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10/08/2022 15h00 | Atualizado em 10/08/2022 15h07

Líder não é pai, nem mãe, nem psicólogo, nem médico. Líder é líder!

Líder não é pai, nem mãe, nem psicólogo, nem médico. Líder é líder!
Fabíola Matos
Foto: ilustrativa/Pexels

 

Quando gerenciava uma grande operação de atendimento, presenciei uma cena que me preocupou muito: ouvi um líder se referir às suas equipes como "crianças" e afirmar: "Papai voltou". Bom, vamos lá…muita calma nessa hora e vamos falar de papéis. Líder não é pai, nem mãe, nem psicólogo, nem médico. Líder é líder!

É muito comum afirmar que, eventualmente, incorporamos as figuras acima pela proximidade com nossos liderados e pela natureza da relação, que é “cuidar” diariamente de outras pessoas, das suas entregas e dos objetivos da empresa. 

Podemos até encontrar alguma relação com a maternidade ou paternidade, em especial porque a educação, tal qual a liderança, também se faz pelo exemplo, porém quero destacar alguns elementos bem simples, básicos e por isso, essencialmente importantes para nossa reflexão hoje, tentando evitar os perigos de uma troca de papéis e da liderança paternalista.

– Líder não é pai, nem mãe. Podemos apoiar as pessoas e devemos inspirá-las pelo exemplo, mas assumir um papel paternalista coloca em risco as questões corporativas e cria um vínculo que não é saudável com os liderados. A expectativa aumenta e as possíveis decepções podem tornar a relação passional. Estamos no mundo corporativo e esse foco não pode ser perdido. Atenção, respeito, cuidado e investimento no desenvolvimento do liderado são elementos similares às relações paternais/maternais, mas não podem ser confundidos ou substituídos pelos papéis corporativos que nos são confiados;

– Líder não tem que ser bonzinho. Isso é papel das fadas nos contos infantis. Líder precisa ser justo. Atuar de maneira transparente, correta. Ter a ponderação necessária para entender e equilibrar os objetivos da sua equipe e os da empresa. E há um grande risco em ser bonzinho: você perde sua credibilidade frente à sua equipe. Eles podem até entender que no primeiro momento, você foi “legal”, mas depois perceberão que a equipe sofreu com estas posturas e que eles perderam boas oportunidades de aprendizado;

– Líder não brinca de “bruxa” e “fada” com seus pares, nem de “tira bom” e “tira mal”. Não pode assumir que “foi voto vencido”, que tentou, mas ninguém lhe deu atenção ou que sua ideia não foi comprada. Isso fragiliza a relação entre os outros líderes. Quando algo é decidido pelo bem da empresa, ainda que não tenha sido sua defesa, aí é que está a coisa: não é o individual, é o coletivo! Claro que estou me referindo ao que se encontra na esfera do ético. Portanto, ao sair da sala, líder defende o todo porque tem o compromisso com o projeto e não com caprichos pessoais;

– Líder não é psicólogo. Por mais que escute, entenda e oriente, não pode achar que é sua responsabilidade resolver os problemas pessoais de todos os seus liderados, até porque, o psicólogo o faz. Esse distanciamento é necessário e sadio! Como o líder conseguiria atingir todos os desafios que lhe são confiados se absorvesse todos os problemas pessoais dos seus liderados? Isso não quer dizer que ele seja frio ou desumano, mas que seja equilibrado o suficiente para orientar e mostrar de quem é a responsabilidade dos problemas que todos nós enfrentamos diariamente.

Os comportamentos acima presenciados nos líderes, remetem à uma postura paternalista e constituem um grande risco para as empresas. Expõem o líder, o liderado e compromete os resultados. As pessoas protegidas ou privilegiadas, assumem os comportamentos diferenciados em virtude dos benefícios concedidos e com isso, a equipe perde sua coesão e um clima de desconfiança e instabilidade se instala.

Portanto, minha recomendação é que sejamos vigilantes no dia a dia para reconhecer nosso papel e não sucumbir a vaidade da onipotência, de acreditar que podemos ser tudo para nossas equipes. Precisamos apenas ser líderes, no sentido amplo e definido desta palavra.

Uma semana de paz e assertividade a todos nós!

*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.