Vítima de bala perdida em Cajazeiras, criança não sabe que ficou paraplégica e mãe desabafa; "estou sem nenhum centavo"
Vítima de bala perdida em Cajazeiras, criança não sabe que ficou paraplégica e mãe desabafa; "estou sem nenhum centavo"
A menina de 12 anos vítima de uma bala perdida no último dia 13 no bairro de Cajazeiras, em Salvador, ficou paraplégica após um dos disparos atingir sua coluna vertebral. A informação foi revelada ao Aratu On na manhã desta terça-feira (22/9) pela mãe da garota, Iraildes Santos. A jovem terá apenas as iniciais do seu nome reveladas nesta reportagem: V.A.S dos S.
"Os médicos revelataram que o tiro acertou a barriga, do lado, e saiu pelas costas. Por causa disso, afetou um nervo da coluna. Eles disseram que não tem jeito, não tem o que fazer", contou. Iraildes, catadora de reciclagem, é mãe de outros seis filhos e desabafou sobre a angústia e tristeza que ela vive desde que a criança foi baleada. A mãe ainda não revelou para a vítima que ela não vai mais poder andar.
"Eu não tive coragem de contar para ela. Eu não estou conseguindo nem olhar para a cara dela. Ela ama jogar futebol e tinha planos de voltar a praticar judô. Não aguentei [vê-la] naquela cama quando ela me olhou e disse 'daqui a um mês eu devo estar andando, mãe'", lembrou.
A família não tem nenhuma suspeita de quem tenha sido autor dos disparos. A criança estava acompanhando de uma tia e um primo quando o grupo foi surpreendido, na Rótula da Feirinha, por homens armados em uma motocicleta que tinha como alvo um outro rapaz, que a família diz não conhecer. A menina não conseguiu correr e abraçou o primo. Nesse momento, ela foi alvejada duas vezes: uma na lateral do corpo e outra na região do estômago.
"A outra bala ficou cravada em uma moeda de cinquenta centavos que estava no bolso da frente da jardineira que ela usava. Como a roupa está um pouco grande, o bolso fica na altura do estômago. Os médicos disseram que poderia ter sido fatal", relembra a catadora.
Emocionada, Iraildes lembra da sensação de desespero que vivenciou ao tomar conhecimento do atentado por estar longe da filha. "No dia anterior à tragédia, a gente estava brincando. Eu pedi para que ela fosse para a casa da irmã pois eu iria para a casa do meu namorado pela primeira vez. Nisso, ela convenceu a irmã a deixá-la com a tia e estava tudo bem pois ela era acostumada a ajudar essa tia. Começou a me dar um nervoso, uma inquietação. Quando eu liguei para a filha de 19 anos ela me contou tudo. Eu fiquei fora de mim, sem saber nem para onde ir. Eu passei mal", narrou.
Um pedaço do intestino de V.S foi retirado durante uma cirurgia. Ela voltou a se alimentar apenas no domingo (20/9), uma semana depois da internação. A menina havia sido socorrida para o Hospital Eládio Lassérre, em Cajazeiras, mas foi transferida para o Hospital do Subúrbio, em Periperi. A expectativa dos médicos, passada para a família, é que ela tenha alta ainda essa semana.
A mãe precisa de ajuda para comprar os equipamentos que auxiliarão no tratamento da garota, como fraldas, cadeiras de rodas e produtos de limpeza. Iraildes vive outro drama: está enfrentando problemas financeiros, já que ela, única provedora do sustento do pequeno barraco situado no bairro de Cajazeiras 5, está sem trabalhar desde o dia do ocorrido. Além disso, o auxílio emergencial pago pelo Governo Federal foi sacado por outra pessoa.
"Estou sem nenhum centavo para nada. Estive na agência para pegar o benefício e o gerente disse que já havia sido sacado. Aconteceu com outras pessoas também. Estou muito triste, impedida de trabalhar, dependendo dos amigos. Eles estão me dando forças. Agradeço a Deus por isso, mas ainda assim me sinto diminuída. Sempre gostei de fazer pelos outros e nunca sequer imaginei que irá precisar da ajuda das pessoas", desabafou.
"O gás acabou, não tenho geladeira, minha neta tem intolerância a lactose. Não sei nem como vai ser quando ela [vítima] voltar para casa. E eu não nego que estou precisando de uma ajuda. "Interessados podem fazer doações por meio da conta do Bradesco (AG 80843); (CC 1005333-1), em nome de IRAILDES ARAUJO SANTOS.O crime está sendo investigado pela 13ª Delegacia Territorial.
*Sob supervisão do editor, Jean Mendes
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