EXCLUSIVO: “Tentei me suicidar. Se fiquei vivo é pra fazer algo além da música”, diz cantor Netinho
EXCLUSIVO: “Tentei me suicidar. Se fiquei vivo é pra fazer algo além da música”, diz cantor Netinho
Faltando pouco menos de um mês para a maior festa de rua do planeta, o Aratu Online bateu um papo exclusivo com o cantor Netinho, ícone da axé music nos anos 1990.
No dia 20 de janeiro, o Aratu Online também deu em primeira mão a notícia sobre o retorno do cantor para o Carnaval de Salvador. Após quatro anos da grave doença que o atingiu e o afastou da música, Netinho volta à folia para uma apresentação no Camarote do Nana — localizado no circuito Barra-Ondina.
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Durante a conversa, o cantor usou e abusou da sua franqueza e mostrou a sua força para superar a doença e enfrentar a vida. Netinho não poupou palavras para responder sobre as novidades da sua carreira; o CD que pretende gravar em 2018; o livro que está escrevendo com denúncias à comunidade médica sobre tudo o que passou com a doença. O cantor também revelou que tentou se suicidar quando teve depressão em 2014; opinou sobre o pagode baiano e o atual mercado musical “da sofrência” e muito mais.
Confira o bate-papo completo:
Aratu Online = AO
Netinho = N
AO: Netinho, primeiramente, como é voltar para o Carnaval da Bahia? Estava ansioso por esse momento?
N: Cantar em Salvador, pra mim, e creio, pra todo artista que desenvolveu seu trabalho aqui, é uma ação fantástica, sempre única, diferente. Nunca se compara às outras. Por mais que a gente toque em Salvador, pra mim cada show é único. A barriga roda toda antes do show, fico ansioso, suo bastante, fico nervoso. É uma delícia, é uma emoção gostosa antes de entrar no palco, né? E não vai ser diferente esse ano. E olha só o que se soma a isso: a comemoração de eu estar vivo, em pé, cantando, olha que maravilha! E onde? No Carnaval de Salvador, no Carnaval da Bahia. Estou muito feliz de estar aqui de volta no Carnaval de Salvador e principalmente porque eu vou ver o Carnaval de Salvador depois de quatro anos que eu não vejo.
“esses dias eu resolvi sintonizar numa rádio muito popular aqui de Salvador, de massa mesmo, de povão e fiquei chocado com o que eu ouvi. Eu não sabia que tava dessa forma. Eu falo do teor das músicas, primeiro das letras das músicas. Eu só ouvi violência, ódio, mágoa, dor de corno, falando de separação, de perda, de revolta, de vingança, de álcool, só ouvi falar isso”
Fui morar no Rio em 2012 porque eu estava insatisfeito com os destinos que a música em Salvador tomava, tava
me sentindo fora daquela ambiência, daqueles temas de músicas que não encaixavam com o que eu acreditava. Fui fazer o Carnaval no Rio, morei no Rio em 2012 o ano todo, fiz o Carnaval de 2013 no Rio de Janeiro, um Carnaval lindíssimo. Puxei um bloco lá na Avenida Vieria Souto, na beira da praia, coisa lindíssima, lotado de gente, as pessoas regendo minha música. Não precisava nem eu cantar a letra. Bastava a introdução começar, a multidão gritava. Eu não via isso há muito tempo aqui em Salvador. Eu via uma ‘mornalidade’ aqui em Salvador, uma coisa morna, que eu não vi no Rio em 2013, aquilo me surpreendeu. Porém logo depois eu adoeci e tô há quatro anos sem ver nenhum Carnaval.
Então pra mim vai ser uma emoção dupla, ou tripla, vou tá cantando de volta no Carnaval de Salvador e ainda vou poder ver pessoalmente o carnaval de Salvador, porque eu não vou me contentar com esse show. Vou querer ver o carnaval todo, vou na Avenida, vou na Barra-Ondina, vou no Pelourinho. Quero ver tudo.
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AO: Imagino que você esteja preparando um repertório especial para o seu retorno. Como vai ser? Focar nas músicas antigas? Apostar em alguma inédita?
N: Há muito tempo eu não ouvia rádio, desde que eu fiquei doente. Então esses dias eu resolvi sintonizar numa rádio muito popular aqui de Salvador, de massa mesmo, de povão e fiquei chocado com o que eu ouvi. Eu não sabia que tava dessa forma. Eu falo do teor das músicas, primeiro das letras das músicas. Eu só ouvi violência, ódio, mágoa, dor de corno, falando de separação, de perda, de revolta, de vingança, de álcool, só ouvi falar isso. E eu via mulher, aliás, não só mulher, como homem também nas músicas como objeto. Objeto sexual. Então eu fiquei muito chocado com aquilo dali, e aquilo me fez ter certeza de que não vou gravar nada novo tão cedo. Porque eu não compactuo nada disso. Nada disso faz parte do que eu penso hoje da vida. Então, eu sei que vou levar um tempo até conseguir passar pra um disco, pra uma música, as coisas que eu enxergo hoje da vida. Porque minha cabeça mudou muito nesses anos no hospital em tudo que eu passei. Então não vai ter música nova minha nesse show. Só vou gravar música nova pro verão do ano que vem.
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Porém nesse show agora do Nana, e vai ser temática dos meus shows até o verão do ano que vem, vai ser baseado nos meus sucessos da minha carreira, desde 98 até 2014, quando eu lancei o último CD. E também no axé, que eu gosto de cantar, dos anos 90. Meu show vai ser uma reverência a essa época musical, época que eu contribui fazendo ela e vivi também muito feliz e sei que levei também alegria pra muita gente. Então meu show vai ser isso! Meu show não vai caber nada de sofrimento. Meu show vai ser alegria, festa, amor, muito amor, e acima de tudo positividade.
AO: De todos os momentos que você viveu no Carnaval da Bahia, acredita que este retorno vai ser o seu momento mais incrível na festa? Mais até quando você emplacou sucessos na boca do povo?
N: Pra mim é imprevisível e eu passei a entender melhor o que é imprevisível na vida da gente depois que eu adoeci em 2013. Depois de uma vida fantástica, 46 anos de vida maravilhosos onde eu tive tudo, conquistei tudo e realizei meus sonhos. Sempre fui determinado atrás dos meus sonhos e consegui fazer tudo. Tinha tudo, era muito feliz e o tapete foi puxado, me tirou tudo. O imprevisível chegou na minha vida. E nesses quatro anos eu aprendi muita coisa. Aprendi a ser paciente, aprendi a aceitar e a superar as coisas e olha que maravilhosa, me sinto muito mais feliz hoje do que me senti a minha vida toda. Olha que coisa! Tô em pé, ainda tenho tontura constante, minha voz ainda limitações que só vão desaparecer com o tempo.
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Mas tô feliz, realizado, orgulhoso de tudo que fiz na música e do que farei ainda. Vou fazer muita coisa, a história ainda não acabou. Definitivamente, a história de alegria que eu escrevi não acabou, vou continuar escrevendo. Estou vivo pra isso. Além disso, pra mostrar as pessoas o valor que a vida tem. O valor de viver bem a vida. Com essa mudança drástica que minha vida sofreu, aprendi muito isso. E a prova de eu estar vivo é mostrar que a vida é bela e que nós podemos tudo, se assim acreditarmos e quisermos.
AO: Falando em música do Carnaval, que música você acha que leva esse ano? E por que?
N: Só agora nesse início de 2017 que eu tô voltando a ambiência de Salvador porque eu estou ensaiando com a banda, reencontrando meus amigos todos. Só agora no Carnaval que eu vou me encontrar com a música atual. Eu tô distante dela, não sei de nada do que tá acontecendo. Venho acompanhando tudo que Ivete tem gravado, tudo que Saulo vem gravando. Gosto de tudo que eles dois fazem, mas não conheço mais nada. Só as coisas que eu ouvi no rádio essa semana e não gostei. Sou um cara curioso, estou querendo ouvir logo tudo pra saber o que está acontecendo. Só depois de alguns meses que eu vou poder responder essa pergunta. Só depois que eu me readequar e me sentir mais à vontade nessa ambiência baiana. Só depois que eu me acostumar.
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AO: A maioria das músicas do Carnaval desse ano estão ligadas ao pagode. Acredita nessa crise do Axé que tanto falam? Acha que é possível o ritmo se recuperar dela?
N: Eu respeito todo tipo de música e gosto de ouvir tudo porque eu também sou produtor também, por isso gosto de saber de tudo que está acontecendo. Ouço de tudo, inclusive o pagode baiano. Posso até não gostar da música, mas ouço pra ver o que estão fazendo. Não sei se o nome é crise do axé porque entendo que tudo na vida tem altos e baixos. A gente tá na onda. A onda sobe, a onda desce, em tudo na vida. Na música não é diferente. Tô quase há 30 anos profissionalmente na música e já vi de tudo acontecer. Os musicais acenderem e apagarem, acenderem de novo. Outros que nunca tiveram luminosidade, que se mantiveram sempre na sombra. Isso é normal. Não chamaria de crise, chamaria desse momento do axé. É nítido que o axé não toca mais em rádio no Brasil há muitos anos.
E eu percebi isso em 2012 quando saí daqui porque eu não gostava do que vinha acontecendo com a música e penso que não estava errado. Olha o que deu. O Carnaval em Salvador também sofre hoje. Os blocos sofrem pra sair. Muitos blocos deixaram de sair porque não tem patrocínio, não tem dinheiro pra sair. Isso se deve a como vem funcionando o Carnaval da Bahia, que não é mais para todas as pessoas. Eu enxergo isso. A onda do axé baixou do axé. Mas eu acredito que vá voltar, eu acredito muito na música da Bahia, acredito muito no axé na Bahia, só enxergo que os artistas daqui, principalmente os novos, não acreditam mais em si, não acreditam mais no que é feito aqui. Eles imaginam que o sucesso, o esplendor, está lá fora das nossas fronteiras. Eu discordo disso. Pra mim está tudo aqui.
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É porque o olhar dos novos artistas pra isso mudou, eles se baseiam no mundo do mercado da música. A minha geração, pelo menos eu, nunca me baseei em mercado de música naquela época. A gente procurou fazer o novo. Fizemos uma música que não tinha referência, claro tinha referência dos baianos, Caetano, Bethânia, mas que não era nada ligado a Carnaval. Nós fizemos tudo novo. Então eu procuro enxergar o que de novo tá sendo feito pelos novos artistas aqui na Bahia? Não enxergo. Uns querem fazer sertanejo, uns querem fazer pop, outros querem fazer forró aqui no Nordeste. Não é isso. Pra mim a gente mora no canto musical mais fértil do Brasil que é Salvador. E os novos não enxergam. Uma pena isso.
Os artistas novos têm que buscar sua identidade própria. Naquele momento, eu nunca tentei imitar ninguém com meu visual, com nada. Daniela. Todo mundo que apareceu naquela época eu não imitei ninguém. A gente buscou nossa identidade e acho que é isso que falta nos jovens artistas de Salvador. Se olharem mais pra si, e não pra fora. Olharem mais para o próprio umbigo.
AO: Você assistiu ao filme Axé? O que achou? Você inclusive faz parte dele. Tem críticas? Elogios?
N: Não vi ainda. Mas estou muito curioso porque o ano passado o Chico Kérstez [diretor do longa que estreou na última semana nos cinemas do país] foi na minha casa lá na praia, me entrevistou. Eu ainda meio debilitado, mas a entrevista foi ótima. Respondi tudo que ele me perguntou, não fui além. E falei uma coisa no filme, que não sei se os outros artistas corroboraram com o que eu falei: “Axé sempre foi cada um por si Deus por todos”. Duvido que outro artista fale isso, mas sei que todos eles sabem que foi assim e talvez não queriam falar. Tem que ser verdadeiro. Vivi toda época. Estou ansioso pra ver o filme. Vou ver se assisto ainda nessa semana e vou levar uns fãs comigo, amigos, minha filha… Eu devo escrever alguma coisa depois, como eu sempre escrevo no meu Facebook Netinho Oficial. Escrevo sempre o que eu gosto e o que não gosto também. Devo escrever minha resenha particular do filme.
Espero que Chico Kérstez tenha sabido equalizar todos os egos exacerbados e tanta gente porque, pra contar tanta história, não sei se cabe em duas horas de filme. Eu acho que é uma coleção de livros porque muita coisa aconteceu nos bastidores do axé que poucas pessoas sabem. Muita coisa interessante, curiosa, que gerou os fatos que aconteceram, mas ninguém sabe o que o geraram. E nós sabemos. É uma história muito longa.
“Eu não sou desinformado, eu sabia dos riscos do anabolizantes, dos riscos para a voz inclusive. Perguntei a ele, ele negou, disse que não ia fazer mal nenhum que era dose pequena… pra mulher”
AO: Falando em filme, sua história de vida, principalmente sua recente recuperação da doença, bem que poderia valer um filme sobre superação. O que pensa a respeito? Pensa em gravar?
N: Desde o final de 2013, quando me deram de volta meu computador, eu comecei a escrever um livro. Porque minha história antes de eu adoecer já era incomum. Eu saí de um ponto do universo e fui pra outro completamente diferente e maior. E as coisas foram chegando e acontecendo pra mim sem eu querer conscientemente. Chegaram de uma forma lindíssima. E depois de 46 anos dessa história belíssima, eu adoeci, puxaram meu tapete, tudo desapareceu da minha frente. A história por eu ter entrado em coma não foi contada exatamente pra mídia porque a minha família optou por não falar. Os médicos também se limitaram aos boletins médicos.
Mas muito aconteceu nos hospitais que ninguém soube. E a mídia, no afã de dar notícias falou muita coisa errada. Nunca tive tumor nenhum, nunca tive câncer algum. Disseram até que eu morri, algum jornalista de São Paulo ou Rio de Janeiro, não sei. Disse que eu tinha morrido e esqueceu, talvez, eu espero, que eu tenho família, filha, amigos, fãs no Brasil todo. Olha que loucura esse cara fez.
Enfim, meu livro não é pra contar minha história de vida, claro que eu dou uma lapeada nela rapidamente no início, mas sobretudo desses quatro anos que eu vivi e tô vivendo ainda. Que eu adoeci no hospital, tudo que me aconteceu e me levou a ficar doente, que envolve também médicos, coloco tudo com provas, exames que fiz, receitas médicas, boletins, fotos, tudo. Pra contar as pessoas. A importância desse livro pra mim não é contar minha história, mas contar para determinados grupos de pessoas que não entendem onde estão entrando e são levados muitas vezes até por um médico, confiando no médico e chega num ponto que acontece o pior.
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Meu livro é um documento que serve de alerta. Por isso tanto tempo pra lançar, porque como é um documento, eu tive que me certificar de tudo que aconteceu e ter provas de cada coisa. Porque eu não posso escrever uma história real sem ter provas. Eu publico tudo no livro. E é um exemplo hoje pros jovens que estão usando anabolizantes de uma forma banal. Porque querem ficar com o corpo igual do amigo, pegar as meninas na academia, ele vai no banheiro da academia e se aplica ou deixa-se aplicar.
Ou recebe a receita de um médico que vai lá na academia e dá a receita. Existe toda uma indústria por trás disso. E também um propósito de muitos médicos no Brasil que estão vivendo disso hoje. Assim que eu lançá-lo, vou pegar todas as provas que tenho e mandar pra todos os órgãos que cuidam da saúde pública do Brasil, principalmente em São Paulo, onde um médico me tratou por mais de um ano com anabolizantes, me receitando essas coisas.
Meu livro é um documento que serve de alerta. Por isso tanto tempo pra lançar, porque como é um documento, eu tive que me certificar de tudo que aconteceu e ter provas de cada coisa. Porque eu não posso escrever uma história real sem ter provas. Eu publico tudo no livro.
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Eu confiei no médico que foi indicação de uma amiga minha também médica em São Paulo, cirurgiã muito conhecida, famosa e bem sucedida. Então tudo me levava a acreditar no médico. E olhe que eu não sou desinformado, eu sabia dos riscos do anabolizantes, dos riscos para a voz inclusive. Perguntei a ele, ele negou, disse que não ia fazer mal nenhum que era dose pequena… pra mulher. Enfim, tudo aconteceu, fiquei vivo e entendo que por ter ficado vivo, em agradecimento a isso eu devo relatar minha história detalhando como tudo aconteceu porque sei que vai ajudar muita gente a se salvar no mundo. Médicos têm me dito que jovens tem chegado nos hospitais mortos por causa de anabolizante. Então se eu fiquei vivo é pra fazer algo além de música. Eu nem vou processar ninguém. Minha intenção com esse livro é positiva, é salvar as pessoas.
AO: Falando na doença, como está sua vida após ela. Após a recuperação você mudou algum comportamento na sua vida?
N: Apesar da tontura constante, que deve desaparecer com o tempo, já convivo bem com ela, já andei de bicicleta, desci de tirolesa, fiz arvorismo, andei de quadriciclo, fiz tudo. Aprendi a conviver melhor. Não tomo mais remédio e mudei muito minha vida, aprendi a sobretudo me amar. Se me perguntam se estou namorando digo que estou apaixonado por mim mesmo. Sou muito feliz por ser quem sou e ter passado por tudo que passei, sobretudo por isso que passei nesses últimos quatro anos. Me enriqueceu muito. Me envolvi muito com física quântica quando eu tava no hospital, comecei a estudar, virei um amador. Aquele que ama. E física quântica me levou à espiritualidade. Pra o Deus que eu acredito que não é esse Deus que tá aí, mas é o meu Deus. Olha que coisa incrível! Eu que nunca fui ligado nessas coisas e hoje sou.
AO: Você teve medo de morrer?
N: Nesses quatro anos que eu vivi de idas a morte, de ida e volta, sustos imensos, horríveis, coisas que vi no hospital, pessoas, vozes…Aconteceu tudo de forma luminosa. Eu sei hoje que tinha uma luz me acompanhando o tempo todo. Tinha alguém ali do meu lado. Tinha uma força. E por mais fraco que eu tivesse, olha que lindo, nunca pensei em morrer. Quis morrer em 2014 quando tentei me suicidar, mas fruto de uma depressão fortíssima que eu vivia. Porque a pessoa quando ta com depressão não é ela na verdade. Mas me sinto hoje grato e feliz por tudo que aconteceu comigo.
AO: Quem era Netinho antes da recuperação e quem é agora?
N: Falar de si é terrível, é muito complicado. Não gosto de falar de mim publicamente não, eu prefiro que minhas atitudes falem pras pessoas. Mas digo a você que o Netinho de hoje é completamente do de antes. Enxergo tudo de fora diferente, como se eu tivesse trocado de lente. Passei a enxergar outras cores. Me sinto muito melhor do que eu já fui na minha vida toda. Olha o que uma coisa dolorosa não faz com uma pessoa? Claro que fiquei triste muitos anos no hospital, mas nunca xinguei Deus, nunca fiquei revoltado, nunca pensei em morte. Enxergo que até as coisas negativas que acontecem com a gente são ensinamentos. Aprendi e sigo aprendendo a cada dia mais, sou um eterno aprendiz.
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*Publicada originalmente às 13h20