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13/06/2019 19h40 | Atualizado em 13/06/2019 19h40

Festa baiana que celebra o fim da escravidão é novo Patrimônio Cultural do Brasil

Festa baiana que celebra o fim da escravidão é novo Patrimônio Cultural do Brasil

Festa baiana que celebra o fim da escravidão é novo Patrimônio Cultural do Brasil Foto: Zeza Maria/divulgação
Da Redação

A celebração afro-brasileira “Bembé do Mercado”, que comemora o fim da escravidão e reforça a resistência dos povos negros, é o mais novo Patrimônio Cultural do Brasil. A festa pela liberdade que acontece na cidade de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, foi avaliada e aprovada pelo Conselho* Consultivo do Patrimônio Cultural, nesta quinta-feira (13/6). 

Os conselheiros se reuniram na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília, para avaliar a candidatura da celebração, cujo início foi em 1889, um ano após a abolição da escravatura no Brasil. O pedido para Registrar a festa, contudo, foi apresentado ao Iphan pela Associação  Beneficente e Cultural Ilê Axé Ojú Onirè no ano de 2014. 

SOBRE

A “Bembé do Mercado” acontece há 130 anos no dia 13 de maio, O momento rememora a luta pela liberdade e a resistência dos povos negros, primeiro como escravizados, depois como cidadãos. De acordo com informações do Iphan, os praticantes dessa expressão cultural – que têm forte base na religiosidade popular de matriz africana – reforçam que a festa é um culto às divindades das Águas representadas por Iemanjá e Oxum, sendo também momento de agradecer a proteção individual e coletiva.

Existem diversas teorias sobre o uso do nome Bembé, quase todas assentadas nos processos da diáspora africana. Entretanto, a pesquisa realizada pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e Iphan com os praticantes mais antigos indica que o nome deriva de Candomblé.

CERIMÔNIA

Caracterizada como uma obrigação religiosa, a Bembé do Mercado é destinada às divindades das Águas para agradecer e propiciar o bem-estar da coletividade. São três momentos cerimoniais: os ritos ligados ao fundamento da festa (as cerimônias para os ancestrais, o Padê de Exu, o Orô de Iemanja e Oxum); o Xirê do Mercado e a entrega dos Presentes destinados a Iemanjá; e a Oxum. Pórém, sua produção e execução envolvem diversos atores sociais, como os comerciantes locais, pescadores, ativistas políticos, brincantes de Maculelê e detentores de bens já registrados como Patrimônio Cultural do Brasil, sambadoras e sambadores de roda do Recôncavo e capoeiristas. 

A festa secular tem, também, outros bens culturais associados, como a do Nego Fugido, um teatro que representa a violência da escravidão; o Lindro Amor, cortejo feminino feito para comemoração dos festejos de São Cosme e São Damião; a Burrinha; e a Puxada de Rede, todos relacionados às referências culturais da diáspora africana. Na programação da festa ainda são incluídas atividades realizadas por grupos de dança afro, grupos parafolclóricos e outros da cultura popular.

*CONSELHO 

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural que avalia os processos de tombamento e registro é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, antropologia, arquitetura e urbanismo, sociologia, história e arqueologia. Ao todo, são 22 conselheiros, que representam o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), a Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), o Ministério da Educação, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), o Ministério do Meio Ambiente, Ministérios das Cidades, e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.

O Conselho Consultivo também também aprovou durante a 93ª reunião o tombamento do espaço e acervo do Museu ao Ar Livre de Orleans, no município de Orleans, em Santa Catarina. 

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Fonte: Da redação, com informações do Iphan