Mãe de menino morto ao cair de prédio responde carta da patroa: "perdoar seria matar Miguel novamente"
Mãe de menino morto ao cair de prédio responde carta da patroa: "perdoar seria matar Miguel novamente"
A mãe do menino Miguel, de cinco anos, que morreu após cair do nono andar, respondeu nesta quarta-feira (10/6) à carta enviada pela patroa. Sari Corte Real estava responsável pelo menino e permitiu que ele subisse, sozinho, para a parte alta do prédio. Ela havia enviado uma carta à imprensa no último sábado (5/6).
"Eu não recebi qualquer pedido de desculpas. A carta de perdão foi dirigida à imprensa, o que me faz pensar que eu não era destinatária, mas sim a opinião pública com a qual ela se preocupa por mera vaidade e por ser esse um ano de eleição", disse Mirtes, mãe da vítima, em documento enviado à TV Jornal, de Recife.
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Na carta enviada por Sarí, a mulher do prefeito de Taubaté pedia perdão a Mirtes. "Após poucos dias é desumano cobrar perdão de uma mãe que perdeu o filho dessa forma tão desprezível. [...] Perdoar pressupõe punição; do contrário, não há perdão, senão condescendência. A aplicação de uma pena será libertadora, abrandará o meu sofrimento, permitirá o meu recomeço e abrirá espaço para o que foi pedido: perdão. Antes disso, perdoar seria matar o Miguel novamente", respondeu a mãe da criança.
"Eu não tenho rancor. Tenho saudade do meu filho. [...] Quem sou eu sem Miguel? Ela tirou de mim o meu neguinho, minha vida, por quem eu trabalhava e acordava todos os dias", desabafou a mãe. "Ela agiu assim com o meu filho, como se ele tivesse menos valor, como se ele pudesse sofrer qualquer tipo de violência por ser 'filho da empregada'", completou.
CONFIRA A CARTA COMPLETA
"SOBRE O PERDÃO PEDIDO POR SARÍ
Eu não recebi qualquer pedido de desculpas. A carta de perdão foi dirigida à imprensa, o que me faz pensar que eu não era destinatária, mas sim a opinião pública com a qual ela se preocupa por mera vaidade e por ser esse um ano de eleição.
Eu não tenho rancor. Tenho saudade do meu filho. O sentido da vida de quem é mãe passa pelo cheiro do cabelo do filho ao acordar, pelo sorriso nas suas brincadeiras, pelo “mamãe” quando precisa do colo e do abrigo de quem o trouxe ao mundo. Uma mãe, sem seu filho, sofre uma crise, não apenas de identidade, como também de existência. Quem sou eu sem Miguel? Ela tirou de mim o meu neguinho, minha vida, por quem eu trabalhava e acordava todos os dias.
Quando eu grito que quero justiça, isso significa que eu preciso que alguém assuma a minha dor, lute minha luta, seja o destilado da cólera que eu não quero e nem posso ser. Eu não tenho forças neste momento, não tenho chão. Não tenho vida!
Após poucos dias é desumano cobrar perdão de uma mãe que perdeu o filho dessa forma tão desprezível. Afinal, sabemos que ela não trataria assim o filho de uma amiga. Ela agiu assim com o meu filho, como se ele tivesse menos valor, como se ele pudesse sofrer qualquer tipo de violência por ser “filho da empregada”.
Perdoar pressupõe punição; do contrário, não há perdão, senão condescendência. A aplicação de uma pena será libertadora, abrandará o meu sofrimento, permitirá o meu recomeço e abrirá espaço para o que foi pedido: perdão. Antes disso, perdoar seria matar o Miguel novamente".
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