CRISE NA BOEMIA: ?Nem na época da inflação vi algo parecido?, diz presidente da Abrasel
CRISE NA BOEMIA: ?Nem na época da inflação vi algo parecido?, diz presidente da Abrasel
A frase que compõe o título desta matéria é mais do que um sinal de preocupação. O diagnóstico é de Luiz Henrique do Amaral, 47 anos, presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes na Bahia (Abrasel-BA). De acordo com uma pesquisa feita pela entidade, que tem alcance nacional, cerca de dois mil bares devem fechar as portas até o final de 2017. ?Tenho 25 anos de mercado e nunca vi algo semelhante ao que estamos vivendo agora?.
Segundo Amaral, a crise na economia brasileira faz com que os empresários, muitas vezes, se vejam diante de uma difícil encruzilhada. ?As pessoas estão operando no vermelho. Elas não conseguem mudar essa situação e não conseguem fechar as portas, pois isso gera custos e encargos trabalhistas que muitas vezes são impossíveis de assumir?, explica.
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O Aratu Online bateu um papo com ele para tentar entender o tamanho do problema e se há solução no curto prazo. Confira:
Aratu Online: Como a Abrasel-BA chegou a esse dado de que mais de dois mil bares podem fechar até o final de 2017?
Luiz Henrique do Amaral: Trimestralmente nós temos uma pesquisa, que é feita nacionalmente, mas que tem recortes regionais. Este levantamento começou no ano passado e é referente ao primeiro trimestre de 2017. Esta última já sinaliza alguns dados positivos, mas, no Nordeste, ainda não vivemos isso. A nossa perspectiva ainda é de fechamentos, infelizmente.
AO: E a mudança depende exclusivamente de alterações nos rumos da economia, ou a Abrasel tem tomado iniciativas para minimizar os impactos da crise?
LHA: A mudança depende da macroeconomia. Temos a esperança de que isso comece a acontecer em breve, mas não estamos parados. Criamos a Abrafood (aplicativo de entrega para bares e restaurantes), já que percebemos que muitos bares conseguiram sobreviver por conta desse tipo de serviço. Além disso, estamos sempre participando de reuniões, tentando fechar acordos coletivos e acompanhar de perto o que está acontecendo.
AO: O Abrafood é uma espécie de Ifood lançado pela Abrasel, não?
LHA: Exatamente. A diferença é que o Ifood trabalha com taxas muito elevadas e nós, não. Por exemplo: a cada R$ 50 mil reais que um associado fatura pelo nosso aplicativo, ele consegue uma redução de custo de R$ 6 mil, com relação ao Ifood, que agora chamamos de concorrente.
AO: E o aplicativo já está funcionando plenamente?
LHA: Sim. Foi lançado no último dia 29 e já temos 30 restaurantes operando na nossa base. A expectativa, a partir de agora, é só de crescimento desse número.
AO: E diante deste cenário, o que ainda motiva um empresário a abrir um negócio em Salvador, por exemplo?
LHA: Você tem alguns fatores que são do plano de negócios. Você não precisa, em tese, de muita especialização para colocar um empreendimento na rua. Infelizmente, na crise, isso acaba por gerar um inchaço no mercado, o que provoca uma distorção de preços, seguida do desaparecimento da maior parte desses empreendedores. É cíclico. Quem quer entrar, precisa saber o que oferecer. Existe um erro muito comum que é o famoso ?vou trabalhar no que gosto?. As pessoas precisam identificar o que o mercado precisa, não apenas aquilo que agrada a elas.
AO: Existe alguma tendência de negócio no setor de bares e comidas? Algo que esteja dando certo?
LHA: Além do setor de delivery, há um visível crescimento dos negócios ligados a comida de rua, estilo food truck. Há também uma tendência para o investimento em espaços menores, mais intimistas.
AO: Se tivesse que arriscar uma data ou um período para o início da virada na economia, quando seria?
LHA: Imagino que em 2018. Estamos apostando muito no início do verão, quando o faturamento normalmente cresce, mas, de fato, as mudanças mais profundas só devem ser sentidas a partir do ano que vem.
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*Publicada originalmente às 8h