, abrigando animais pe&ccedil;onhentos e insetos prejudiciais &agrave; sa&uacute;de humana.&nbsp;

Conforto ambiental. Contribuindo para uma cobertura vegetal, para o sombreamento, a umidade, a regula&ccedil;&atilde;o da temperatura e qualidade do ar, tornando o ambiente mais agrad&aacute;vel e acolhedor. &nbsp;

Escoamento das &aacute;guas das chuvas. Favorecendo a infiltra&ccedil;&atilde;o no solo e evitando poss&iacute;veis alagamentos, pelo escorrimento das &aacute;guas pelas vias p&uacute;blicas.

Valor est&eacute;tico. E econ&ocirc;mico, valorizando o im&oacute;vel.&nbsp;

Diminui&ccedil;&atilde;o da pobreza. Pela produ&ccedil;&atilde;o de alimentos para consumo pr&oacute;prio ou comunit&aacute;rio e pela economia gerada na venda dos excedentes.&nbsp;

Atividade ocupacional. Proporciona uma ocupa&ccedil;&atilde;o positiva do tempo, educa&ccedil;&atilde;o social e ambiental e o despertar do esp&iacute;rito de coletividade, evitando a marginaliza&ccedil;&atilde;o.&nbsp;

Seguran&ccedil;a alimentar. Permite o consumo de alimentos mais frescos e saud&aacute;veis, de cadeia produtiva curta, respeitando safras, &nbsp;sem utiliza&ccedil;&atilde;o de qu&iacute;micos.

Esque&ccedil;am o Glutamato Monoss&oacute;dico! N&atilde;o precisamos dele para nada. Como bem nos ensinou o Seu Adeodato, &ldquo;o sabor absoluto vem da VITALIDADE contida no alimento.&rdquo;

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*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do&nbsp;Artau On.

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Cr&eacute;dito da foto: Pixabay</pre>

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Sei que j&aacute; h&aacute; muita coisa escrita sobre o a&ccedil;&uacute;car por a&iacute; e sei que isso pode parecer repetitivo para voc&ecirc;, mas, insisto, isso ainda &eacute; necess&aacute;rio. Extremamente necess&aacute;rio. Da&iacute;, trago tamb&eacute;m algumas curiosidades para que a leitura seja mais interessante.&nbsp;

Foi da Nova Guin&eacute; o primeiro registro sobre a origem da cana-de-a&ccedil;&uacute;car. De l&aacute;, a planta foi para a &Iacute;ndia. Passou pelas Cruzadas. Os &aacute;rabes introduziram seu cultivo no Egito, onde fizeram o primeiro a&ccedil;&uacute;car. Pelo Mar Mediterr&acirc;neo, acabou chegando em Chipre, na Sicilia, na Espanha e, enfim, em Portugal. Crist&oacute;v&atilde;o Colombo, genro de um grande produtor de a&ccedil;&uacute;car da Ilha de Madeira, introduziu o plantio da cana na Am&eacute;rica. Mas, foi Martim Afonso de Souza que, em 1532, trouxe para c&aacute; a primeira muda da planta, iniciou o cultivo e construiu o primeiro engenho daqui.

Nas Capitanias de Pernambuco e Bahia, os engenhos se multiplicaram. E as hist&oacute;rias desse tempo remontam &agrave;s bizarrices e trag&eacute;dias do coronelismo e da escravid&atilde;o. Infelizmente, duas realidades presentes, de alguma forma, at&eacute; hoje. &nbsp;

<center><img alt="cana-de-a-car" src="https://i.ibb.co/2vz9rW9/cana-de-a-car.jpg" style="border-width: 0px; border-style: solid; width: 600px; height: 400px;" />
<center>Cr&eacute;dito/Pexels</center>
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<center style="text-align: justify;">O pre&ccedil;o do a&ccedil;&uacute;car j&aacute; foi o do ouro. Presente de reis. E j&aacute; foi, tamb&eacute;m, energ&eacute;tico barato, para aumentar a produtividade na Revolu&ccedil;&atilde;o Industrial Europeia .&nbsp;</center>

Em meados de 1700, descobriram que a beterraba tamb&eacute;m possu&iacute;a sacarose. A produ&ccedil;&atilde;o do a&ccedil;&uacute;car seria poss&iacute;vel, enfim, em terras de clima temperado.&nbsp;

No in&iacute;cio do s&eacute;culo XIX, a Inglaterra bloqueou rotas com o Caribe deixando os franceses sem a&ccedil;&uacute;car. Napole&atilde;o, ent&atilde;o, conheceu &nbsp;esse potencial da beterraba e investiu pesado nisso.&nbsp;

Hoje, cerca de 70% do a&ccedil;&uacute;car no mundo vem da cana, e 30% da beterraba.&nbsp;

O da beterraba tem aroma terroso e sabor residual de a&ccedil;&uacute;car queimado, enquanto o de cana tem sabor mais doce e aroma frutado.

Mas, em termos de sa&uacute;de, n&atilde;o importa. S&atilde;o todos iguais quando o assunto &eacute; falta de nutrientes e sobra de calorias, e isso n&atilde;o quer dizer que, depois desse texto, voc&ecirc; n&atilde;o vai mais poder comer daquela torta que voc&ecirc; gosta tanto. &Eacute; s&oacute; um alerta para a uma op&ccedil;&atilde;o de qualidade e para o consumo consciente. Entre um refinado e um mascavo, escolha o mascavo. E coma frutas. O a&ccedil;&uacute;car sabe muito bem onde nos toca a afetividade e, em abstin&ecirc;ncia, sem comer o doce saud&aacute;vel, terminamos v&iacute;tima do impulso e do pior a&ccedil;&uacute;car.&nbsp;

<center><img alt="image" src="https://i.ibb.co/1XRyPJp/image.png" style="border-width: 0px; border-style: solid; width: 600px; height: 450px;" /> 
Cr&eacute;dito: Pexels</center>

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Massas, biscoitos, bolos, p&atilde;es. Carboidratos. &Eacute; tudo a&ccedil;&uacute;car, no final. Al&eacute;m disso, ele tamb&eacute;m &eacute; adicionado em muitos alimentos processados e nos seus r&oacute;tulos, encontramos alguns dos seus muitos nomes, o que nos confunde deveras: mel, frutose, glucose, maltodextrina, xarope de milho, malte, a&ccedil;&uacute;car invertido, etc. At&eacute; o tabaco ingl&ecirc;s tem a&ccedil;&uacute;car.

Por que essa chatea&ccedil;&atilde;o toda de a&ccedil;&uacute;car isso, a&ccedil;&uacute;car aquilo? Porque o seu consumo excessivo, seja ele qual for, continua sendo das principais causas de obesidade e de doen&ccedil;as cr&ocirc;nicas que correspondem a 74% das mortes no Brasil. Diabetes, doen&ccedil;as card&iacute;acas e alguns tipos de c&acirc;ncer s&atilde;o as mais comuns. S&oacute; por isso mesmo. E olha, que nem falei do mal que faz aos dentes.

A OMS (Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial de Sa&uacute;de), recomenda 25g ou 6 colheres de ch&aacute; como dosagem m&aacute;xima di&aacute;ria e afirma que o brasileiro &eacute; o quarto maior consumidor de a&ccedil;&uacute;car do mundo. O Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de informa que&nbsp;aqui consumimos algo em torno de 80g, umas 18 colheres de ch&aacute;. A maior parte entra nos nossos organismos, n&atilde;o pelo a&ccedil;&uacute;car de mesa, mas pelas bebidas ado&ccedil;adas. Os refrigerantes, ch&aacute;s, sucos, energ&eacute;ticos, isot&ocirc;nicos, bebidas l&aacute;cteas, etc. As pessoas tendem a fazer suas escolhas com base na conveni&ecirc;ncia e na acessibilidade.

Mas, se faz mal, por que consumimos tanto? Porque d&aacute; barato. E VICIA. O problema do v&iacute;cio do a&ccedil;&uacute;car deveria ser uma prioridade da sa&uacute;de p&uacute;blica. Como ele pode se infiltrar assim, com essa desfassatez, nas nossas casas e nas nossas vidas, t&atilde;o livremente e com esse ar t&atilde;o inocente, bem de baixo dos nossos narizes? Posso afirmar que vicia mesmo, por experi&ecirc;ncia pr&oacute;pria, porque j&aacute; andei tentando curar minhas dores existenciais com algumas dessas barras de chocolate, com caramelo e amendoins e com fartas colheradas de leite condensado. Falando nisso, minha boca enche d&rsquo;&aacute;gua, bate uma vontade louca e diante a minha recusa, vem a abstin&ecirc;ncia. T&ocirc; falando s&eacute;rio. O A&Ccedil;&Uacute;CAR AFETA NO C&Eacute;REBRO A MESMA &Aacute;REA DAS RECOMPENSAS QUE A COCA&Iacute;NA, &aacute;rea liberadora dos mais deliciosos horm&ocirc;nios neurotransmissores da felicidade. Endorfinas, dopaminas, etc.

Coca&iacute;na todo mundo j&aacute; sabe que &eacute; ruim. Mas, por que ainda negamos os malef&iacute;cios do a&ccedil;&uacute;car?&nbsp;

A resposta, &eacute;: &ldquo;Porque tem gente nos enganando.&rdquo; Associa&ccedil;&otilde;es de produtores e de ind&uacute;strias a&ccedil;ucareiras freq&uuml;entemente empregam cientistas que selecionam os dados de pesquisas e deixam de publicar estudos que possam impactar seus resultados financeiros. A estrat&eacute;gia &ldquo;A Defesa dos Quatro C&atilde;es&rdquo; ou &ldquo;The Four Dog Defense&rdquo; veio de um advogado, em 1997, para o St. Petersburg Times, como resposta &agrave; ind&uacute;stria do tabaco. Os &ldquo;tabagistas&rdquo; eram enf&aacute;ticos, assim como o s&atilde;o os &ldquo;a&ccedil;ucareiros&rdquo; e diziam: &ldquo;Fumar n&atilde;o causa c&acirc;ncer&rdquo;. &ldquo;N&atilde;o h&aacute; consenso sobre as evid&ecirc;ncias&rdquo;. &ldquo;As pessoas optam por fumar, e quem somos n&oacute;s para impor os direitos constitucionais delas?&rdquo; E todo tipo de lorota para descredibilizar as pesquisas s&eacute;rias e a ci&ecirc;ncia.&nbsp;

A mesma estrat&eacute;gia tamb&eacute;m foi citada em 2017 por Nicole Bijlsma, escritora, professora e colunista, de Melbourne, Austr&aacute;lia, que pode explicar melhor a manobra perversa dessas institui&ccedil;&otilde;es.

<h2 style="text-align: justify;">1. Meu cachorro n&atilde;o morde</h2>

A ind&uacute;stria nega que seu produto seja prejudicial e desacredita ativamente qualquer estudo ou pesquisador que diga o contr&aacute;rio. Ganham tempo -&nbsp;e bilh&otilde;es de d&oacute;lares -&nbsp;transmitindo o &ocirc;nus da prova para os cientistas acusadores.

<h2 style="text-align: justify;">2. Meu cachorro morde, mas n&atilde;o morde voc&ecirc;</h2>

Admitem que seu produto pode ser prejudicial quando a evid&ecirc;ncia se torna grande demais para ser negada, mas n&atilde;o se preocupe, a pessoa m&eacute;dia n&atilde;o &eacute; exposta. Gastam milh&otilde;es de d&oacute;lares em campanhas de rela&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas. Estabelecem empresas sem fins lucrativos ou conselhos consultivos cient&iacute;ficos, que parecem ser independentes e imparciais, para produzirem provas em sua defesa.

<h2 style="text-align: justify;">3. Meu cachorro mordeu, mas n&atilde;o te machucou</h2>

Admitem que as pessoas est&atilde;o expostas, mas n&atilde;o s&atilde;o prejudicadas pelo produto porque a exposi&ccedil;&atilde;o est&aacute; dentro dos padr&otilde;es. Padr&otilde;es que n&atilde;o levam em considera&ccedil;&atilde;o as m&uacute;ltiplas rotas de exposi&ccedil;&atilde;o, efeitos de mistura, efeitos transgeracionais ou fatores de risco humanos individuais.

<h2 style="text-align: justify;">4. Meu cachorro mordeu voc&ecirc; e machucou, mas a culpa &eacute; sua, n&atilde;o minha</h2>

Passam a culpa para o consumidor porque os alertou sobre os perigos de seu pr&oacute;prio produto. Como podem impor responsabilidade ao consumidor, quando ele n&atilde;o tem conhecimento para tomar decis&atilde;o?&nbsp;

Para n&atilde;o ficarmos tempo demais na den&uacute;ncia, compartilho solu&ccedil;&otilde;es interessantes apontadas pela ACT, uma organiza&ccedil;&atilde;o n&atilde;o governamental que atua na promo&ccedil;&atilde;o de pol&iacute;ticas de sa&uacute;de p&uacute;blica, especialmente nas &aacute;reas de controle do tabagismo, alimenta&ccedil;&atilde;o saud&aacute;vel e controle do &aacute;lcool.

Ela prop&otilde;e a EXTIN&Ccedil;&Atilde;O DOS SUBS&Iacute;DIOS FISCAIS para as bebidas ado&ccedil;adas, visto que o estado brasileiro praticamente subsidia a produ&ccedil;&atilde;o dessas bebidas, investindo dinheiro p&uacute;blico por meio de ren&uacute;ncia fiscal de uma s&eacute;rie de tributos.

E sugere o AUMENTO NA TRIBUTA&Ccedil;&Atilde;O desses produtos, com o objetivo de aumentarem os pre&ccedil;os e assim diminuir o consumo. Como reflexo secund&aacute;rio, ainda geraria uma boa receita que poderia ser direcionada para projetos sociais relacionados &agrave; sa&uacute;de e &agrave; conscientiza&ccedil;&atilde;o do p&uacute;blico sobre os riscos do consumo de alimentos ultraprocessados.

Pa&iacute;ses como Estados Unidos e Inglaterra j&aacute; adotaram essa estrat&eacute;gia e j&aacute; reportam benef&iacute;cios. A diminui&ccedil;&atilde;o do consumo de bebidas ado&ccedil;adas e o aumento do consumo de &aacute;gua.&nbsp;

E Bijlsma me ajuda a concluir:

<h2 style="text-align: center;">&ldquo;Uma sociedade que n&atilde;o protege seus filhos n&atilde;o tem futuro&rdquo;.</h2>

*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do&nbsp;Aratu On.

<pre style="text-align: justify;">
Cr&eacute;dito da foto: arquivo/Ag&ecirc;ncia Brasil</pre>

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A quantas anda a sua alimenta&ccedil;&atilde;o nesses tempos de pandemia?

A Ag&ecirc;ncia Brasil informou, ao final de 2020, que mais de 19 milh&otilde;es de pessoas no nosso pa&iacute;s passavam FOME.&nbsp;

N&atilde;o sei, de verdade, o que &eacute; passar fome ou assistir um filho nessa condi&ccedil;&atilde;o. Porque n&atilde;o &eacute; aquela que a gente conhece, que d&aacute; entre uma refei&ccedil;&atilde;o e outra. &Eacute; algo muito profundo, que debilita, humilha, d&oacute;i l&aacute; dentro, entristece, desespera. Creio.&nbsp;

E eu aqui me preocupando se vou, ou n&atilde;o, repetir o menu.&nbsp;

Precisamos ser mais solid&aacute;rios. N&atilde;o tem como pensar que isso &eacute; normal. Achar que fechando o vidro do carro ou se abrigando em condom&iacute;nios o problema vai deixar de existir.&nbsp;

Cheguei a me reunir com empres&aacute;rios de restaurantes e cozinheiros da nossa Soter&oacute;polis e nos mobilizamos para preparar e distribuir quentinhas e cestas b&aacute;sicas.&nbsp;

Mais de um ano se passou. A segunda onda veio bombando com o cheiro acre da irresponsabilidade governamental. Morreram mais de 430 mil pessoas, mais que o dobro de baixas da guerra do Iraque.&nbsp;

Hoje, o cen&aacute;rio instalado &eacute; de desemprego, infla&ccedil;&atilde;o nas alturas, economia em frangalhos, e n&oacute;s que ajudamos no ano passado, fomos definhando tamb&eacute;m, impotentes sem os clientes. Condi&ccedil;&atilde;o ruim de empres&aacute;rio, mas privilegiada de quem n&atilde;o viu faltar comida na pr&oacute;pria mesa.&nbsp;

Chego a sentir vergonha de achar que pode existir qualquer outra coisa para chamar de dif&iacute;cil, quando me deparo com o real problema da fome. Acontece que quando falamos em inseguran&ccedil;a alimentar, essa &eacute; apenas uma de suas faces. Provavelmente, a mais perversa e feia.&nbsp;

Contudo, tamb&eacute;m causa preocupa&ccedil;&atilde;o o fato da maior parte dos lares brasileiros estarem expostos &agrave;s consequ&ecirc;ncias nefastas de uma alimenta&ccedil;&atilde;o equivocada, deficiente e desequilibrada. Do consumo excessivo de s&oacute;dio, a&ccedil;&uacute;car e gordura hidrogenada. Dos riscos das tantas toxinas cancer&iacute;genas contidas em conservantes qu&iacute;micos e aditivos presentes nos super processados que chamamos de CONVENI&Ecirc;NCIA.&nbsp;

Eu, cozinheiro com mais de vinte anos de profiss&atilde;o, <a href="https://aratuon.com.br/colunistason/cacomarinho/gastronomia/comida-lenta-comer-e-um-ato-politico" target="_blank">ativista do Slow Food</a>, confesso que tamb&eacute;m me vejo magnetizado por essas facilidades e que termino cedendo mais do que deveria.&nbsp;

Mas, antes de atirarem a primeira pedra, lembrem que estamos falando de pelo menos tr&ecirc;s refei&ccedil;&otilde;es di&aacute;rias. Todos os dias. D&aacute; muito trabalho. As vezes &eacute; mesmo de enlouquecer. Planejamento, compras, protocolos de &ldquo;alquingel&rdquo; nas coisas, e guarda no arm&aacute;rio, prepara, serve, recolhe, guarda na geladeira, lava, arruma, tira o lixo e daqui h&aacute; pouco j&aacute; come&ccedil;a tudo de novo.&nbsp;

E a ind&uacute;stria da fast-food e suas ag&ecirc;ncias de marketing terminam por nos vencer no cansa&ccedil;o.&nbsp;

Nas pr&oacute;ximas colunas sigo compartilhando ideias para detectar e driblar essas armadilhas.

*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do Aratu On.

O que esperar de uma coluna de gastronomia feita por um cozinheiro da alian&ccedil;a do movimento Slow Food?

Receitas? Truques? Sugest&otilde;es de card&aacute;pios? Guia de restaurantes? Perfil de chefs? Conveni&ecirc;ncias?

Pe&ccedil;o a voc&ecirc;s, leitores, que n&atilde;o reduzam o entendimento do ato de comer a essas quest&otilde;es e me deem uma chance de explicar o qu&atilde;o mais profundo pode ser isso tudo.&nbsp;

Comer &eacute; um ato pol&iacute;tico que impacta na escassez da &aacute;gua; na escassez das matas, na sua gente, flora e fauna. No esvaziamento das rela&ccedil;&otilde;es humanas do entorno da mesa, que se fazem t&atilde;o corridas ou absorvidas por fast-foods e celulares. Impacta nos res&iacute;duos de micro pl&aacute;sticos e no veneno, j&aacute; presentes em quase todos os alimentos disponibilizados nos centros de abastecimento. Na mentira e na omiss&atilde;o das informa&ccedil;&otilde;es nos r&oacute;tulos e no nosso direito de escolha. Na concentra&ccedil;&atilde;o de renda nas m&atilde;os de poucos e na mis&eacute;ria de muitos. No aquecimento global, na seca e na fome. Na perda de patrim&ocirc;nio gen&eacute;tico com a extin&ccedil;&atilde;o das esp&eacute;cies.

Alguns cientistas afirmam que estamos pr&oacute;ximos a um ponto sem volta. N&atilde;o adianta mais falar em sustentabilidade agora. Efetivamente, precisamos regenerar o planeta e sua biodiversidade, pelo direito dos povos &agrave; soberania alimentar e &agrave; vida.&nbsp;

Representando o Instituto Ori e o movimento Slowfood, em parceria com governos de estado do Nordeste e outras institui&ccedil;&otilde;es, viajo por essas estradas conhecendo, registrando, divulgando e defendendo saberes tradicionais, agricultoras, agricultores, marisqueiras, pescadores e artes&atilde;os da nossa agricultura familiar.&nbsp;

E, por isso, vi mudar o meu entendimento sobre cozinhar e comer, e agora posso compartilhar isso com voc&ecirc;s.&nbsp;

Pude entender que, no ato de comer, precisamos saciar a alma tanto quanto o corpo e isso se faz quando a comida, mesmo simples, ganha dimens&otilde;es bem mais profundas que aquelas vendidas empacotadas e oferecidas nas g&ocirc;ndolas dos supermercados. Precisamos das for&ccedil;as da terra e do mar nos alimentos. Precisamos da for&ccedil;a das m&atilde;os e do suor. Precisamos das hist&oacute;rias, da cultura, das tradi&ccedil;&otilde;es, da identidade e do afeto.&nbsp;

&Agrave;s vezes, s&atilde;o apenas os miraculosos frutos colhidos do p&eacute;. Deixados amadurecer ainda no p&eacute;. Com a do&ccedil;ura natural e aquela alegria de crian&ccedil;a. Sem v&iacute;cio de a&ccedil;&uacute;car refinado.&nbsp;

E agora, por nos tornarmos conscientes disso tudo, j&aacute; n&atilde;o podemos involuir, nem permitir uma heran&ccedil;a maldita para os nossos filhos e filhas que n&atilde;o saberiam mais o que significa comer de verdade.&nbsp;

Se n&atilde;o fizermos nada, eles n&atilde;o conhecer&atilde;o mais do que um ou dois tipos de bananas ou de mangas sem fiapos.&nbsp;

Ter&atilde;o, quem sabe, um &uacute;nico tipo de melancia insossa, amarela, quadrada e sem caro&ccedil;os. Mais &uacute;til do que fruta.&nbsp;

E, por n&atilde;o conhecerem esse mundo de tantas cores e formas, sabores, aromas, texturas e sensa&ccedil;&otilde;es, caber&aacute; a eles aceitar, silenciados dos seus direitos mais primordiais.&nbsp;

Sugiro que conhe&ccedil;am iniciativas que inspiram e nos fazem crer que &eacute; poss&iacute;vel vivermos em um mundo melhor.&nbsp;

Seguem sugest&otilde;es de alguns perfis no Instagram:

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<a href="https://www.instagram.com/institutoori/" target="_blank">@institutoori</a> 
<a href="https://www.instagram.com/caco.marinho/" target="_blank">@caco.marinho</a> 
<a href="https://www.instagram.com/quintaldecomer.lab/" target="_blank">@quintaldecomer</a> 
<a href="https://www.instagram.com/eco_terra_mater/" target="_blank">@eco_terra_mater</a> 
<a href="https://www.instagram.com/restauranteorigem/" target="_blank">@restauranteorigem</a> 
<a href="https://www.instagram.com/cooperativa_repescar/" target="_blank">@cooperativa_repescar</a> 
<a href="https://www.instagram.com/sdrbahia/" target="_blank">@sdrbahia</a>

*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do&nbsp;Aratu On.

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