Enfermeira de UTI narra trabalho em hospital que trata a Covid-19; "desligar respiradores faz parte"

Uma entrevista feita com Juanita Nittla, enfermeira-chefe da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Royal Free, em Londres, conta como está sendo o trabalho em um local onde há varios pacientes morrendo por causa da Covid-19. A reportagem é da BBC News, de Londres.

A profissional conta que, às vezes, os respiradores não podem mais ajudar os infectados. "Desligar o respirador é um momento muito traumático e doloroso. Às vezes, sinto que sou um pouco responsável pela morte de alguém. [...] O desligamento dos respiradores faz parte do meu trabalho", conta ela. 

Ao perceber que uma das pacientes, também enfermeira, de 50 anos, não estava respondendo ao tratamento, ela conversou com a filha da vítima. "Eu assegurei a ela que sua mãe não estava sofrendo e parecia muito confortável. Também perguntei sobre os desejos e necessidades religiosas de sua mãe", lembrou.

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O desligamento do aparelho não representa uma morte instantânea da paciente. No caso da sua colega de profissão, Nitta ligou para a filha da vítima que conversou com a mãe até que os aparelhos mostrassem que ela havia morrido. "Para mim, foi apenas um telefonema, mas fez uma enorme diferença para a família. Sentei ao lado dela, segurando suas mãos até que ela faleceu", relata.

De acordo com a reportagem, a UTI do hospital onde ela trabalha foi ampliada de 34 para 60 leitos. Todos eles estão ocupados. "Tenho pesadelos. Não consigo dormir. Me preocupo com o vírus. Converso com meus colegas e todos estão assustados. As pessoas me dizem que eu não deveria estar trabalhando. Mas é uma pandemia; deixo tudo de lado e faço o meu trabalho", afirma.