Pós-parto: por qual motivo as mulheres podem não sentir falta de sexo? Especialista responde

13/12/2019 17h45Atualizado em: 24/01/2020 09h42

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A orientadora sexual do Instituto de Sexologia da Bahia, Magali Tourinho, conversou com o Mural Baiano - quadro temático de sexo do programa Ronda, da TV Aratu, em parceria com o Aratu On - para falar sobre a sexualidade da mulher pós parto.

A especialista falou que neste período, é normal a mulher não sentir vontade de ter relações sexuais com o parceiro. Na entrevista, ela conta ser fundamental o diálogo entre o casal para que a relação possa acontecer naturalmente. "O ideal é que essa mulher diga que está cansada, que não dormiu direito, mas que ela também peça ajuda para ele no que é importante para ela", falou.

CONFIRA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:

Mural Baiano - É normal a mulher não sentir vontade de ter relações com o marido pós parto?

Magali Tourinho - Sim, é normal. Após o parto você tem o hormônio chamado prolactina que diminui o seu desejo sexual, porém a gente pede que espere três meses e é normal até um ano. Mas ninguém quer ficar esse período de 365 dias sem ter desejo pelo parceiro. Então as noites perdidas, a prolactina, tudo isso incide para que o desejo sexual caia, mas se você parar e prestar atenção um pouquinho nesse desejo, respeitando a maternidade, porque toda mulher precisa viver esse momento. Você não pode ficar no fogo cruzado entre a maternidade e a sexualidade, então você vai precisar passar por esse período, porém se você deixar um pouquinho da sua vida para o lado feminino, esse desejo volta mais rápido.

MB - Como a mulher pode conversar com o marido sobre isso?

MT - No período do pós parto e do puerpério é muito importante o diálogo entre o casal. Porque esse homem também vai ter medo, esse homem também vive esse puerpério de uma forma diferente e de uma certa forma alguns homens, eles se sentem preteridos em relação ao bebê. É como se eles também fossem deixados um pouquinho de lado por conta desse bebê, apesar dele tambem estar vivenciando aquela paternidade. Então o ideal é que essa mulher diga que está cansada, que não dormiu direito, mas que ela também peça ajuda para ele no que é importante para ela. O que é que esse parceiro, marido, namorado, enfim, pode fazer para ajudar? Ela precisa dizer com todas as letras o que é que ela está vivendo, porque ele não vai adivinhar o que ela está passando. Naquele momento da maternidade é único, só as mulheres que estão vivendo aquilo que sabe do que se trata.

MB - Como o marido pode ajudar a mulher?

MT - Ele pode começar a ser parceiro na amamentação, o que é de fundamental importância porque existe dois momentos da baixa do desejo sexual da mulher: no pós parto e na menopausa. Então, no pós parto, esse parceiro precisa se informar, saber das alterações que essa mulher sofre, seja fisiológicas ou emocionais, porque muda o corpo, porque ela ta com a barriga maior, está com o seio maior e a maioria das mulheres não se sentem a vontade nesse novo corpo. Elas se sentem pouco atraentes sexualmente falando, esse parceiro tendo consciência do momento é muito mais fácil de ajudar.

MB - Quais dicas você pode dar para mulheres que estão passando por isso?

MT - Então a minha dica é: se informar, ler e conversar com mulheres para saber o que essas mulheres sentiram nesse momento. Eu acho que a informação e a comunicação é de fato o melhor remédio para que esse desejo sexual volte mais rápido, o que vai fazer bem para o casal. O maior apoio que eu costumo dizer é deixar essa mãe dormir, se essa mãe dorme, ela descansa e ela tem tempo para ela. Então é bom a gente estimular o sono, o descanso dessa mãe. A gente costuma dizer que quando o bebê dorme você corre lá e dorme também, mas na prática não funciona assim. Mas o que deveria funcionar de fato é isso: quando o bebê dorme, você dorme. E aí os seus hormônios começam a estabilizar e você começa a ficar mais tranquila e é mais fácil você ter um tempo para você, para o seu parceiro, para sua relação. Antes de 15 dias isso é impossível, então não dá para tentar. E mais uma dica que dou: nunca fiquem pensando na vida da mulher e da mãe nesse momento. São 30 dias para você viver para você, mas não deixe de pensar na sua sexualidade. Viva as duas coisas de forma natural que aí o desejo volta de uma forma mais tranquila, sem você se cobrar tanto.

MB - Quais são as sensações comuns para que as pessoas que estão ao redor possam ajudar?

MT - A gente costuma dizer para essas mulheres que, antes de parir, façam uma rede de apoio. Essa rede pode ser a enfermeira, alguém da família, ou um amigo, para quem tem um outro estilo de vida, mas para a maioria das mulheres que é, em regra, a mãe, a sogra, ou no máximo uma vizinha, ou alguém que ela colocou ali para ajudar naquele momento. Sinais de cansaço, irritabilidade, quando ela dorme sentada por qualquer motivo, quando ela chora facilmente, porque essa mulher vai chorar nesse período pós parto e não é necessariamente uma depressão pós parto. As mulheres choram muito nesse período. Quando eu choro muito, mas ainda consigo cuidar do meu bebê, combinar roupas, isso não é depressão pós parto. Quando eu estou chorando muito e eu não consigo arrumar meu filho, cuidar do meu filho, aí a gente já liga a anteninha.

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