TEMER FORA: Wagner sugere que vice renuncie caso impeachment seja derrotado na Câmara
TEMER FORA: Wagner sugere que vice renuncie caso impeachment seja derrotado na Câmara
O ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Jaques Wagner, disse que, após o vazamento do áudio em que o vice-presidente Michel Temer fala como se o processo deimpeachment já tivesse sido aprovado pela Câmara dos Deputados, só restaria a ele renunciar, caso os deputados não deem prosseguimento à denúncia.
De acordo com Wagner, Michel Temer se precipitou ao fazer a gravação, e teria intenção de vazar propositalmente a mensagem de voz. “[Temer] macula sua própria história, rasga a fantasia e assume papel que antes poderia estar escondido, de patrocinador do golpe. Não me consta que ele tenha bola de cristal. [Na] votação de domingo,
ele pode ficar desmentido e um pouco sem saída. Uma vez desmentido, só restaria renúncia”, afirmou Wagner.
O ministro conversou com jornalistas após a comissão especial do impeachment na Câmara aprovar, por 38 votos a 27, o relatório favorável ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Segundo Wagner, ?depois de assumir a conspiração, uma vez derrotada [a conspiração], vai ficar um clima insustentável?.
No áudio, classificado por Temer como mensagem de ?palavra preliminar à Nação brasileira?, o vice-presidente diz que precisa estar preparado para, caso os senadores decidam a favor do impeachment, enfrentar os ?graves problemas que afligem? o Brasil, mas lembra que a decisão do Senado deve ser aguardada e respeitada. No comunicado, ele pede a pacificação do país, diz que é preciso um governo de ?salvação nacional?, com colaboração de todos os partidos para sair da crise, e defende apoio à iniciativa privada como forma de gerar investimentos e confiança no Brasil.
Jaques Wagner disse que a presidenta Dilma Rousseff ficou ?perplexa? com o áudio, assim como os demais representantes do governo, já que, nas palavras dele [Wagner], Temer é um ?companheiro de chapa que nunca disse sequer que rompeu com o governo?. Para o ministro, o vice-presidente deveria no ?mínimo, ter a grandeza ou a inteligência? de Itamar Franco, que assumiu a Presidência como ?consequência? do impeachment de Collor, em 1992.
“Assim como a carta, na minha opinião não foi vazamento. Na minha opinião, alguém, algum assessor dele, que eu não sei quem é, imaginou que isso poderia criar um espírito do ‘Já ganhou’, e portanto, ser passado assim. Tanto que ele diz que enviou equivocadamente. Não fica muito bem para o vice-presidente da República que pretende ser presidente indireto dizer que se equivocou”, disse Wagner. O ministro afirmou ainda que, com o fato, Temer ?conseguiu o que pode ser o tiro de misericórdia no processo do impeachment?.
Segundo o ministro, os 27 parlamentares que votaram contra o parecer do relator, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), são “heróis da democracia. Os contra o governo, ou se preferirem, os que pregam esse golpe dissimulado, podem comemorar o número, mas eles têm consciência que esse número não dá a eles o resultado que gostariam”, disse Wagner, acrescentando que outros dois deputados declaradamente contrários ao impeachment, não puderam votar por motivos de saúde e orientação da bancada.