Ex-presidente Lula nega trapaça na eleição da Rio 2016
Ex-presidente Lula nega trapaça na eleição da Rio 2016
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva depôs nesta terça-feira (5/6) como testemunha de defesa do ex-governador Sérgio Cabral e disse que não houve trapaça na votação que elegeu o Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, Lula também respondeu, por videoconferência, a perguntas do Ministério Público Federal e do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.
“Quem fala que foi trapaça não entende nada de nada e não viveu o que nós vivemos”, disse Lula, que afirmou que a candidatura do Rio de Janeiro só poderia ser bem sucedida se houvesse o empenho do governo federal e do Itamaraty.
Lula afirmou que defendeu a candidatura da cidade em todos os eventos oficiais em que participou em outros países e orientou o Ministério de Relações Exteriores a fazer o mesmo. Durante o depoimento, Lula lembrou de compromissos oficiais em que defendeu a candidatura do Rio de Janeiro, como a viagem aos Jogos de Pequim, a campanha antes da votação, em Copenhague, e uma reunião com a União Africana.
“Sem o envolvimento do Brasil como um todo, o Rio de Janeiro não ganharia. O Brasil vivia um momento sensacional e tinha virado um protagonista internacional.”
O ex-presidente também respondeu a perguntas da defesa de Carlos Arthur Nuzman, que é réu acusado de participar do mesmo esquema. Lula afirmou que Nuzman era uma figura respeitada internacionalmente. “Não vi nenhuma atitude dele que pudesse desabonar o Brasil ou as Olimpíadas.”
Ao responder às perguntas, o ex-presidente criticou a imprensa, afirmando que nem sempre se pode acreditar no que é publicado. Ele afirmou ainda que o Brasil vive um momento de denuncismo. “Eu só lamento que venha uma denúncia de compra de delegado anos depois. Não sei quem fez a denúncia e não quero saber. Como estamos vivendo um momento de denuncismo”, disse Lula que foi interrompido pelo juiz Bretas.
Cabral
O ex-governador acompanhou o testemunho ao lado de seus advogados e pediu a Bretas para cumprimentar Lula no início da audiência. “Meu abraço ao senhor e meus sentimentos pelo falecimento da Dona Marisa. Eu estava preso já. Um abraço meu, da Adriana e dos meus filhos”, disse Cabral.
Bretas também anunciou no início da audiência que um espaço no tribunal foi reservado para que Cabral se encontre com sua mulher, Adriana Ancelmo, seus filhos e netos. Segundo Bretas, o encontro foi um pedido da defesa de Cabral e foi concedido “por questões humanitárias”.
Operação Unfair Play
Os processos contra Cabral e Nuzman fazem parte da Operação Unfair Play, que apura um suposto esquema de corrupção para a compra de apoio na votação que definiu o Rio como sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Está previsto para as 16h o depoimento de Pelé, que foi arrolado pela defesa de Nuzman.
Além de Cabral e Nuzman, também são réus na ação o empresário Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como Rei Arthur; o ex-diretor de Operações do Comitê Rio 2016, Leonardo Gryner; e os senegaleses Papa Diack e Lamine Diack, que teriam recebido propina para garantir votos africanos à candidatura do Brasil.
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*Publicada originalmente às 12h26 (5/6)