Bolsonaro pergunta "nome das pessoas que aprovaram vacina para as crianças" e Anvisa rebate: "baseada na ciência"
Órgão ressalta que a divulgação de nomes dos servidores poderia colocar em risco a vida deles
A diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou nota nesta sexta-feira (17) rebatendo questionamentos do presidente Jair Bolsonaro (PL) acerca da decisão de autorizar a vacinação em crianças com o imunizante da Pfizer-BioNTech. "Eu pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para 5 a 11 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas", disse o presidente.
"Queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento de quem foram essas pessoas e forme seu juízo. [...] A responsabilidade é de cada um. Mas agora mexe com as crianças, então quem é responsável por olhar as crianças é você, pai. Eu tenho uma filha de 11 anos de idade e vou estudar com a minha esposa bastante isso aqui.", acrescentou.
Em nota, a diretoria da Anvisa afirmou que seu ambiente de trabalho é “isento de pressões internas e avesso a pressões externas”. A análise de vacinas, segue o texto, é baseada na ciência e oferece ao Ministério da Saúde opções “seguras, eficazes e de qualidade”.
Em outubro, a possibilidade de incluir o público infantil na campanha de vacinação contra a covid-19 motivou ameaças de morte a cinco diretores da Anvisa. Segundo o portal o Antagonista, eles receberam e-mails com intimidações em caso de aprovação da vacina para crianças.
Agora, a pasta acrescentou que assumiu o pedido como uma nova ameça. “A Anvisa está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explicita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão”, sustenta.
A Associação dos Servidores da Anvisa (Univisa) também se mostrou preocupada com a vida de seus funcionários. "A intenção de se divulgar a identidade dos envolvidos na análise técnica não traz consigo qualquer interesse republicano. Antes, mostra-se como ameaça de retaliação que, não encontrando meios institucionais para fazê-lo, vale-se da incitação ao cidadão, método abertamente fascista e cujos resultados podem ser trágicos e violentos, colocando em risco a vida e a integridade física de servidores da Agência”, classifica a entidade.
O coletivo ressaltou ainda que a avaliação teve a participação de especialistas da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
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