ELEIÇÕES 2016: Aperto de mão entre Neto e Rui não é sinal de paz. Mas prenúncio de ‘guerra eleitoral’
ELEIÇÕES 2016: Aperto de mão entre Neto e Rui não é sinal de paz. Mas prenúncio de ‘guerra eleitoral’
Uma das cenas mais vistosas na Lavagem do Bonfim, na última quinta-feira (14/1), simbolicamente aconteceu antes mesmo do início da festa.
Ainda na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, largada do trajeto à Colina Sagrada, o prefeito ACM Neto (DEM) e o governador Rui Costa (PT) deram as mãos em um sinal de civilidade e respeito ao ato ecumênico religioso.
O gesto poderia até sugerir um arrefecimento dos ânimos após, nas últimas semanas, as duas principais lideranças políticas do estado andarem se engalfinhando em declarações públicas de desagravo. Mas longe disso!
Assim como esgrimistas se cumprimentam antes de pôr em riste suas espadas ou mesmo judocas se curvam em presença de seus adversários para, em seguida, tentar imobilizá-los, Neto e Rui deram uma ligeira trégua para semear um campo neutro que delimite o início do combate.
Daqui até agosto, quando a campanha eleitoral será oficialmente autorizada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), as ações serão calculadas e pouco ruidosas. Mas existirão.
O que está em jogo não é somente a campanha para gerir Salvador nos próximos quatro anos (até 2020). É a possibilidade real de uma nova liderança política se consolidar ou desidratar em um curto espaço de tempo. ACM Neto sabe que, uma vez reeleito, não somente renovará seu visto como ocupante do Palácio Thomé de Souza, como também ganhará fôlego para uma eventual disputa ao governo do estado, em 2018.
Neste cenário ideal para ele, uma vez vencedor no pleito de outubro, cria chances reais dos Carlistas retornarem o trono perdido em 2006 — quando Jaques Wagner (PT), de forma surpreendente, derrotou Paulo Souto (então PFL) e inaugurou a era dos petistas no comando da Bahia. Desde lá já são dez anos.
Rui encara de outra forma. Derrotar Neto em seu próprio terreno, enquanto goza de boa popularidade, é estancar uma ameaça futura, ao passo que fortalece a base petista nacionalmente. Há rumores de um projeto em curso onde Jaques Wagner seria o nome predileto para 2018 como candidato presidencial. Ainda são rumores.
Mas que podem ganhar materialidade se os petistas conseguirem encarrilhar a prefeitura de Salvador juntamente com o governo do estado da Bahia. Outro bom motivo para os petistas seria a conquista inédita. O partido nunca conseguiu comandar Salvador e sempre teve desempenhos eleitorais abaixo das expectativas, só conseguindo chegar ao segundo turno nas duas últimas eleições — com Walter Pinheiro, em 2008, e Nelson Pellegrino, em 2012.
Seja como for, as trombetas que anunciam o confronto foram sopradas. O barulho, porém, não se ouviu.
Ele foi abafado por um simples aperto de mão.